quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

vinho, queijo &... Barthes (ou bricolagens)!

imagem: Jim Zuckerman


quem haverá de dizer que

eu escrevi o que escrevi

quem haverá de ler

o que eu escrevi

quem entendeu

o que eu escrevi

se nem eu que escrevi

sei o que escrevi

sequer cataloguei

o obscuro do que escrevi

o desoculto do que senti

se sou uma colecionadora

de imagens

textos

bricolagens

brinquedoteca de mim


quem haverá de saber o sentido

do que sinto

o que não me arrisco a dizer

o ad absurdum que em mim há

do sentimento (in)contido

incontável

no outro olhar

que vem aqui olhar

o que eu estou a olhar

a plausibilidade do que não quero sentir

mas não posso negar

quem haverá de medir

a distância

entre o raso e o fundo

a superfície e o profundo

se só quero na vida saber com sabor?


Enquanto dialogava com Barthes, numa conversa regada com muito vinho, escutava a Carmen Souza super talentosa, uma jazzista de primeira linha, a boa música caboverdiana na veia, que tive o privilégio de assisti-la na Casa da Música (Porto-Portugal) oiçamos: Mar na Coraçon.

Mais da Carmen, aqui: http://www.carmensouza-uk.blogspot.com/
http://carmensouza.blogspot.com/
Oiçamos-na!



domingo, 21 de novembro de 2010

do(i)s estados da matéria

(imagem recolhida da internet)

encosto nua de propósito em suas coxas
páro ante um olhar glacial

em choque dois estados:
um sólido e o outro líquido

a frieza se retrai
ao tempo mesmo em que tudo se refaz...

cubro-o com meu estado e
perdemos a lucidez

derramo-me
então ele me bebe

liquefeitos
plenamente

satisfeitos
todos os estados da matéria!



Suzanna Lubrano, mais uma belíssima voz caboverdiana, canta, Tudo pa Bo, quem quiser dançar Zouk ou Kizomba, eu recomendo, dança sensual e sedutora, deliciosamente sedutora, experimentem...








sábado, 13 de novembro de 2010

tempo ateu

(imagem recolhida da internet)


o tempo é ateu

e a fé desacontece

mas cá dentro

pulsa um coração

que desmaia e

todo dia anoitece

sobrevivente, sempre amanhece

nessa vida breve que tanto entontece...


Em prece: Sentinela - Milton Nascimento / Fernando Brant - com a interpretação do primeiro e da soberba Nana Caymmi. Solte a dor a plenos pulmões, cante o mais longe que a sua voz alcançar...


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O que ainda resi(ste)de

(imagem colhida da internet)


o que em mim reside fera
resiste homem
rasga a carne por dentro
bicho
me consome

o que em mim reside candura
resiste mulher doçura
cristaliza por dentro
pedra
cal
cimento

e nessa textura
em cru
tantas vezes
padecimento
resiste sem que eu modifique
a saudade que grita um nome por dentro

e por fora
emudecimento
olhares além horizonte
mãos que direcionam
entalhe
qualquer esculpimento

remoção imaterial
reconstrução de superfícies
interior desertificado
resiste talvez
o que jamais será restaurado...

Roberta Flack, com sua inconfundível voz, canta: Killing Me Softly With His Song - Charles Fox/ Norman Gimbel - essa música me acompanha desde que eu era molecota, e terça-feira passada (02.11.10), escutei-a incessantemente, lógico que bebi todas as vodkas ... Som na caixa "didêi", com ou sem saudades, oiçamo-na, porque é uma música linda!


sábado, 23 de outubro de 2010

sete trombetas apocalípticas*

(imagem recolhida da internet)


um estrondo um furor
um rasgo no céu surgiu
sete anjos
desceram
com sete facas afiadas
as lâminas cortantes
avermelhadas
recobriram o mundo que ardia
quando tudo esvaecia
e o apocalipse eu vivia

nas terras negras
inférteis
tenebrosas e sombrias
por sobre as sete serpentes
bailarinas descalças
com movimentos pungentes
em invulgar harmonia
deslizavam os sete véus
que (in) devidamente escondiam
as sete cores da minha nostalgia

na travessia dos sete mares
no agito das ondas altas
princípio de ventania
meu canto de dor invadia
os sete dias da semana
inscrevendo na carne viva a minha agonia
das sete mil vezes sete
que todos os dias eu morria
e das sete mil vezes sete
que todos os dias eu (re)nascia
e ante a destruição

do que eu sequer sabia
que dos sete pecados capitais
gula
avareza
inveja
ira
soberba
luxúria
preguiça
sete mil bocas sorviam
ávidos sequiosos da minha sangria

e num inesperado clarão
como se fosse
o sol em combustão
estrelas de sete pontas
de ponta a ponta
com resplandecente luz
naquele dado momento
o canto das sete trombetas
laceraram o firmamento
e se fizeram ouvir
a ode triunfal das sete Marias!


