"[...]nessa época nascem lindas flores brancas
que vivem pouco tempo,
mas ao invés de cair na terra quando morrem,
elas vão para o céu e se transformam em estrelas[...]"
fotografei esse jovem baobá (tem apenas 30 anos), no bairro da Encruzilhada, no Recife
Nem na aridez daquele tempo de fugas
Insensatez
Turvou-me os olhos para aquela vida:
Farta, simples, despida de alegorias
De um tempo que mil vozes eu ouvia
E no peito já sabia
Um desejo guardado, calado
Em invulgar harmonia
Basta o reconhecimento
Aquela voz me dizia
Enquanto girava o mundo
Sons, apitos, buzinas, assovios
Um só gesto e o caminho do entendimento
Se abria
Um tempo de riso fácil
Falava de paz e simetria
Uma florada que inesperada se abria
Numa única noite
Um desenho preso à haste
Cálice externo, onde se equilibram:
Sépalas, pétalas,
Verdade e fantasia
A taça e a flor
Coloridas, odorantes
Mundo pleno de magia
O verde e a rosa
Ponte sagrada
Fonte de inspiração
Da ancestralidade ritual e poesia
De um sentimento universal
Seis mil anos eu vivia
Do ribombar da alma
Na mais profunda calmaria
Explodiu como uma estrela
Desmaiada no céu
À fronda dos baobás
Tu, minha sinfonia!
Olinda, 25 de abril 2012
(16:54h)