"o poema final ninguém escreverá
[...]
em vez de juízo final a mim me preocupa
o sonho final"*.
guido hebert - girl resting
lânguida e preguiçosamente estendida
naquele balanço de rede
se deixava levar
naquela noite de pouco luar
o vento trazia um inconfundível cheiro
de maresia que impregnava o ar
um som de trompete
vindo de algum lugar
enchia de notas aquele silêncio acolhedor
em seu peito explodia uma emoção incontida
de uma inexplicável alegria, nascida de um percurso
não sonhado, inimaginável
e pensou, de olhos fechados
com um quase sorriso:
não lhe escreveria um poema final
afinal um mundo já acabara
mas isso não se configurava o seu fim
porque a cada manhã
à un certain moment
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XXIX - II - MMXII
XXIX - II - MMXII
* o poema o fim do mundo, está no livro, o engenheiro, do joão cabral, após lê-lo, fiz esse exercício de intertextualidade, nas duas últimas estrofes do meu.