quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Pedido

(imagem recolhida na web)




Nesse lugar que é teu
Onde (nos) fizeste chegar
Porque neste percurso
Não temeste naufragar


Reconheço-te:

em cada fundura da minh ' alma
em cada toque
no silêncio
Reconheço-te em cada olhar

O que um dia foi
Indecisos amores
Ausentes pudores
Intensos profundos mares a desbravar

Em noites de tormentas
Negras nuvens a espreitar
Intensidade raios trovões
Chuvas a despencar

E quando no cais ancorava
Céu azul se anunciava
Meu coração entoava
Canções de extasiar

Tu dentro de mim

Festas protagonizar

Eu em tua rainha
Me coroar.

E todos os dias canto essa música pra ele:

Vim, vim, vim/Eu vim, oi/Vim, vim, vim,/Eu vim.../Atravessei o mar/Vim trazer enfeite/Me vesti rainha/E dançar a festa [...] Atendi teu pedido e vim.../Atendi teu pedido e vim.../Atendi teu pedido e vim.../Atendi teu pedido e vim...

Como se chama essa música? Pedido - Junio Barreto e Jam Silva - Lindamente cantada pela Roberta Sá, que tem muito tempo pela frente pra mostrar o quanto sabe cantar.

Confere aqui:
http://www.robertasa.com.br/index_pt.html



sexta-feira, 18 de abril de 2008

O QUE VOCE FAZ PARA ACABAR COM O ANALFABETISMO NO BRASIL?



Dos meus pais sempre sofri influência direta em tudo, para além, muito além da genética... Uma das grandes preocupaçõe deles sempre foi o de nos proporcionar o melhor, de acordo com as suas posses...
E para isso contrataram uma professora do centro urbano mais próximo da nossa fazenda e a sala de aula era equipada com as "ferramentas tecnológicas" da época: quadro negro, gizes coloridos, cartilhas, tabuadas, papéis, réguas, cadernos, lápis coloridos, grafites, cartolinas, apagadores, cola, tesouras, revistas "Cláudias", jornais.... E uma palmatória! Que eu sempre escondia e deixava a professorinha nervosa... Eu tinha horror à essa prática violenta e autoritária, mas fazia parte do contexto.

- Mas camarada Jota Jota, deixa todos os outros coordenadores escolherem sua área de atuação, como sei que ninguém vai querer mesmo a Região 4, que é canavial a dentro, os Engenhos são sempre renegados... Se alguém quiser, aí vamos ter que acordar...

- Camarada V.C., embora eu particularmente preferisse que você assumisse a área dos Engenhos, não sei se isso será de fato o melhor pra você. Sabes das dificuldades das estradas, no inverno é impossível fazer qualquer formação, visita ou o que seja! Depois os horários são quase sempre noturnos, depois que os trabalhadores e trabalhadoras voltam do eito. E daqui pra Olinda, demora tempo, além do tempo pra chegar nos engenhos, as reuniões, as formações... Quando chegares em casa, lá se vão pra bem 01:00h...

- Tás me desconhecendo, camarada? Eu lá sou de correr da luta? Não abro mão dos "meus" engenhos (tenho uma relação de posse com os espaços aula/espaços educativos).

- Então tá! Os engenhos são seus.
- E o sonho da justiça social é nossos e fazê-lo acontecer, também.

Foi o que eu escolhi fazer na vida, pra vida: Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos, seja nos espaços formais, seja nos não-formais, desde que seja com essas gentes.

Uma educação pautada nos movimentos populares, de resistência, uma educação como instrumento de mudanças, educação como elemento primordial e fundamental para o processo organizativo das massas incluídas de forma perversa na sociedade, educação para a classe trabalhadora, educação como um processo e ferramenta essencial de construção de cidadania, muitas vezes subtraída por quem está no poder e deveria garantir esse direito: "É dever do Estado brasileiro garantir a todos os cidadãos o ensino fundamental gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria" - Artigo 208, inciso I, da Constituição Federal de 1988.

Mas para mim, para a cidadã, a mulher, a mãe, a profissional, a amiga, a filha, a esposa, a aluna, esse compromisso não é só do Estado Brasil, é também uma responsabilidade nossa, de quem não está na esfera do poder público, mas temos poder tanto quanto. Embora as autoridades brasileiras devam mobilizar esforços, aplicar os recursos financeiros e honrar sua existência, para eliminar o analfabetismo e tornar universal o ensino.

Trabalhar com Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos, é mais que uma realização profissional, é o sentido o significado e a significância da minha existência, é o "meu estar sendo no mundo". É com esse trabalho que ajudo a construir identidades, relações desses sujeitos com o mundo do trabalho, da cultura, com a perspectiva de contribuir para um mundo melhor, mais justo, mais humano, mais eqüitativo e mais feliz.

