Quero:
a deselegância da pressa
amar sem promessa
o frêmito do desejo
mergulhar no teu beijo
tua língua ardente
tua vontade pungente
ser teu banquete
ser tua vontade e deleite
ser o fogo que te queima
ser a água que te sacia
ser a tua fome de todo dia
ser teu delírio e tua fantasia
ser tua pista de pouso
ser tua loucura e tua magia
ser teu destino e tua harmonia
ser teu riso e tua alegria
ser a volúpia que te agoniza
a nudez que te catequiza
ser teu vício e desvario
ser tuas esquinas e escadarias
ser teu caminho guardado do mundo
o silêncio das madrugadas
a leveza dos teus passos
revestir-me em teus abraços
tuas mãos por toda minha extensão
tua boca em meu abismo
bebericando meu licor
teus olhos tontos a contar o ardor
ser a causa e o prenúncio
da tua dilatação e teu crescente
esfregar-me em tua pele reluzente
grunhir fêmea ardente
... E engolir teus espasmos!
“O que é que tá passando pela sua cabeça?/ O que é que tá pegando pra você entender?/ O que você ouviu você agora esqueça/ Mesmo que pareça que vai desaprender/ Arranje outra maneira de tratar do assunto/ Deixe de manha, deixe da abstração/ Não pense na parte, pense no conjunto/ Não caia no buraco da desatenção/ Fale minha língua, morda minha língua/ Pra você aprender tem que experimentar/ Fale minha língua, morda minha língua/ Pra nossa gramática se misturar...”