quinta-feira, 29 de setembro de 2011

o adeus que nunca foi dito!

                                                                             O Sonho - Pablo Picasso
a palavra final
não foi adeus
o adeus não-dito, não-pronunciado
- mas temido

não houve adeus
não houve palavra final 
afinal 
mas a vida, a vida é irresistível

o tempo correu
e tanto se fez  - que se estranharam -
entre tantos percursos desviados
decorreu-se o (im)previsto

redefiniu-se a rota
seguiu-se em única via
- era o que se podia -
e foi implacável com os sonhos

esse futuro imperfeito 
que nesse interstício
ligou todos os pontos
dessa real distância

que sem a palavra final
sem o adeus nunca dado
consolidou-se enfim
o indesejável fim

- com esse adeus que nunca foi dito! -

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XXVII - IX - MMXI

maria bethania,  pra dizer adeus - lani hall, edu lobo e torquato neto 

terça-feira, 20 de setembro de 2011

incerteza

Princípio da Incerteza - René Magritte



e tem essa pedra que rasga
expande artérias
risca delgada
dilatando fronteiras
expondo vísceras
carne viva
carne crua


além desse silêncio 
- intrépido - e frio
que suporta
por um fio
a altura
do vazio
abismo das indefinições


adiante, uma sombra projetada
pássaro livre 
- emparedado -
razão manifesta
que se debate
entre o real e o impossível caminho
que principia


uma incerteza que fere!

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numa noite qualquer em Barcelona, março de 2009

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Espiem só que belo exercício, do Benno e da Piedade,  mais abaixo, que fez a leitura de trás pra frente do meu poema, coisa que eu também adoro fazer:

Benno


em toda vida só venci
tudo que antes fizera medo
e este apenas fez retardar
o que de outra seria mais cedo

(o tempo é eterno tirano
o medo um conselheiro feroz
a coragem é inconsequente
só a dor da perda é atroz)

o passo que dei para frente
me foi sempre dúbio e incerto
tivera eu mais coragem na vida
e o longe teria sido mais perto

(retilineas estradas se antepõem
curvas tortuosas em desalinho
os declives e abismos que encontro
venenos que impedem o caminho)

a oportunidade de dourada
que nos é concedida uma só vez
deslizou toda vez que recuei
pelos meus dedos em toda escassez

em toda minha vida só não vi mudar
o que estivera morto e inerte
mas a vida é coisa que a todo momento
muda, transforma e se inverte

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Piedade


que principia
entre o real e o impossível caminho
que se debate
-emparedado-
pássaro livre
adiante, uma sombra projetada

abismo das indefinições
do vazio
a altura
por um fio
que suporta
-intrépido- e frio
além desse silêncio

carne crua
carne viva
expondo vísceras
dilatando fronteiras
risca delgada
expande artérias
e tem essa pedra que rasga

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fallen - presuntos implicados com a participação da randy crawford

terça-feira, 13 de setembro de 2011

"porta do coração"


do futuro nada sei
mas (d)o passado
tenho-o de cor

está escrito aqui
em cada linha do meu corpo
guardado nos desvãos

-no sótão da memória -

nos gestos fingidos
desde aquela noite
em que tua boca escarrou o veneno:

amo-te!
disseste-me intempestivamente
e saíste porta afora

- sequer olhaste para trás -

levando a minha paz
e a chave do meu peito
que nunca mais se abriu!

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Belém, XVII - VII - MMXI

E o Benno faz uma belíssima releitura do meu poema, obrigada!


nós somos
um reservatório ambulante
de lembranças

(feita de de desencontros
esperares
e esperanças)

e o futuro nada mais é
do que uma memória
que ainda está a ser construída

(uma cidade qualquer
uma estrada sem fim
ou uma ponte destruída)

não tem como não ser o que se foi um dia
não há como não ver como ontem a luz do amanhecer
ou deixar a sombra da noite as nossas lembranças obscurecer

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Ricardo Ribeiro, Porta do Coração - Carlos Conde.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

84 anos!


por fim a vida passou
sem pressa o tempo correu
aventuras tantas viveu
muitos fardos e espantos
e a sua história aconteceu

sete criações distintas
sete sentidos originais
sete dias da semana
sete memórias afiadas
sete sonhos no varal

nosso desenho ancestral
nosso mapa no bolso
nossa seta no caminho
nossa alegria de quintal
certeza e imensidão

lucidez e mansidão
farol aceso na escuridão
referência e ritual
a árvore mais antiga
raiz profunda no chão

porto seguro na agonia
nosso cais na ventania
cúmplice na alegria
parceiro de tantos sonhos
hoje completa

84 anos!

para o meu pai, o 'seu' alexandre colares.

difícil é escolher uma música, de tão musical que ele é, há uma vastidão em seu repertório... e como adoramos cantar juntos essa, vai ela mesma, perfídia - do mexicano alberto dominguez, versão do lamartine babo, com alceu valença, pero, escuchala con quien queira, abajo algunas sugerencias:



ahmad jamal
alberto dominguez
alfredo sadel
altemar dutra
anacani sings
antonella ruggiero
aura d ´angelo
bachatango
ben light orchestra
benny goodman
billy vaughn
billy may and his orchestra
boney diaz quintet feat david gallermo
buena vista social club
café habana
café tacuba
carla dupont
carola standertskjöld
cliff richard
david el gales
dexter
eddie osborne
el mariachi
emilio tuero
ethel smith
fausto papetti
four aces
foxy browny
francisco alves
guitarra clássica
glen miller
hammond
ibrahim ferrer
james last
javier solis
jerry gray
jossie esteban y la patrulla
julie london
julio iglesias
jorge sanchez
kai warner
kino moran
klevin klimek
la portuária
latin show
laura fygi
laurel aitken
likkle wicked & foxy
linda rontstad
los iracundos
los siderals
los majos
los rabanes
luis mariano
luis miguel
lupita palomera
manfred muller
margarita luna
matadors
nana mouskouri
nat king cole
nelson ned
nelson gonçalves e montesserat
nilla pizzi
orhestra roberto delgado
orchestre benoit przybyla
oscar solo
pablo milanes
paco de maría
pan hall
paul mauriat
phyllis dillon
plácido domingo
ray conniff
roberto valle
sara montiel
semino rossi
siete santos
si zentner and his orchestra
sylvia syms
the 50 guitars of tommy garret
the dematrons
the estrada brothers
the fenders
the firebirds
the cliffters
the neptunas
the shadows
the ventures
tobago euphonic sounds steel orchestra
trini lopez
trio irakitan
trio los tres caballeros
trio los panchos
walk don´t run
xavier cugat

b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...