Só quem trabalha com as gentes da cana-de-açúcar e participa dessa realidade, sabe o quão dura e nada doce, ela é. A exploração do homem pelo homem não é apenas um jargão político-histórico-social, é algo real e doloroso; tanto para quem vive essa relação de subserviência, sujeição, semi-escravidão; como para quem não aceita essa exploração secular, como eu e tantos (as) outros (as) companheiros (as) de luta. Na Zona da Mata de Pernambuco, poucas coisas mudaram. A terrível realidade da cana não é só mote de novela de uma poderosa rede de tv no Brasil não, é vida real; gerações são exploradas sem nenhuma perspectiva de mudanças, a caldeira em chamas não queima apenas a cana, mas a vida, o futuro de homens e mulheres que têm seus direitos subtraídos por pessoas que são esclarecidas (pasmem!), um ciclo desumano. Além de comprometer a capacidade de uso da terra, tornando-a mais pobre a cada colheita da cana....

... E tenho um pedido em particular para os (as) educadores (as) do nosso país: vamos nos comprometer "com a construção de outras relações econômicas, políticas, institucionais, interpessoais, emocionais e cognitivas" (especial menção ao meu Mestre Joao Francisco de Souza, entre outras atividades, era professor da UFPE, e coordenador do NUPEP - Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos, da Universidade Federal de Pernambuco, com quem tive o privilégio de trabalhar e com ele aprender muito), e foi assassinado na noite de 27 de março, em Camaçari, quando ia fazer uma Formação.

Por enquanto saí dos espaços-aula-formações, porque estou num outro projeto, vim aprofundar minhas pesquisas, aqui, em três anos e meio, retorno para o meu país, para os canaviais, para a Zona da Mata Sul/Norte do meu Pernambuco, para as minhas minhas gentes, as minhas cores, os meus sabores...
A influência começou lá na fazenda dos meus pais, e ao longo da minha vida fui sofrendo outras, e ao optar por Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos, demonstro a minha escolha para toda a vida, não concebo uma educação indiferente às necessidades dos (as) educandos (as), que por um motivo ou outro estão, estavam e poderão estar fora dos processos educativos, sejam eles formais ou não. É uma escolha política. A minha escolha político-pedagógica.

Educação Básica para quem precisar e desejar; "Educação Básica para as maiorias das populações rurais e urbanas de nossas sociedades pluriculturais, que desejam se transformar em multiculturais por meio da interculturalidade, para que a sua transculturação seja uma transfiguração do humano da humanidade e da natureza, e todas e todos nos tornemos mais ricos, material e simbolicamente." (SOUZA, 2004).

Sim, eu tenho o nefelibatismo em mim. Mas talvez seja o meu mote.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Teu corpo esse altar sagrado

(imagem colhida na internet)


Quando entras em mim
e arranha-me por dentro
com tua gula e insaciedade
insanidade
E recobre-me com teus beijos
candura
loucura
A saborear-me a fruta vermelha
madura
Intumescida inflada
Não existe em mim:
pedaço que não se entregue
que não se deflagre
se declare
Na sintonia da tua impetuosidade
Dilacerando num toque
A barreira da fímbria
Entre nós interposta
Minha língua a devorar teu corpo
A navegar em teu barco
Emergir e explodir em teu mastro
Tuas mãos a prender-me às ancas
Eu enloquecida em nossa dança
Tu a alimentar-me desejos
nos teus
em fúria
Teu corpo uma extensão da minha contextura
Nele inscrevo as marcas da nossa paixão
Mordidas deglutição
Ranhuras de tesão
Olhar adentro
na alma
na carne quente
fusão
Nós um no outro
Desabados satisfeitos
Em todas as dimensões
Com a voz macia a me dizer
(e outra vez me enlouquecer)

:
"Teu corpo é meu templo sagrado
é ele o altar onde me ajoelho
tua excitação, teu sumo
teu vinho
minha embriaguês
teu cheiro
minha lucidez
tua pele branca
translúcida
tua maciez
convite à minha rigidez
revelando tua altivez
Teu corpo, esse altar sagrado
onde cultuo a minha sensatez".

Com a Ella Fitzgerald, cantando: My Happiness,

"Evening shadows make me blue/ When each weary day is through/ How I long to be/ with you/ My happiness/ Every day I reminisce/ Dreaming of your tender kiss/ Always thinking how I miss/ My happiness/ A million years it seems/ Have gone by since we shared our dreams/ But I'll hold you again/ Ther'll be no blue memories then/ Whether skies are gray or blue/ Any place on earth will do/ Just as long as I'm with you/ My happiness..."

b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...