segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Eu confesso:

(imagem recolhida da net)


entre insana e serena
entre risos e lágrimas
entre ruídos e demasiado silêncio
estratagemas estratégias
ariadne de teseu distante
tensão tentação intenção
novelo de lã
nós (a) sem desatar
(em soturnos labirintos a caminhar)
do amor enraizado extremado externado
ora exilado
punhal no centro fincado

entre o destino desenhado
e o desatino inesperado
ouro rosa sangue marfim
coração dilacerado
uma sangria sem fim
eu confesso:
aos poucos em fios
solitários gritos
ora sussuros
ora bramidos
liberta (o) a dor
da distancia que se (me) faz entorpecida

entre a matéria trêmula
a letargia das horas
entre o tempo e a história
lembranças gratas
(grassam na memória)
da pele da alma
tu meu cristal da aurora
entre sobre dentro
que num passado obstante
fora apenas palavras
que se fez e se faz carne
eu confesso:
és meu verbo mais constante
não sai de mim um só instante
tome minha boca em versos
tome meu corpo em prosa
tome meu desejo rosa

... e me leve ao teu (ao nosso) infinito!


Ah! Nada como ouvir a boa música brasileira. Volume máximo e me deixo envolver pelo ritmo, pela poesia e pela música do Cordel do Fogo Encantado.

Cordel Do Fogo Encantado - Transfiguração


sábado, 1 de dezembro de 2007

Ao sul de mim

(imagem recolhida da net)


Estás ao sul de mim
Abaixo das minhas linhas
Sem tocar meus vértices

Estás ao sul de mim
Meu singular desejo
Desemboca em ti, plural

Estás ao sul de mim
Com manhãs impossíveis
E entardeceres insípidos

Estás ao sul de mim
Por assim saber
Carrego n ' alma a cor resignada da tristeza

Estás ao sul de mim
No ad infinitum azul
Enquanto traço (traçamos) metas

Equações que nos inquietam
Acelerado compasso
Por todos os caminhos que faço

Em fino risco fio
Desenha-se a saudade.

... Estás ao sul de mim.


Nana e Erasmo...



sábado, 24 de novembro de 2007

Tárraco.

(foto recolhida da net)



Tarragona me parece uma cidade triste, velha - e é, é a mais antiga cidade de Hispânia - cansada, com sua monocromática cor, desbotada. Até as árvores são ocre. A cor que predomina é a terracota; dizem que é por causa do frio, impede de entrar nas casas e nos congelar. Não funciona muito bem pra mim, porque mesmo bem agasalhada, sinto um frio imenso, daqueles de congelar a alma. Vai ver é isso, ando com a alma gelada, até adpatar com tudo, já vai estar na hora de voltar.
Tenho adquirido novos (ou retomado velhos) hábitos, caminhar a esmo pelas cidades. Foi assim em Granada, e é assim em Tárraco. Deparo-me com coisas curiosas e grandiosidades jamais pensadas.
Ontem à noite fui à Tárraco Romana, saí caminhando por uma dessas calles bem largas que tem na cidade, subi, desci rua, um estirão só, e quando absorta, levantei o olhar, deparei-me com uma imensa muralha de pedra, em pleno centro da cidade. Pasmei, era uma construção romana do século II, atravessei pela greta, e do outro lado, vislumbrei uma urbe, passado e presente convivendo harmoniosamente, por onde meus olhos passeavam, eu via o passado (da cidade e o meu), e uma sensação de conforto me aqueceu. Era como se eu tivesse encontrado naquelas pedras seculares e fortes, a minha própria fortaleza. Como se um quê de indestrutível me circundasse (e circula, meus sonhos são indestruíveis), e nada naquele momento me faria sofrer. Aqui, tem muito de arqueológico, até a matiz das folhas das árvores, são num tom areia, a impressão que se tem é que não há um motivo para colorir, a natureza colabora para o monocromatismo local.
(E há a sinfonia dos pombos, até seu arrulhar é melancólico, uma canção duma nota só. Tristes pombos. Que sem descanso algum cantam o dia inteiro para mim, na copa das árvores desbotadas que beiram a quadra de esporte, da escola ao lado da residência).
Na volta, andei pela Rambla Nueva observando as luzes e as imagens que se formavam; as construções antigas placidamente convivendo com o moderno; parei numa loja de conveniências e comprei um saca-rolha e chocolates. É, dei pra comer chocolate agora, ando adoçando a minha vida da maneira que posso, porque o doce que me alimenta não se encontra na Europa.
Mas estou preparada para tudo (mesmo?), não excluo quase nada, nem o mais enigmático, o não compreensível, estou me dando todas as possibilidades que eu possa me dar (excetuando trair meus sentimentos e as pessoas que eu amo), em dimensões maiores e menores, quero conhecer todas as paisagens da janela, quero movimentar-me nos espaços infinitos que criei, quero manter-me corajosa diante de tudo que parecer estranho, suportar todas as minhas tristezas, e não deixar fugir as coisas quietas. Porque essas são a minha bússola, o meu rumo. É essa quietude que me ordena, que me conforta, e que me mantêm ereta. Elas são a certeza que alimenta meu sorriso e dá brilho a cor amarelo-cajá da minha iris. Por enquanto, apenas conto e vivo todas as manhãs que se iniciam e o entardecer que anuncia o momento de encontrá-las e ratificar nosso inquebrabantável elo. Mas ainda tenho que viver as noites frias e os ventos (como lâminas cortantes) que sopram pelas árvores e a saudade crucial que me faz vagar entre as estrelas, na imensidão...


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sou só saudades.

(foto recolhida da net)


