- O olho, disse o cego, é simples circunstância do real.
Everardo Norões in Entre Moscas. p. 47
imagem: Rafal Olbinski
Todos os seres humanos buscam uma magia, algo que os encante perante a crueza da realidade. Revestem o coração de fé e de coragem, e se jogam, e se quebram, se contorcem e se refazem. E o mundo gira, cambaleia, entontece. Então reagem, reacendem, tentam se impregnar com a canção interior, a canção
essencial, delicada, frágil e necessariamente vital.
Mas notas escritas a quatro mãos reclamam um mesmo ritmo, a mesma harmonia e a mesma disposição.
Mas notas escritas a quatro mãos reclamam um mesmo ritmo, a mesma harmonia e a mesma disposição.
Nem
tudo é como se sonha, nem tudo acontece como se planeja. Em alguns momentos a
vida responde de maneira abrupta, como um caco de vidro que corta o pé a faz
sangrar. Enquanto a dor não passa, não se pode pisar o chão com o pé
ferido.
A vida magoa. Viver não é uma fábula onde se conhece o enredo, com um final seguro. Viver dói. Love hurts. Sim. O amor dói. Amar fragiliza e expõe e fortalece, contraditoriamente. E
em alguns momentos é solitário e banal, silencioso e quase desnecessário.
Quase, porque a vida sem amor é deserto sem fim.
Recife (23:30h) - XX - VI - MMXIV
América,
A Horse With No Name