segunda-feira, 21 de maio de 2007

Memórias & Canções...



O lago estava adormecido…
Não refletia nem mesmo a sombra de alguma estrela desavisada
Descansavam todos os pássaros
Nas asas dos sonhos perdidos

Dum passado longínquo
Chegam lapsos e sussurros
Vindos na voz do vento
Um canto nostálgico

Na memória uma velha canção
Que supunha parte de um réquiem
A envolver os dias como se ontem fosse nunca mais
E jamais voltaria a ser

Mas a vida grata e plena
Traz inusitada presença
Doce voz um soar menino como notas de um violino
A encantar amistosa e mansamente
Um coração que passava horas, horas a escutar
Melodias que fizeram um dia
O sentido pleno do divagar...

O que eu escutava quando rabisquei esses sentimentos em forma de palavras?
Ando num mergulho pretérito... Trago em mim um tempo redivivo que contabiliza uma adolescência em que eu corria atrás dos bumbas-meu-boi, nos bairros e ruas de São Luís... E cantarolava não apenas as toadas do Boi de Axixá, Boi de Pindaré, e recentemente, Boi Barrica, Boizinho de Corda... Também trazia na ponta da língua o que cantava um dos grandes "cantautores" e percussionistas do Maranhão, Papete.
Ah, Papete... Se você soubesse o que a sua percussão, a sua música, a sua voz causavam [causam] em mim naqueles doces tempos em que tudo eram poesia e sonhos...

“... Quá! Eulália, esse boi me leva
[...]
E eu não fico pra dormir
[...]
Vou ter
Com a madrugada
Me espalhar em qualquer dia, Eulália...
Hoje mesmo eu não fico...
Pra dormir nesse país
Que não amanhece
[...]”

Eulália
- Sérgio Habibe –
Eternizada na voz de Papete...


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