Olhei pela janela do avião, mas não podia tocar nas nuvens, as mais variadas formas. Senti-me tão pequenina e tão grande ao mesmo tempo, vagando e divagando ali, olhando aquela imensidão azul, salpicada de pontos brancos, com a sensação de primievo... Um céu grandioso e único...
De repente, das nuvens se fez um rio, olhava lá embaixo e vi o Tejo. A sensação de sobrevoar o Tejo foi bem solitária. É isso, vivi uma solidão olhando o Tejo, os barquinhos e seus pescadores. Chovia em Lisboa, e nem me dei conta, a não ser quando um pingo de chuva que caiu do teto do ônibus molhou minha vizinha de cadeira, e essa fez um comentário. E foi quando saí do transe e compreendi que não estava mais no Recife (Em Lisboa, desembarca-se do avião, toma-se um ônibus, circula-se pelo aeroporto, e chega-se no aeroporto???? ).
- Estás sozinha?
- Sim.
- É a sua primeira vez?
- Sim.
- Qual o país de destino?
- Espanha.
- Vais a trabalho?
- Não. Vou estudar.
- Ah! Sim?
- Doutorado.
- Bem, boa viagem!
- Obrigada.
Carimbada no formulário de imigração. Subi à sala de embarque.
Lisboa, de longe me parece uma cidade bonita, mas não desejei sair do aeroporto e passear por ela. Fiquei 7h10min., no saguão esperando a hora de embarcar para o próximo destino; enquanto isso passeava, olhava as vitrinas. Decidi comer algo, pedi uma fanta laranja, uma Ambrósia e depois um “pingado”, é um pingo mesmo de café no fundo da xícara e esse pingo, custa a bagatela de 1,15 € (com esse valor eu compro no mínimo dois pacotes de café solúvel, no Brasil), local cheio de fumantes, não há diferenciação, fumante ou não, o ambiente é o mesmo. Haja fumaça de cigarros, o número de fumantes na Europa é absurdo. Deve ser a solidão. Bengala para a solidão é um cigarro na mão.
Entediada até a raiz dos loiros cabelos, finalmente hora de embarcar pra Barcelona. Pedi pra fazer uma conexão larga, mas não tão larga assim. Com os vôos atrasados desde o Recife, cheguei em Barça, faltando exatamente 40 min para tomar o outro vôo. Desci feito bala, saí disparada pelo saguão e não encontrava meu portão de embarque. Já era noite.
O primeiro guichê que avistei, foi de uma empresa alemã: - Perdona, ayudame¿ Yo no estoy mirando el painel de llegada e salida dos vôos, puedes apuntarme¿¿
Segui o braço que a moça levantou. E não é que o painel estava exatamente atrás de mim?
Agora faltavam menos de 40 min. Nova correria até o portão 42. Ufa! Em menos de dez minutos embarcava pra Granada. A sensação foi a pior possível. Chorei. Ali, sentada, quieta, em silêncio. Me senti tão desamparada. Estava deixando pra trás pessoas e coisas importantes, aquietava meu coração dizendo: não chora, não estás indo à imolação (era exatamente o sentimento, sacrifício). A despedida no aeroporto no Recife, os amigos, elas com os olhos vermelhos, lacrimejantes, e nos braços a me dizerem, força! Aceitei a minha sorte e suportei (até quando eu não sei). Passou tudo na tela da minha memória.
Um tremor percorria-me a espinha dorsal, aquele avião da Spanair sacolejava muito, e tive medo. Mas a sensação de acolhimento que senti ao chegar no aeroporto Federico García Lorca, naquela distante e fria noite de outubro, nas presenças da Adri, Zé e Joãozinho, também compõem meus instantes de tenura.
Sou só saudades!

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Em que crêem os que não crêem?



O Blog Ninho d´Aninha mandou, eu tenho juízo esporadicamente, obedeço.

Passo-a-passo:

1ª) Pegar um livro próximo;
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.


Isso é um meme, ignorava tal cousa. Segundo dizem, os memes são sagrados. E eu tenho muito respeito pelo sagrado, profano, tanto quanto pelo pagão.

'Coincidentemente' (?) estou relendo o livro, ¿En qué creen los que no creen?, Umberto Eco e Carlo Maria Martini. Por estar no meu criado-mudo, obviamente é o primeiro que meu braço e minha vista alcançam (alcançaram). Essa é uma das minhas neuras, reler livros, além de ampliar a compreensão, me acalma os sentidos. E estou a me apropriar do idioma, daí a leitura em espanhol.

Cumprindo o ritual, ou o meme, eis a 5ª frase: "Pero no me gustaría dar lugar a malas interpretaciones, como si yo quisiera hacer hincapié únicamente sobre lo que es obligatorio, sobre lo que es justo hacer o no hacer."

Pois bem, o livro trata de um diálogo entre um representante da cultura laica - Umberto Eco, e um cardeal da igreja católica, que aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus - Carlo Maria Martini.

O que me encanta é o respeito de ambos pelas diferenças e de como tratam a ética e seus fundamentos; a liberdade dialética - sem os excessos comumente encontrados entre os que defendem a ferro e fogo, seus pensamentos -; debatem alguns valores e as questões do homem/mulher contemporâneo(s); a vida humana e a tecnologia; as limitações; o 'novo Apocalipse do ano 2000'; e o sentido da fé tanto para os que crêem, como para os que não crêem. O livro conta ainda com a intervenção dos filósofos: Emanuele Severino e Manlio Sgalambro; dos periodistas: Eugenio Scalfari e Indro Montanelli; dos políticos: Vittorio Foa e Claudio Martelli.

Um belo livro, repleto de respeito às diferenças e aos pensamentos divergentes. Além de provocar em quem o lê, grandes e preciosas reflexões. Vamos à leitura!

Dando continuidade à 'corrente' meme, envio aos seguintes blogs:

As Noites Insones, Além do que se lê, Criar é resistir, Intensa Fenix e Sórdidas.

(Incrivelmente, não ouvia música alguma.)







sábado, 6 de outubro de 2007

Minha alma de flor, tua alma de sol.

(imagem da net)


Minha alma de flor
Se esparrama jardim
É tão bom amar assim.

Em tua alma de sol
Fulguram mil cores
Violeta, amarelo, verde, azul...
Carmim.

... Desabrochas beijos em mim.

Teu riso irresistível
Teu abraço [in]esperado à porta
A declaração que me cala:
Te amo todos os dias, e a cada um, mais que o outro.

E te quero meu amor
Pela pupila que dilata
Pelo olho a brilhar
Pela cara de encantado
Riso solto
Abobalhado.

Que me faz louca, santa, insana
A provocar
Que conhece minh’ alma
E me deixa desejosa ardente a pulsar

Eu te quero meu amor
Quando me circunda, carinho
E me joga no ar.

... E deslizo sobre teu peito forte
Devagar.
O olhar intimidade
Vigilante
A perscrutar
De tudo ao meu amor serei atento...
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento."

Vinicius, nas madrugadas a declamar...

Outro beijo na boca
Provocante a murmurar
O AMOR que é MEU:

Mulher da minha vida, pra sempre vou te amar!


Ouçam: “Eu sei que vou te amar” – Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Morais.



quinta-feira, 27 de setembro de 2007

E além de nós, não desejo mais nada.


Contra o amor
Nada podeis.

Contra a carícia que brota dos olhos
Nada podeis.

Contra o fogo que crepita n’ alma
Nada podeis.

Contra a pele em viço
Nada podeis.

Contra a festa que regala o mundo
Nada podeis.

Contra a cor que pinta a vida
Nada podeis.

Contra o sorriso que enfeita o rosto
Nada podeis.

...E quando o dia acorda
Teu corpo enrolado no meu
Almas que se fundiram
No espaço preciso da ardente espera
A paixão intensa, sonho, quimera
Rutila em mil nuanças: primavera.
É teu sorriso matutino que revela
Os momentos dos mistérios passados
Os vivos desejos (agora) celebrados:
cabelos emaranhados, pés entrelaçados,
corpos nus abraçados, saciados...

E além de nós, não desejo mais nada.



“Ah vem cá meu menino/ Pinta e borda comigo/ Me revista me excita/ Me deixa mais bonita/ [...] Vem cá meu menino [...] Do jeito que imagino [...] Deixa eu causar inveja/ Deixa eu causar remorsos/ Nos meus, nos seus, nos nossos/ Ah vem cá meu menino...”
Mudança Dos Ventos: Ivan Lins e Vítor Martins, enquanto cá escrevo, cantarolo junto com a Nana Caymmi essa bela canção.


sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Como a natureza é fêmea

(imagem: nissan baskish)

"... Pensou se a natureza não vivia prenha do mundo, e se a noite não era uma gravidez imensa... Mas naquele fim de manhã, até mesmo a várzea e o canavial nela fincado, em vez de mar começou a lhe parecer um enorme bicho com o ventre engravidado..."

Do livro, Os Cassacos, de Maximiano Campos. Páginas: 124, 151.

Como a natureza é fêmea...


E Ana de Amsterdam (Chico Buarque e Ruy Guerra) 'não sai de mim, não sai de mim, não sai'. Cantarolo-a. Quase num murmúrio.


