Persistência da Memória - Salvador Dali
ora sou a mais paciente das criaturas humanas, ora sequer abro os olhos, porque não quero nem ver a luz do dia. essa contradição em permanência que sou se chama em parte saudade. ando com saudades desmedidas, especialmente de mim, estou impaciente com o tempo que não passa, e voa ao mesmo tempo.
além da ambiguidade que é senhora dos meus dias. e como se não fosse suficiente ainda estou vivendo um tempo que não é mais meu. esse tempo desconhecido, disforme, mole, escorregadio, fugindo pelos dedos, subtraindo as horas, uma subjetividade do tempo carregado de incompreensões. hermético. orgânico. caótico. imperativo. inegociável. cheio de abstrações e enigmas.e que me dá uma sentença clara, direta: já passa do momento do desfecho, chega de deslocamentos! não permita que o tempo arruíne os projetos, os sentimentos; que desaqueça a alma, desmonte-o, surpreenda-o. encha o vazio de sentidos, aspire a nova brisa e renove todos os sonhos... as coisas boas se vão suavemente, mas sempre retornam repletas de possibilidades.
ainda bem que logo, logo vai entrar setembro, outro tempo, outros projetos, outras nascentes, outras gentes, e muitas boas novas entrarão juntas nos campos, plantaremos e colheremos, outras, e mais sementes para novas messes.
ainda bem que logo, logo vai entrar setembro, outro tempo, outros projetos, outras nascentes, outras gentes, e muitas boas novas entrarão juntas nos campos, plantaremos e colheremos, outras, e mais sementes para novas messes.
certas canções e situações são inesquecíveis, sol de primavera - beto guedes, faz parte desses momentos.