domingo, 6 de julho de 2014

O amor é um caco de vidro

- O olho, disse o cego, é simples circunstância do real.
Everardo Norões in Entre Moscas. p. 47

imagem: Rafal Olbinski

Todos os seres humanos buscam uma magia, algo que os encante perante a crueza da realidade. Revestem o coração de fé e de coragem, e se jogam, e se quebram, se contorcem e se refazem. E o mundo gira, cambaleia, entontece. Então reagem, reacendem, tentam se impregnar com a canção interior, a canção essencial, delicada, frágil e necessariamente vital. 
Mas notas escritas a quatro mãos reclamam um mesmo ritmo, a mesma harmonia e a mesma disposição.
Nem tudo é como se sonha, nem tudo acontece como se planeja. Em alguns momentos a vida responde de maneira abrupta, como um caco de vidro que corta o pé a faz sangrar. Enquanto a dor não passa, não se pode pisar o chão com o  pé  ferido. 
A vida magoa. Viver não é uma fábula onde se conhece o enredo, com um final seguro. Viver dói. Love hurts. Sim. O amor dói. Amar fragiliza e expõe e fortalece, contraditoriamente. E em alguns momentos é solitário e banal, silencioso e quase desnecessário. 
Quase, porque a vida sem amor é deserto sem fim. 

Recife (23:30h) - XX - VI - MMXIV

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