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Canção de amar

(imagem da net)


O mergulho nos olhos
Na alma
Nos poros

A perda da razão
O beijo
Um riso incontido

A lentidão de todos os sentidos
Juntos somos ponte rio e mar
Coração acelerado

Canção de amar.


Ao amor que me encontrou e encantou. Como tatuagem ficará pra sempre em mim.
Bethânia faz o fundo musical, na letra do Chico Buarque e do Ruy Guerra: Tatuagem.



quinta-feira, 12 de julho de 2007

De quando o escrito sangra...

(imagem da net)


Na curva de um silêncio se diz muito
Até quando o escrito
... Sangra.


Ouvindo a música: Demais, com a Verônica Sabino. Uma versão de "Yes It Is" de Lennon & Mccartney.


sábado, 7 de julho de 2007

O maior amor desse mundo

(imagem da net)


Renovados em sonhos e esperanças
De algo que um dia quase se perdeu
De olhar castanho brilho
Como espelho refulgente
O reflexo iluminado
(o amor e os lados
)
Como são
Dois encantados...

Em ferro fogo brasa
Bala punhal de prata
Riscados em toda textura
Da carne no corpo matéria
Nada anulou a candura
(não sabem mais viver separados
)
São
Só ternura.

O cerne permaneceu intacto...

Doce destino enfim
Dois sonhos que agora são um
Duas vidas atadas um gesto
(reescreveram uma história de felicidade
passageiros da eternidade
)
Tu a chama que queima em mim.

A viagem sem volta
Que fazes ao íntimo do meu ser
Eu teu altar sagrado
(quando me chamas assim
já não sou mais eu quem está em mim
)
Ninho dos teus desejos
Minha pele
A tessitura perfeita
Para receber teus beijos
Carmim.

Não há trago que sacie
Tanto desejo assim
‘Pois de ti sou tradutor’
Conheço cada nuança (sua) de cor
(És o meu universo
)
Vejo-te em mim: poesia, prosa e verso
Vem de ti meu sentimento mais profundo
Que soubestes me dar sem pedir
O maior amor desse mundo.



E como fundo musical, advinha? Nem que seja só uma vez... O Amor (me) (en)canta:
O Que É, o Que É? - Gonzaguinha


quinta-feira, 21 de junho de 2007

Em noites como essa...

Em noites como essa
Que resgatamos memórias
E confessamos segredos
Pontilhamos o enredo
Reescrevemos nossa história
E desenhamos um novo mundo
De nada tenho medo

Em noites como essa
Que tua entrega anuncia
Com qual intensidade sentia
Tanto amor que nem sabia
O quanto MEU és
Que longe de mim
Tudo
Nada valeria

Em noites como essa
Quando o sol dorme
E velas meu sono
Veste-se
Meu dono
E
Aninha-se em meu sonho

Em noites como essa
Que me contas,
Arcano
De pensamento em pensamento
Que por não saber sentir
Os aromas e sabores
Palavras e seus sons
Palato em confusão
A sete chaves no peito
Deixou trancado
O coração

Em noites como essa
Que me sorri a contar
Dum tempo que já foi
Em que tudo era só
Dor resto e solidão
Abandona-se
Declara-se
MEU
E deixa-se assim ficar
Aconchegado em meu colo
Porto seguro de o seu eterno atracar.


Nada podeis. Contra o amor nada e nem ninguém podeis.

Sem fantasia – Chico Buarque


segunda-feira, 11 de junho de 2007

... Porque as cores laranjas anunciaram o dia

(imagem da net)


... Porque as cores laranjas anunciaram o dia
E teu nome nas canções que eu ouvia

Quantas voltas até chegarmos aqui?

Hoje é domingo
Nem quis acordar
Fiquei na cama a dormir
E meu corpo a se enrolar em ti

Teu olhar a me sorrir
A mirar em mim
... Tudo aquilo que sou:
Tua.


Enquanto isso, estava embalada pela doçura da música do Márcio Faraco:Nosso Amor De Tanto Tempo

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Flores de Maio.


Enfrentaram as chuvas, os ventos, as pancadas, as tempestades.
E o sol por fim lhes sorriu.
Dum céu azul em risco anil
Que dourava as manhãs e
E em vivo escarlate
(D)escrevia as tardes
Paradoxalmente do antagonismo
Que os uniu.

Amam-se. Isso é fato.
Desejam-se. Isso é fato.

Enfrentaram.

Encontraram-se.
Renderam-se.

Conceberam o infinito
Escreveram seus versos mais bonitos
Mergulharam em doce mar
Oceanos a desbravar
Cântico de sereia a entoar
(enfeitiçado se entremear)
Para num doce remanso desaguar
Sebes caramanchões cercas-vivas
Flores de maio
A vida enfeitar.


Estou tomada pela voz, pela interpretação, pela emoção da Camen McRae, a música é Here, There And Everywhere (Paul McCartney e John Lennon), mas experimentem ouvir com a Carmen, experimentem...“To lead a better life... Need my love to be here... Here, making each day of the year... Changing my life with a wave of her hand... Nobody can deny that there's something there... There, running my hands through her hair... Both of us thinking how good it can be... Someone is speaking but she doesn't know he's there... I want her everywhere... and if she's beside me I know I need never care... But to love her is to need her... Everywhere, knowing that love is to share... each one believing that love never dies... watching her eyes and hoping I'm always there... I want her everywhere... and if she's beside me I know I need never care... But to love her is to need her...”

terça-feira, 22 de maio de 2007

"Fallin'..."


Às vezes eu te amo. Às vezes eu te odeio. E essa dualidade causa um redemoinho. No entreabrir da boca e dos olhos, tudo se evapora, e na asséptica brancura do papel os sentimentos e os versos arrebentam. Arrebento-me. Você que é a minha poesia, se faz e me faz; se fez e me fez em risos, riscos e rabiscos: na pele, no tempo.
O que a materialidade da palavra pode dizer por mim, por nós? Em todas as instâncias, entrâncias e reentrâncias teu verbo se faz em mim, carne. Em mim na carne. Em minha (tua) carne.
Sempre sedenta de ti serei, como na primeira água que bebi, e do sabor não esqueci; nossas duas águas confluindo num movimento de/em celebração restituindo-nos do estado pedra, para a fruição.
Não é de mim que o mundo sai, não é em mim que desemboca o mundo, mas de ti, em ti que me decifrou. Não mais indagues os meus olhares, é para te eternizar em minha íris, em minhas curvas, em meus seios, em meu sexo.
Multiplicas-me a cada dia, e em todos eles não me vejo menos que tua; não tenho passado, não tenho presente, futuro não terei se subtrair-me o alicerce das tuas pernas, teu olhar castanho e teus abraços que me acolhem quando busco-te refúgio meu, ainda que as linhas teimem em dizer não.
Se mil palavras num murmúrio minha boca confessar, nenhuma outra será senão o tanto de amor que eu tenho pra te dar.


“I keep on fallin’... In and out... With you... Sometimes I love ya... Sometimes you make me blue... Sometimes I feel good
At times I feel used... Lovin' you darlin’... Makes me so confused...” Alícia Keys conseguiu traduzir o que não tenho condições de dizer...

Faísco.


Enquanto pelos olhos: a gula
a beleza e a verdade
(e cunho na pele tanto desejo)
Divido-me entre a vontade e a saudade...

