sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

gotas d' água


imagem colhida na internet

... o corpo exposto
as veias dilatadas
- coração dilacerado -
os poros abertos


sobrepostos
dispostos
interditos
em oposição

o tempo que expira
ar e efeito
sobe e desce
olhar e feitiço

língua
dedos pasmados
passados
pelos seios, corrediços

a transpiração
suores que escorrem
olhares gulosos
sedução

teias
tessituras
texturas
tensão

controle ineficaz

olhar fragmentado
pupila dilatada
a perda dos sentidos

e a explosão em gotas d' água!


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XVIII - II - MMXI


sergio godinho, porque tem que ser ele, hoje, só pode ser ele: espalhem a notícia. percebam a letra e a melodia, percebam!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

quando eu choro

imagem recolhida na iternet

Quando eu choro, eu choro mesmo, não faço economia de lágrimas, nunca fiz, choro, chorando; os choros todos que estavam guardados, muitos deles por falta de tempo de dar-lhes vazão, ou então pela invasão de tantas outras urgências, que vou adiando os choros que eu deveria chorar, e quando a necessidade se faz calamitosa, essa que estou chorosa, derrama um Nilo pelas retinas, nada me anima, nem mesmo a mais brilhante estrela no céu; nem flor, nem abraço, nem beijo, nem barco, nem pêssego, nem pão quente de manhã, nem café, nem avião de papel, nem aquela melodia d´Ella, que o vento me traz, na calada da madrugada, nada, nada. Então me ponho a nadar, entre as lágrimas que quase chegam a me afogar. Me afogo fácil me distraio com a simplicidade da vida, um pé de margarida, aquela borboleta que fica borboleteando na minha varanda, a gata branca que tenta alcançá-la, ou me convida para brincar, ou com a flor que desabrocha quando esperávamos tanto e o esquecimento nos brinda com o inesperado mais esperado. Aquela carta que nunca imaginei receber, ou a poesia que nasceu, mesmo quando acabei de esquecer.

Choro pelo livro que nunca li, pelo romance que eu não vivi, pela dor de quem nem conheço ou conheci, pela minha frustração e pela do meu irmão; pela saudade de quem conheço e está longe, até por quem desconheço e em algum lugar do planeta, se esconde. Choro. Choro pelas coisas banais e profundas, pelos desencontros do mundo, pelos amores que findam, pela atenção que mingua. Choro até pelo que não sei, mas está guardado bem fundo nesse coração fecundo, um poço tão infindo que mesmo desmaiando não chego ao seu profundo e nem caibo nele, porque nem tamanho tenho... Flutuo pelo mundo feito pluma sem destino.

Olinda, X - IX - MMIX

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Quem eu escuto? Sim, é Ella mesma, The Man I love, cantarolemos, roucamente baixo: "... Maybe I shall meet him Sunday/ Maybe Monday, maybe not..."

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

fica fácil assim a travessia

(imagem recolhida da internet)
então me olhas e
meu mundo se amplia
sorrio de volta
vivemos a nossa calmaria

inventamos o nosso mundo
esquecemos distâncias
voamos milhas
percorremos as nossas trilhas

até que enlaças a minha mão
confiantes seguros
em comunhão
prosseguimos então

fica fácil assim a travessia!

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A vida é puro encantamento, por tudo, só poderia ser essa música: Tudo Diferente - André Carvalho -, na lindíssima voz da Maria Gadu. Oiçam... E sigam suas trilhas...



b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...