"O céu, para mim, era aquela cauda de puro brilho
que atravessa o céu azul, aquela fusão fria além de toda cor".
que atravessa o céu azul, aquela fusão fria além de toda cor".
Marguerite Duras in O Amante. p. 89
joguei fora as flores de frida
as flores de frida kahlo
estavam já sem vida
desbotadas
amassadas, cores desmaiadas
amanhecidas, desalinhadas
joguei fora todos os sonhos
junto com as flores de frida
todos os sonhos
de todas as matizes
descolori os dias
tudo feneceu
e desde então todas as cores desistiram
amontoaram-se em sépia
até a noite era sépia
sépia como tu não gostas
sépia como a vida
que passa desbotada
morna
e mora entre o horizonte
e a líquida distância
da saudade
da ausência
cristalizada
que se esconde atrás do céu rasgado
espalhada entre as nuvens
que se movem tristonhas
esquecidas
no céu em sépia
sonhando reter um dia
as cores de frida kahlo!
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Olinda - XX - IV - MMXIII
adriana calcanhoto canta, esquadros