Enquanto vejo nascer a crença e a fé
Flagelo-me.
Espero-te.

Como fogo ateado crepitando ao vento
Em mil centelhas
Faísco.

Ainda que tão longe,
Sonhamos
Tua presença se faz viva.

É viva.
Vivo.
Vives.

Num grito pontiagudo
Vocifero
Meu canto

De ti.
Em ti.
Por ti.

Restando em mim
O amanhã.
O porvir.

O teu vôo
Por mim.
Para mim.
Em mim

... A explodir tuas sementes.


“Depois de ter você...Para que querer saber que horas são? Se é noite ou faz calor...Se estamos no verão... Se o sol virá ou não... Ou pra que é quer serve uma canção como essa? Depois de ter voce poetas para quê? Os deuses, as dúvidas? Para que amendoeiras pelas ruas? Para que servem as ruas? Depois de ter você...”
A explosão se completa com essa música que agora também mora em mim: Depois de ter você: Adriana Calcanhotto

"Construção."


Quando em sorrisos se mostra
Rasgos de emoções a envolvem
Como lua vazia à espera de encher-se
Ele vem e preenche-lhe todos os espaços...

Tudo que existe nela está explícito
Ele do nada, por nada lhe desentranha:
O beijo, os segredos, o gozo e os desejos.
Num rasgo, num recorte, pára o tempo,

E contemplam-se...
E provocam-se...
Por uma janela do mundo
E criaram, recriaram o seu.
Vencidos, vencedores

Há algo de irreversível no ar
Há uma promessa nova no ar
Há desenho de futuro no ar
Há o tempo presente e basta

Bastam-se.
Naquele infinitesimal segundo
Uma paralisia n'alma
Plenos, profundos.
São dois e são uno

Não é primeira emoção
Não é a última
Mas sonham com o porvir
... Ele cita uma canção
“Escuto Chico, Construção”
Acaso,
Coincidência?
Destino?
Não!
É aproximação.

... Caminhos percebidos desde o arco do sol.

Fácil, muito fácil... Por nós, por tudo, ouço Construção. Um verbo que me acompanha até a eternidade...

“Amou daquela vez como se fosse a última... E atravessou a rua com seu passo tímido... Subiu a construção como se fosse máquina... Ergueu no patamar quatro paredes sólidas... Tijolo com tijolo num desenho mágico... Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago... Dançou e gargalhou como se ouvisse música... E tropeçou no céu como se fosse um bêbado... E flutuou no ar como se fosse um pássaro... Bebeu e soluçou como se fosse máquina... Dançou e gargalhou como se fosse o próximo... E tropeçou no céu como se ouvisse música...”

Preciso dizer mais?

Do frio & da solidão...


Enquanto contas do frio
Da dor, da solidão
(mas não falas das lágrimas que sei)

Mostro as que tenho e
Rasgo em mil pedaços
Essa tormenta que me causas

... E os lábios ressecados
Pela fria ausência dos teus
Toco-os com teus imaginários dedos

Enquanto regride criança
Ao colo da mãe
E finge uma alegria que conforta
Emudeço emoção

... E conto o tempo
... E cato sonhos
E os dias se vão.


Minha companhia dessa hora além dos sentidos teus, todos; Lizz Wright me consola:
Hit The Ground - "Hit the ground, babe... It´s alright now... Hit the ground babe... Take your veil down... See your eyes in mine... Leave the rest behind... Hit the ground babe... Cause I want to love you now... Hit the ground, babe... I said is alright now... Hit the ground babe… You´re gonna make it somehow... Babe, why so lonely?..."

Nada a declarar, apenas a escutar… Escuto sem parar essa canção...

"Soy Infeliz..."

(imagem da net)


....O lugar era escuro, um tanto lúgubre, fumaça de cigarros, cheiro de uísque de terceira, um pardieiro meio fétido... Uma atmosfera marginal...
Casais dançavam sem sair do lugar, acariciavam-se, “naquela escuridão ninguém observava mãos ousadas, procurando ninho”, não se importavam com o fato de estarem sendo observados pelas pessoas... No balcão, homens e mulheres desacompanhados perdidos em seus pensamentos, mergulhados em suas solidões e em seus restos, bebiam tequila, cubra-libre, margarita* e alguns drinques coloridos. Uma radiola de ficha emitia a canção, Soy Infeliz – Lola Beltrán.
Ela bebericava uma dose de dry Martini [não queria ficar de porre, apenas degustar com vagar, se perder e se achar em suas lembranças], e fumava uma cigarrilha [Davidoff], alheia ao derredor... Imersa nas lembranças... Desde a noite em que se fizera dele mulher, até a fatídica tarde em que o encontrara aos beijos com outra...Um surdo furor lhe envolveu, é acometida por um ódio mortal, apaga a cigarrilha nas coxas roliças e brancas, e deixa cunhada a marca da raiva, uma lembrança em carne, brasa e dor... Num salto, põe-se de pé... E vai sozinha, à pista de danças daquele féerie... E como se uma entidade, estranhamente tomasse conta do seu corpo, começa a dançar... Movimentos frenéticos e sensuais, um sorriso entre misterioso e irônico, se instala em sua boca... Suas mãos parecem ter vida própria, acaricia o pescoço, o vão dos seios, com o corpo meio desnudo oferece-se aos olhos de quem quiser vê-la. Os cabelos longos, esvoaçantes, como em cascatas caíam sobre seus ombros. Os quadris num requebro diabólico convidavam aos jogos eróticos. O corpo explodia em desejos, o suor escorria, e ela lambia-o, gotículas salgadas no canto dos lábios... Era só luxúria naquele momento. Úmida entre as pernas, cada vez mais aumentava a vontade de meter as mãos debaixo da saia, encontrar a carne palpitante, desejosa, e acariciar-se... Ainda que por cima da calcinha minúscula, branca, de renda francesa... Ria, e crispava as unhas bem feitas, pintadas de esmalte vermelho, no próprio dorso... Abraçando-se, como se, se bastasse. Em segundos toda a sua vida é revista como num filme...
Como que por encanto, sente a presença de alguém, abre os olhos e depara-se com ele. Ele! Parado à sua frente, encaminhando-se, em sua direção com o andar de um leopardo, a diminuir o espaço de sua presa. Ele, o predador.
E ela revia os momentos passados, tremia e ficava mais excitada, ao pensar em seus corpos nus, entrelaçados. A boca estava seca, entreaberta, arfava, ofegava... Ela acendia, ficava em brasa, na presença do seu homem. Àquele homem sabia explorar cada cantinho, cada recôndito de seu corpo. Como um especialista, uma técnica invejável, conseguia laçá-la ao mais alto céu do prazer. Era habilidoso, experiente, vivido, calejado na arte de proporcionar prazer. Não podia negar. Aquele cafajeste era tudo o que ela precisava. Viciara-se nele. Sua droga mais pesada.
Quem ousou mudar a música?
Cúmbia Villera – Yerba Brava. Na radiola de fichas... E ele... Bailando e rindo desavergonhadamente em sua direção, motivo suficiente para entrar em conflito e sair do torpor, do transe. No fio da navalha caminhava: entre o amor e o desejo; a raiva e as lembranças. Ela chegara a um ponto crítico, já havia tentado de tudo para abandoná-lo, esquecê-lo. Inútil. Ela o amava. Simplesmente o amava. A simples aproximação dele, somente uns poucos centímetros de distância, causava-lhe àquele entorpecimento juvenil, àquela inundação de sentimentos que a enlouquecia, daquela loucura toda que a envolvia, a amedrontava, e àquela confusão monstruosa que vivera quando o encontrara aos beijos com outra. Era avassalador.
Ele a envolvia sem tocá-la. Tocava-a com os olhos, com os demais sentidos. E se perguntava quem errou mais? Por que não fora até ele e a moça e questionara tal cena? Isso não importava agora. Só sentia a presença imponente dele. O que importava o beijo dado, n’ outra? Sabia que sem ele não sobreviveria. Mais que atração, mais que paixão, amava-o verdadeiramente em qualquer situação. Sentia em cada fibra do seu ser que era ela que ele queria. Beijar outra fora um acaso fortuito. Porque a mulher, a mulher escolhida para a cama, para todos os lugares e dias, era ela. Os olhos, o corpo dele confessava que... Isso... Foi o instinto machista. O desejo primitivo de beijar uma fêmea que o levara a experimentar os lábios de outra.
Pé de ouvido, sussurros, palavras baixas porque os corações estavam próximos e o mundo fundia-se em desejos. Eles serenos como quem se perde e se acha, encontravam-se nos beijos gulosos dados no centro do salão. O corpo esbelto dela ligava-se ao dele, como um amálgama, eram um só. Entravam de novo no ritmo do que era certo, do que os mantinham juntos. O mundo já não mais existia, beijavam-se, abraçavam-se, tocavam-se, desejavam-se, usufruiam-se; suspiravam, gemiam, deliravam. Reencontraram-se. Ela reencontrara o seu homem. Ele, a sua mulher. Mais que expectantes, eram braços em repouso, aguardando que chegasse a hora de sumirem dali e deitarem-se sem nada, sem nenhuma barreira entre eles. Os abraços não mais bastavam, precisavam sentir-se. Dentro. Entre. Sobre. Corpo entrelaçado entregue à paixão que os dominavam.
E renasceriam para sempre assim, um no outro.

