"Há sempre uma noite terrível para quem se despede
do esquecimento".
do esquecimento".
Herberto Helder
Starry Night Over the Rhone (1888) - Vincent Van Gogh
há uma inquietude nessa noite
um mal estar incômodo
qualquer coisa indefinida
uma rajada de realidade
nos descaminhos da vida
há um abandono de sonhos
um lagar na alma
trazido amiúde pelo sibilar do vento
descrito em cada palavra
no diário do tempo
há no silêncio de agora
uma dor nova, um personagem crescente
e a mesma velha utopia
aquela retrospectiva declarada
foi um breve nada, mais um fio rompido
daquele bordado dourado
que a quatro mãos a agulha da paixão tecia
e do belo filigrana que se desenhou um dia
restaram as estrelas caídas do céu
em mortal agonia
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E mais uma vez para nosso deleite, o poeta e amigo querido, Filipe Campos Melo traz sua indelével marca:
Há uma inquietude na noite que se prolonga
Um sibilar de vento infame
Um sussurro indefinido
Uma corrompida perfeição
E se a palavra se reescreve incómoda
Descaminhando o escrito
No abandono de um tempo
Logo uma outra noite se aproxima
Na memória de uma inquietação
No silêncio reminiscente
Na vertigem de uma saudade em agonia
(...)
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E mais uma vez a Piedade faz um exercício que eu adoro:
Em mortal agonia
Restaram as estrelas caídas do céu
E do belo filigrana que se desenhou um dia
Que a quatro mãos a agulha da paixão tecia
Daquele bordado dourado
Foi um breve nada, mais um fio rompido
aquela retrospectiva declarada
e a mesma velha utopia
uma dor nova, um personagem crescente
há no silêncio de agora
no diário do tempo
descrito em cada palavra
trazido amiúde pelo sibilar do vento
um lagar na alma
há um abandono de sonhos
nos descaminhos da vida
uma rajada de realidade
qualquer coisa indefinida
um mal estar incômodo
há uma inquietude nessa noite
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Olinda, VII - XII - MMXIII