domingo, 27 de setembro de 2009

Um certo Corcel...

(imagem recolhida da net)


de olhar perscrutador
capaz de tudo tragar numa piscada
expressão potente
orgulhoso independente

com uma maciez nas passadas
sempre atento ao derredor
carrega com orgulho e altivez
sua origem sagrada

do mundo não tem receio nem temor
defende e ataca com a mesma rapidez
de elegante porte
e pele reluzente

indomável e rebelde
dele emanam: poder, brio
mas fica preso por um fio
diante da sua donzela apaixonada!

Vamos ouvir mais um pouco da diversidade musical caboverdiana, Danae e os Novos Crioulos, cantando, Bu Rosto... Curtam! Quantos porquês e "paraquês" nessa música... Cantarolo junto: "hummm, nha cretcheu, onde bo sta..."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Situações

(imagem recolhida na intenet)

Uma noite em claro em qualquer aeroporto ou "estación de autobús”, dá tempo de ver, sentir e viver muitas coisas. Algumas situações vividas num intervalo de 0:30h às 8:00h, em Barcelona.
Situação um:
- Buona notte, vá bene?
Levantei o olhar do livro e deparei com um sujeito sorridente, e doido para puxar um papo, e de muita má vontade, respondi: buona notte! Baixei o olhar e continuei com a leitura do meu livro, que de tão interessante, devorei-o quase todo no voo a Barcelona, deixando umas páginas para me fazerem companhia durante a longa noite que viria.
O rapaz era insistente, de pé diante de mim, sem parecer querer perceber que eu estava ocupada e envolvida na minha leitura, pergunta:
- Sapere dove si há uma macchina per il café?
Olhei com cara de poucos amigos e respondi que sim, ao fundo do corredor. Ele não se deu por satisfeito e me ofereceu um café. Olhei em volta, o saguão estava animado, gente para lá e para cá, não senti perigo no ar, e a idéia do café não pareceu tão absurda assim, como de início pensei.
Dirigimo-nos à máquina, ele insistia em me convidar e como não sabia mexer naquilo direito, ficou para mim tal ação.

Sentamo-nos e ele contou-me a sua história. Chamava-se Edouard, era senegalês, estava na Europa há dez anos, tinha 34, duas filhas, três caminhões (esse era o eu inventário) e seu plano era montar uma empresa de transportes. A rota do traslado dos automóveis, era pelo Marrocos... Contou todo o percurso para chegar à Dakar. Estava indo à Marselha, havia sido transferido da Itália, e estava feliz, ia receber um salário maior. Era chegado a sua hora de ir, ele agradeceu pelo papo e antes de ir-se, disse: - mademoisele, nécessaire je n´ai pas à dire, d´autres semblent à Sofia Loren; le sourire, la bouche, la couleur de la peau, les cheveux, le regard. Pardon de parler em français, je ne comprends pas le portugais, espagnol ou anglais.
E eu lhe falei que o estava compreendendo, mas que eu discordava quanto a parte sobre a Sofia Loren (embora o elogio tenha me agradado, é claro!). O curioso é que não é a primeira vez, que aqui me falam isso... E pensei no apelo, na adulação, quando se deseja algo. E para encerrar a questão de vez, emendei: my boyfriend does not think too...

Situação dois:
- Bueños días!
Pensei com meus botões, de novo não, quase 8h da matina, e uma noite em claro, não quero outro papo e lenga-lengas corriqueiros em salas de esperas. Mas o sujeito não desistiu e encarou minha cara feia de sono, cansaço e de poucos amigos. Com um tíquete nas mãos, perguntou-me: - es española? Respondi com má vontade: - no! Uma resposta seca e quase inaudível. E ele era corajoso: - vás a Cartàgena? Outra vez um, no! Mas isso era pouco, porque ele, de novo: - mira, chica, yo tengo un billete, péro necesito cambiar para otra hora y otra fecha, aún que yo haga la compensación de la diferencia....
- Perdona, péro yo no te entiendo, se hablares despacio quien sabe puedo dicer alguna cosa, y yo consiga le ayudar?? Ele olhou-me começou tudo outra vez. Claro que eu o estava entendendo, só não queria papo. Naquele ínterim, passou um segurança, eu o chamei e lhe expus a situação, e lá se foram os dois em “seus eus ovais”...

Situação três:
- Por favor, esto autobús vá al aeropuerto Costa Brava? Era eu esbaforida, depois de chegar atrasada. E o jovem me olha e responde no bom e velho português do Brasil: não sei, só sei que estou aqui desde às 9h esperando um ônibus que me leve à Girona. Eu feliz: - ah, brasileiro de onde? Ele: ah, brasileira? Nem parece, nem tem sotaque (o jovem foi generoso, admito), nem jeito. Eu sou de Mato Grosso, e você? Respondi de onde era, agradeci e então a conversa fluiu solta. Ele perguntou o que eu estava fazendo aqui, há quanto tempo vivia, essas curiosidades básicas, quando encontramos um compatriota e estamos longe de casa há bem mais de uma semana. Aí foi a minha vez de perguntar: e você o que faz? Ele tranquilamente me olha nos olhos e responde: puto! Quase num murmúrio, e eu perguntei de novo que era para não ter dúvidas, e ele deu uma risada gostosa, e falou com calma e em claro tom: sou puto! Eu sou transformista, vivo disso aqui, estava cansado da vida difícil, quase miserável que eu tinha no Brasil, estou ilegal, e desde fevereiro; deu um tapinha na mala que estava descansando aos seus pés e disse que ali estava a menina que ele era, mostrou-me fotos das suas performances, contou da casa que tinha em Alicante, falou dos seus clientes e suas vontades; que homens de determinada nacionalidade gostava disso; de outra nacionalidade, daquilo; de um cliente alemão masoquista; mas a sua paixão era um árabe... Todavia ele gostava mais dos clientes que lhe pagavam para maquiá-los como mulheres; ou para usarem as suas coisas, assim, não lhe tocavam, e que ele cobrava por tudo... Contou-me que em uma ocasião foi difícil convencer um cliente que queria ir ao banco usando um vestido, e de braços dados com ele; que não pegava bem ele ir a tal instituição, daquela maneira.

Ele necessitava pedir algumas informações e perguntou se eu poderia fazê-lo, uma vez que não sabia falar bem o idioma. Tudo bem, eu respondi que perguntava. E seguimos conversando. Minha hora de ir, ele agradeceu-me por ouvi-lo e não ter tido nenhum preconceito. E a viagem até Girona foi em estado de letargia e reflexão, da noite que não dormi, das necessidades de sobrevivência e das escolhas que muitas vezes são frutos das nossas circunstâncias...

Para esse momento, trago Lobão, e essa é a música: Essa Noite Não!
A-d-o-r-o!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

E eu que pensava que só meu olho (te) via

(imagem colhida na internet)


E eu que pensava que só o meu olho (te) via
é mais além:
é corpo
alma
coração
riso
canção
poesia!


Naturalmente que eu poderia escolher essa música cantada por uma infinidade de vozes excelentes, etecétera e tal, ocorre que eu queria com a voz doce e linda dessa moça igualmente linda, que desde que escutei-a cantar, tem estado entre as minhas recentes "descobertas" das maravilhosas vozes brasileiras, e ela tem a vida inteira para provar que é uma excelente cantora, se alguém duvidar. Curtam a Verônica Ferriani cantando: Rosa


b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...