Enquanto brincava com as palavras e os desejos, ouvia seguidamente as canções: Soy Infeliz, da mexicana Lola Beltrán e Cúmbia Villera – Yerba Brava...

SOY INFELIZ - Lola Beltran

“Soy infeliz porque se que no me quieres para que mas insistir... Vive feliz si el amor que tu me diste para siempre resenti... Soy infeliz porque se que no me quieres, piensas que morir... Que me sirvan otra trago con dinero yo los pago pa' calmar este surfrir... Vive feliz en tu mundo de ilusiones... No pienses mas en tu amor y tus traiciones...”


*Amore mio, gracias pela retificação...


"O Seio Nu..."

(imagem da net)

Entre tantos erros passados presentes
Haverá futuro?
Um dia
E é como se nada existisse
Nem o antes nem o depois
Apenas o [re] encontro
Novo engano?

Mas nos olhos um olhar novo
Novamente
Transita entre indecente comovente
E volta o desejo antigo
Ardente [in] tangível
Desenhando o percurso
Por entre as retinas castanhas
Olhar difuso confuso
Arfante peito entrega avisa convida

A emaranharem-se nos pelos
Pernas
Desejos
Um
Parte do outro que partiu
Um à parte
No mapa que se percorre
O tempo voa corre
E não segreda a ausência...

... E a fina alça da camisola de seda
Preta
[Mais despia do que cobria]
Escorregava macia
E à mostra
A translúcida palidez de um ombro nu
Convidava indolente
A engolir despudoradamente
Com cobiça
O seio exposto ali...

Nina Simone, quem mais? Enquanto nos engolimos, a Nina nos embala... Eternamente.
The Other Woman : “The other woman finds time to manicure her nails… The other woman is perfect where her rival fails… And she´s never seen with pin curls in her hair… The other woman enchantes her clothes with french perfume… The other woman keeps fresh cut flowers in each room… There are never toys thats scattered everywhere…”
30/11/2006
Definição.

Portas & Mares

(imagem da net)


Ao sonharmos
Dividimo-nos entre a vontade e o agora
E a apertar, a saudade...

Ao passo mesmo que
Esperarmos nascer a crença e a fé
Flagelamo-nos...

Nas conversas de antes
Tínhamos n’ alma
Nos olhos: o desejo...

E no corpo do ansiado
Como se caudaloso rio fosse
Tu navegador a percorrer minhas curvas

Alargando-me as margens
Embrenhando-se profundo
Neste que agora te ofereço: meu pequeno mundo

A [tua] boca, porta d’alma
Minha língua serpente
Invadindo docemente o comungar ardente

Engolimo-nos, sedentos
Eu: despudorada, desnuda, oferecida,
Enrosco pernas, braços, diluída...

Tu: em riste, rígido, tensão
Invade portas, mares
Somos um só: tesão...


Ando sorrindo ao vento, entre ficar na fímbria, no beiral, portal, janela... Lancei-me ao mar desconhecido... E nada como uma bela canção pra acompanhar essa inusitada navegação... Pra um sambista encantador, uma música que já é nossa, nossa cara:

Pressentimento: Elton Medeiros e Hermínio Belo de Carvalho, ando escutando-a com a Roberta Sá...

“Ai ardido peito... Queira entender o meu segredo... Queira pousar em seu destino... E depois morrer de teu amor... Ai mais quem virá... Me pergunto a toda hora... E a esposta é o silêncio... Que atravessa a madrugada... Vem meu novo amor... Vou deixar a casa aberta... Já escuto os teus passos... Procurando o meu abrigo... Vem que o sol raiou... Os jardins estão florindo... Tudo faz pressentimento... Que esse é o tempo ansiado de se ter felicidade.”

Palavras...


Mergulhar nas chamas das tuas palavras
Labaredas que engolem:
A confiança, a cumplicidade e a saudade...




Enquanto essas três frases se formavam em mim, comecei a escutar e a cantar incessantemente, Valsa Verde [1931], Lourenço da Fonseca Ferreira - Mestre Capiba - e Ferreyra dos Santos... Interpretada de forma magistral por Paulinho da Viola, e Raphael Rabello ao violão... Linda, linda, linda!

“Não sei bem quem és... Mas sei que entraste em meu olhar... Como na sombra, entra uma réstia, de excelsa luz, pelos meus olhos tristes nunca percebida... Não sei quem és e te recordo, e te desejo tanto, pra ilusão de minha vida... Não sei bem quem és... Mas sei que entraste em meu olhar, como na sombra, entra uma réstia, de excelsa luz que o meu sonho de amor, de verde iluminou, depois, o anseio que em mim ficou... E a minha vida desde então, se transformou pela ilusão do teu olhar... Foste a quimera que fugiu... Deixando em mim como um perfume, de um amor cruel... Que, no meu tristonho coração, fez palpitar a canção verde, dessa ilusão que eu quis compor, pensando em ti, pensando em ti, no meu amor, sim no nosso amor...”

... Olhar!


Perdida!
Eis-me completamente perdida, mas não são nos emaranhados vicinais da grande metrópole... Perdida dentro dos sentidos que me extasiam e me deixam infantilmente encantada.
Que belo e inexplorado complexo é o coração. Tão capaz de mudar sentimentos e o fluxo dos pensamentos...
Sem ter planejado, tenho um alvo. Por ter planejado, tenho um alvo, aqui à minha frente. Olhar atento às leituras: do livro, do derredor, da minha alma – exposta na minha íris – do sorriso irresistível no canto da boca. E ele. Aqui em mim; eu, nele; nós, em nós. Há fronteiras, mas não é [e é] ao mesmo tempo, tangível. Extraordinário sentir, existir... Somos duas ilhas, interligadas por pontes e fios (in) visíveis que nos conduzem, seguram, unem, prendem, seduzem. Caminhantes, cada um em seu passo, compasso; ao encontro, ao lado, em direção. Coração.
Belos mosaicos, vários fragmentos, miríades sem-fim; ora fortes, ora explosão. Tudo à flor da pele, olhares, sabores, texturas, toques, odores, desejos, suores. Caminhantes rumo ao inesperado...
... E o olhar?
Os olhares... Capturadores, aprisionadores e as palavras... Palavras?
Buscamo-nos e todos os códigos entram em desuso...
O que nos rege: a emoção e a entrega, cega....


Volto e meia, volto ao Wisnik pra não esquecer como sou, sobretudo quem sou... Enquanto cá estou escrevendo essas prosaicas linhas, reescrevo minhas emoções com a canção do Mestre José Miguel Wisnik: Mais Simples...

"É sobre-humano amar... 'cê sabe muito bem... É sobre-humano amar sentir doer... Gozar... Ser feliz... Vê que sou eu quem te diz... Não fique triste assim... É soberano e está em ti querer até... Muito mais... A vida leva e traz... A vida faz e refaz... Será que quer achar... Sua expressão mais simples... Mas deixa tudo e me chama... eu gosto de te ter... Como se já não fosse a coisa mais... Humana... Esquecer... É sobre-humano viver... E como não seria?... Sinto que fiz esta canção em parceria... Com você...”

"Infinito Particular."


Quando me pegas
E me aperta pra si
Toma meu seio esquerdo e o engole
Com gula
Contorço-me serpente
Entrego-me amante
E faço-me tua
Docemente...

Quando me abraça desejo
Em riste espada
Com o olhar indagas
Por que não me entrego tua
Amada
Quando o sou
Ora certeza, ora vaga
Deslizo em teu corpo
Senhora
Tu: minha tranqüila morada.


A música é da Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Brown, no entanto, desde que me foi presenteada - apresentada, não sai de mim, ouço-a incansavelmente, e cada frase, nos diz em particular e o infinito que nos tornamos...

“Eis o melhor e o pior de mim... O meu termômetro, o meu quilate... Vem cara, me retrate... Não é impossível... Eu não sou difícil de ler... Faça sua parte... Eu sou daqui e não sou de Marte... Vem, cara, me repara... Não vê, tá na cara, sou porta-bandeira de mim... Só não se perca ao entrar... No meu infinito particular... Em alguns instantes... Sou pequenina e também gigante... Vem cara, se declara... O mundo é portátil... Pra quem não tem nada a esconder... Olha minha cara... É só mistério, não tem segredo... Vem cá, não tenha medo... A água é potável... Daqui você pode beber... Só não se perca ao entrar... No meu infinito particular...”


E Ele veio...



... E ele veio
Permanece ebanamente entranhado
Quando aperta a saudade
Vôo nas asas da poesia
E...
Estendo o braço a tocá-lo!


Enquanto matava a saudade, e o cristalizava dentro de mim, uma canção se fazia presente: Angel Of The Morning [C. Taylor], docemente cantada pela Nina Simone, e todo o sentimento mais uma vez [e sempre] redivivo...

“There'll be no strings to bind you hands… Not if my love can bind your heart…And theres no need to take a stand… For it was i who chose to start…I see no reason to take me home… I'm old enough to face the dawn…Just call me angel of the morning (angel)... Just touch my cheek before you leave me (baby)...”

Dia de chuva...



Dia de chuva
Neblina
Minh ' alma se aninha

Dia de chuva
Gotas d ‘ água
Em musicalidade:
Minh ' alma

Dia de chuva
Assisto em quietude
Cair em minh ' alma
Pingos de saudade

Dia de chuva
Minh ' alma
Sonha amiúde
Que meu abraço seja teu regaço

Dia de chuva
Silêncio no olhar
Para em minh ' alma
O espaço-tempo-ausência logo findar

Dia de chuva
Minh ' alma calada tenta desvendar
Entre o cinza e o preto
Uma cor para o nosso mundo alegrar

Dia de chuva
Minh ' alma reflete na vidraça
Imagens de esperança
Que a volta traga a bonança

Dia de chuva
Minh’ alma sussurra com mansidão
Tu, para a eternidade
Guardado em meu coração!



Desde ontem chove em minha cidade... Adoro dias chuvosos, faço coisas como: ler, ouvir músicas, ou simplesmente ficar quietinha sob as cobertas... E de pronto, como as gotas que batiam nas vidraças das janelas do meu quarto, esse poeminha, escorreu pelas pontas do meu dedo... E veio parar aqui...

E uma música do Bonfá me acompanhava:
“Eu quero olhar ao meu redor... E ver além do que meus olhos podem ver... Além do céu além do mar... E ter certeza de que vou te encontrar... Olha pra mim... Nosso rumo certo fica em outra direção... Há tempos eu sei que eu não sei viver sem teu carinho... Não me deixe esquecer de todas nossas vidas sempre juntos... E o futuro é aprender a ler aquilo que não está escrito... São pequenos sinais nas nuvens nas estrelas... Quanta coisa amor vimos se perder... E quantas coisas encontramos pra alegrar o coração..."

http://www.marcelobonfa.com.br/barcoalemdosol/depois-chuva.htm [especialmente pra Elzi, clica aí... ;-) ]

Seu caminho: meus braços....

(imagem colhida na internet)

seu caminho, sua reta, seu traço:
meus beijos
meu gozo
meus braços...


Embalada com a canção Sophisticated Lady, cantada pela Billie Holiday.





Despertar entre os loiros fios de cabelos....


Um dia que poderia ser simples
Acordar com o barulho do telefone tocando
Responder
Sentir as mensagens
Laços que se firmariam

Braços que acolheriam
Mãos se tocariam
Explosões inevitáveis
Na pele se dariam
Em ondas ficariam

Mas onde está agora
A intensidade que os envolvia(m)
O sentimento que nutriam
Rebentação na memória
Em que grotão perdeu-se

O despertar entre os loiros fios de cabelos
Corpos nus entrelaçados
Tocar a maciez da pele
Lençóis espalhados ao chão
O dia azul lá fora
E o mundo em gozo cá dentro

Entremeados em si
Alojados
Por que vêm agora
Tantas lembranças num repente
Quando triste está um mundo
E tudo agora é tão longe...?

O terreno por mais que se conheça
Tem sempre um desconhecido
À revelia da nossa vontade
Melhor cedo que jamais...
Por assim o ser: ceder, ceder, ceder...
E deixar o amor morrer.


Rabiscando essas linhas ao som de Maybe Tomorrow – Stereophonics... O pensamento vagando por aí, até cansar... Domir... Amanhã talvez seja outro dia?

“I've been down and I'm wondering why… These little black clouds keep walking around with me, with me… Waste time and I'd rather be high… Think I'll walk me outside and buy a rainbow smile but be free, be all free… So maybe tomorrow… I'll find my way home… So maybe tomorrow… I'll find my way home…”

Flor pisoteada, logo ali, a um palmo da mão....


Entre incertezas e silêncios
Cala-me
Cala-te
Renega-me...

E como galhos secos
Postos ao fogo
Crepita em labaredas
A ausência...

É lenha em brasa
É carne em sangue
É saudade que arde
É folha que voa...

Das cinzas fazem-se histórias
Rabiscadas na pele
O coração que se entregara afoito
Agora clama misericórdia e morte...

À toa na escuridão
Permanece um sonho
Pé ante pé
Rodeando a noite e a solidão...

Quantas vezes mais
A morte perseguirá
Flor quando quiser ser flor
Chão quando quiser ser chão
Não quando quiser ser não
Caminho quando quiser caminhar
Sonho quando quiser sonhar
Flor pisoteada, ali, a um palmo da mão....

Escuto Cartola desde cedo... E Labaredas [Cartola e Herminio Bello de Carvalho] repetidamente....
“Vou me desacovardar dizendo não... A um coração que fez só desagasalhar... Quem o abrigou... Profanou, sem se importar... E destruiu, sem mais pensar... O essencial de mim... Me atiçando um fogo em mim... Mas pode um incêndio alastrar-se ao coração...Que as labaredas nem vão sequer provocar um só perdão... Quantas pedras não terá para atirar de novo em mim?... Me subestimar, prá quê? Não vou! ... E quando o remorso invadir seu sono, então... Meu coração não vai nem sequer se vergar à sua dor... Debelar o incêndio vai ser impossível só porque... Quem brincou com o fogo foi Você.”
Sei o que sinto, por quem sinto e porquê sinto... Uma saudade que corrói... Algo tão fora de compasso...

... E eu saí.


Maio nem acabou
O amor chegou
... E eu saí.


Caminhando pelo mundo e ouvindo a canção One for My Baby [R. Williams] cantada pela Dianne Reeves... Nossa! Toda a trilha sonora do filme [Good Night, and Good Luck] é perfeita e ainda tem a voz dela... Di-vi-na!

“It's quarter to three… There's no one in the place… Except you and me… So set em' up Joe… I got a little story… You oughta know… We're drinkin' my friend… To the end of a brief episosde… “

O Jazz me toma… Sempre!

Mel, sangue & vinho... Ou canção do desafeto...


Cansada de tanto viver
Farta de tanto morrer
Avara em seus afetos
Aborrecida com o amargo
Ocre
Êxtases da vida
Despede-se
Como flores machucadas
Após tempestades...

Os tais jogos dos sentidos
Palavras
Rimas
Canções
Semântica
Imprecisões
Parecem agora grinaldas
Jogadas sobre lápides...

A alegria diária
Virou estrela que cai do céu no escuro da noite
E nesse manto negror
Perde-se no mar...

Era deleite ou dor?
O coração sem sentido
Ferido de morte
Uma sorte [ ? ] inesperada
Indaga em balbucios...
Sem vocábulos versos
Canção do desafeto
Acordes sombrios
Sua explícita delicadeza
A paixão no rosto
Nos gestos
O olhar diluído
Perdeu-se na voragem do mundo...

Deixando na Boca
Uma mistura de sabores:
Mel, sangue, vinho,
A lembrança do beijo perdido
E o grito de saudade...


Perdi a noção do tempo, e das vezes tantas que escuto a mesma canção: A Taste Of Honey [ Bobby Scott e Ric Marlow ], cantada pela Lizz Wrigth...
Perdi algo hoje... O lamento de não reencontrá-lo, grito aqui... Expurgo uma dor que eu não sabia, mas desconfiava...
A chuva logo passará , e o sol me acenará outra vez no [do] céu...

"Cold winds may blow... Over icy seas... I'll take with me... The warmth... A taste of honey... A taste much sweeter than wine... I'll leave behind… My heart to wear… And may it ever… Remind you of ... A taste of honey… A taste much sweeter… Than wine… I will return… I will return… I'll come back… For the honey… And you..."

Linda!

Sol, estrelas, lua e canções...



Qual a explicação desta agitação, não sei
Apenas sei que respiramos a primavera do universo
Desse universo
Que criam, e recriam
Os seres em encantamento...

Que universo é esse alumiado de estrelas, astros
E constante risos, não sei
Desse riso
Que estampa flores
E refaz amores...

Que riso é esse que sugere lascivos deleites, embriaguez
Longos e desejados suspiros
Gozo interminável
Insensatez
Herança de mil nações
Dos erros todos os perdões
Entre nossos olhares
Toda amplidão
Um mundo em comunhão
Eternizando nas linhas da emoção
[M]Eu
O mundo que necessitas:
Sol, estrelas, lua e canções...

Enquanto me transportava e transbordava nesse poemeu, escutava Careless Love [Bessie Smith] , que me corta inteira, pela Bessie, e agora por Madeleine Peyroux , cuja voz tem um timbre que lembra muito Billie Holiday... E o pensamento longe, longe voa... Quem sabe sobre o Atlântico?

Elzi, mui grata pela apresentação... ;-))



Careless Love - “Love, oh love, oh careless love… You' ve fly though my head like wine… You've wrecked the life… Of many a poor girl…And you nearly spoiled this life of mine… Love, oh love, oh careless love… In your clutches of desire… You've made me break a many true vow… Then you set my very soul on fire…”

"Caixa de Pandora"


imagem colhida na internet
Na alma a sensação de leveza... Que se alastra por todo o corpo... Sinto-me livre! Leve como uma pluma... Como se eu não tivesse passado, e não sei sobre o futuro. Sou o hoje, como se apenas o agora, me outorga a vida, o direito de viver... Tenho o mundo em minhas mãos, como se ao imaginar algo, ele se materializará tão logo eu o queira. Um poder que não é humano. Algo que transcende a matéria, algo que não me pertence[pertencia], mas agora é meu. Um infinito e possibilidades. Como se não existissem tramas obscuras, como se não houvesse o mal... Um momento [e]terno em palavras, doçuras, canduras, sorrisos, descobertas e maravilhamentos...
Um movimento circular, que não tem começo e nem fim... Apenas se/me move e me [e]leva em direção ao mar, ao céu azul, ao cosmos... Sem amanhãs, sem talvez... Como se fosse um reflexo do divino... Como se o espelho dessa noite eterna, fosse para sempre o que sinto agora... Algo, algo que se desloca sem pisar o chão, em várias direções, sem um exercício brusco, um ser multiforme, multicolor, carregando na mesma face o sonho e a sombra; o dia e a noite; o sol e a lua; o doce e o amargo; a prisão e a liberdade; a ficção e a realidade; fogo e água; o salto e a queda; o medo e a segurança; o perdão anulando toda sentença passada...
Todas as dores, expostas nas crateras da alma e do corpo, todos os punhais que um dia sangraram-me o peito, tudo que era atroz, feroz, raivoso transformou-se em glória e gozo. Como se um alquímico de mim se apoderasse à revelia da minha vontade... E a guerreira que outrora comandou batalhas, que conquistou fama e medalhas... Que se ergueu contra o mundo e erigiu muralhas, deixasse atrás de si o peso do mundo, de um mundo que a aprisionou na masmorra de uma angústia que agora não existe mais... Como o alívio que acompanha um novo amanhecer... Uma esperança temporã, uma aceitação alegre do que o destino sempre ofertou... Como o encerramento de um tempo que não há de existir mais... A carne esquecendo seus pesares e extasiando-se diante de um mundo novo, um ‘admirável mundo novo’ que se preparava para mim... Mas não na esfera do terreno, do humano... Mas tudo traçado como um filigrana, lá no plano do divino... Como se os dias de cores rosa-pálidos fossem serenamente substituídos por vermelho-escarlate e azuis - Monet...
Tudo ficou pra trás... Tudo me disse adeus... Absolve-me das trevas de um tempo morto, dessas tais dores, um verde-vida, com a variedade de suas cores e enfeita o meu jardim, fazendo brotar as mais belas flores...
Sinto-me a própria Pandora, mas sem o ódio, sem os rancores, sem tarefas impossíveis a serem cobradas, mas focada na esperança e na ressurreição. Sinto-me renascida, talvez seja o que sintetize meus sentimentos de agora...
Interessante os meandros da vida, enquanto tento traduzir meus sentimentos em palavras, escuto Pandora – Cocteau Twins, e a suavidade da voz da vocalista Liz Frasier, parece cantar, parece dizer, dizer por mim, nesses “arranjos etéreos e celestiais”, o que eu estou sentindo e não consigo expressar...

“(I'm in love with hers)… Our room, a hot and big and kick and lie a boogie adaga dab yo… (I'm in the lights with him)… I feel I'm cheating night and shudder…

Vasta noite...


Quando te vestes de meu imperador
Eu tua imperatriz e senhora de todos os sentidos
E desperta em mim todos os desejos contidos
Tuas mãos magicamente a contornarem as minhas curvas
Percebemos sem pudor
Que todo o meu corpo é um poema em que jamais foi escrito
Tão belos versos de amor...

Quando te vestes de meu rei
Eu tua soberana rainha
Na vasta noite nossa sublime cúmplice
E te embrenhas em meus seios
Engolimos todos os anseios
Somos os que sonham
Sonhos vãos que nunca se dissipam com as manhãs
E nascemos a cada pôr-do-sol como um veio...

Quando tu Teseu
Eu Ariadne
A passar o fio e a espada às tuas mãos
Que eu centro do teu universo
Conclamo-te em desejos e lábios murmurantes
Que seja o tempo mero expectador
Do labirinto que agora nos rodeia
Que não percamos nosso secreto cosmos
Nem deixemos ao léu
As estrelas que me destes
Para brilharem eternas nos olhos meus...


Sempre estarei revestida do som de Led Zeppelin: Since I've Been Loving You, deliciosamente... Após o vôo rasante, protegida por teus braços aconchegantes e confiáveis... Talvez tenha sido a mais saborosa água de coco que jamais tomei em toda minha vida... Apesar da fumaça dos cigarros, que me trouxe[ram] tanta náusea... Pouco importou... Estávamos juntos isso nos basta... E bastou.

Since I've Been Loving You - Led Zeppelin"Working from seven to eleven every night… It really makes life a drag, I don't think that's right.. I've really, really been the best of fools, I did what I could… 'Cause I love you, baby, How I love you, darling, How I love you, baby…“

"Stairway to Heaven"...


Quando chegas, e sobes desavisadamente
Me cegas...
Já não sou eu quem me governa
Mas o desejo em mim

Empertigo-me da razão
Que em nada me auxilia
E em louco descompasso
O ressoar do coração

Fabrico coragem polidez
Invento artifícios
Como a desviar dos olhos
A fingida sisudez

Inútil tal estratagema
Com argúcia e delicadeza
Mergulho sutileza
Constatas o brilho de estrelas a fugir dos olhos meus

Em tua imprecisa oralidade
Mas sempre uma bela paisagem
A querer que adivinhem
Fantasia e a realidade

Somos perto longe
Um sonho inesperado
A fincar em doçuras, versos
O que não pode mais ser calado

E como hera viçosa em muros
Com desalinho natural
Solto, presenteio-lhe a selva
Para seu deleitar madrigal

Ante o temor da simples lembrança
Trazendo em cada fio o medo
Do embrenhar-se em sua mata
E mostrar sua pujança
É muito mais o desejo de afogar-se
Na sua maciez selvática
E perder-se dias e noites
Sem nunca ter um sentido o fim

A deixarem de lado por vez
Esquivas astúcias momentos
De certo que estão bem próximos
No mesmo movimento

Em duas, três, mil faces se cercam
O lugar em que se encontraram
A vida já não morava
E o amor de tristeza morria

Já não são apenas palavras
São olhares impregnados
Da mesma pura essência
Que os fazem vasos flores doçuras e querença

Sem se buscarem se encontraram
Nas curvas da imprudência
Dispersos em luzes noturnas
A provocarem insolências

E o que era cinza se [des] fez
Imprevisível compasso
Clarividência lume
Azuis, vermelhos, regaço.


Estou [sou] num momento Zeppelineana, desde a semana passada que ouço a minha banda de rock preferida: Led Zeppelin... Dentre tantas músicas que me fazem, refazem, e me acompanham desde a adolescência, Stairway to Heaven – Led Zeppelin, ocupa uma lugar especialíssimo em minha história de vida... Mas hoje, ela tem um motivo novo, e refez-se soberana como sempre foi, senhora de minhas emoções... Talvez hoje, ela me traga de novo, um novo brilho aos olhos [meus], faróis de estrelas, a seguirem teu olhar, teu coração e pontuarem com delicadeza uma leve pulsação, e lhe darem de presente, uma paisagem com um dia e uma nova cara: um sonho em vermelho...

É esse clássico, essa imortal canção que ouço agora, enquanto escrevo esses sentimentos que me provocas... Obrigada pela versão por mim desconhecida...

“There´s a lady who´s sure all that glitter is gold… And she´s buying a stairway to heaven… And when she gets there she knows if the store are closed… With a word she can get what she came for…"

Teu olhar perdido... A encontrar-se em mim...


Em minha superfície, plana
Tateio silenciosamente
E toco teu instrumento que me procura
Em mares, silente navegante...

Minhas mãos desconcertadas
Prendem-te
Com a argúcia dos meus dedos
E minha Boca...

Em sofreguidão
Com o desejo latente
E precisão astuta
Penetra-me...

Então te vejo como sempre foi:
Meu
Humildemente me coloco como sempre fui:
Tua...

Em delírios e delícias nos retemos
Entre línguas beijos falo sexo
Permanecemos
Retinas em ouro dilatamos...
Em mim te guardo
Estandarte em festa
E tua letra escarlate
Em minhas paredes te inscreves...

Agora sem brumas e incertezas
Desabas
Alimentando todas as promessas
De um sonho que nascera inusitado...

E nesse gozo incontido
Além muito além dos sentidos
Sem temor, esquiva
O verbo se faz em nós vida...

Tua vogal de espuma
Deságua
Fonte inesgotável
Dos desejos tanto[s], que se [re] faz [em] em nós...




Enquanto rabiscava esse sentimento, escutava What is And What Should Never Be - Led Zeppelin, que há tanto mora em mim, e nos renova em sonhos, prosa, versos e desejos... Ainda tenho o sabor dos teus beijos e teu olhar perdido, a escutar as canções que são sempre as mesmas: as nossas...

“And if I say to you tomorrow… Take my hand, child, come with me...It's to a castle I will take you, where what's to be, they say will be…Catch the wind, see us spin, sail away, leave today, way up high in the sky… But the wind won't blow, you really shouldn't go, it only goes to show That you will be mine, by takin' our time…”

b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...