Porto, 30 de junho de 2009


*Para Pina Bausch.


Para mim ele é o deus da guitarra, e como todo deus, merece ser reverenciado, Eric Clapton, Knocking on Heaven's Door (Bob Dylan), aumenta o som e transcenda junto, porque é da natureza do blues esse corte na alma!




quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Só depois...

(imagem colhida na internet)


só depois de tanto impasse

desencontros e embaraços


só depois do teu riso franco

dos teus olhos me causarem espanto


só depois desse toque de cetim

da serenidade que explodiu em mim


só depois de desaguar nesse desejo intenso

e navegar nesse mar imenso


só depois de contarmos as estrelas

nosso quarto estado da matéria


só depois de o céu se abrir em copas

e minha alma desabrochar em flor


entendi que

um tempo novo chegou


só depois…


Tenho escutado bastante a Dianne Reeves, a quem tive o prazer de ver e ouvir, no Teatro Metropol, em Tarragona, Espanha, (en)canta com , In Your Eyes. Apenas oiça... Feche os olhos e contemple os mundos.


domingo, 26 de setembro de 2010

Numa noite

(imagem recolhida da internet)




de lugar nenhum tu chegastes


numa noite qualquer


numa noite morna


numa noite


dessas em que nada de imponderável acontece




na irresponsabilidade de julho


vimos o sorriso se desenhar em nossas bocas


rumores doces e olhares brilhantes


quanta sedução


delicadezas num fio de voz






e voamos


no azul das tuas retinas embevecidas


nos meus castanhos que brilhantes engolem tua paixão


nas tantas alegrias divididas


na vida que pulsa em nós




Porque eu adoro essa música, assim como a voz dessa moça, Madeleine Peyroux: Life is Fine. Curtam!







quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Assombrosa Verdade

imagem: waldete cestari

então aquela assombrosa verdade
sem culpa e sem alarde
caiu como uma luva
em minhas mãos gélidas
- pela ausência do seu toque -

e meu olhar opaco perdido
vagava distraído
como as folhas soltas de um outono distante
escondido da emoção
- quando olhei para o lado já não estavas -

o mundo girou
a vida aconteceu
uma estrela explodiu
uma flor nasceu
- nada reparei -

fiquei com dó de mim
perscrutando os abismos
intercalando indagações e lamentos
num dado momento a vida acenou da janela
- decidi sorri
r-lhe de volta -

Quem comigo comemora? Ele sempre, Chico Meu Amor Buarque de Holanda Olinda Brasil e do Mundo, cantando: Carolina - "Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo..."


domingo, 5 de setembro de 2010

Vai, Coração


(imagem recolhida na internet)


vai, coração

anda

vai para a vida

chega de tanta partida

de tão partido


vai, coração

vai sim

sorria para a vida

sim

mil risos sem fim


vai, coração

vivre au grand jour

na claridade da vida

sai da penumbra

desanoiteça


vai, coração

renuncia a sosinhez

anuncia seu regresso à vida

esqueça de se esquecer

vamos, eu te aqueço


Sempre que leio os poemas do Samarone, dá vontade de escrever e fazer esse exercício de intertextualidade.


Curtis Mayfield - People Get Ready, preciso dizer mais? No entanto se preferires com o Jeff Back, é válido também! Feche os olhos, sinta a música e pegue o trem, viaje!







quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Sentir*

(imagem recolhida na internet)

um sentimento sacralizado
que prende e agoniza
em sua dubiedade, liberta e escraviza
- e nutre a existência -

que anula a realidade
provoca inquietude
alimenta vicissitudes
- mas não foge dele -

tudo ter
quase tudo ter
e não ter
- mas cristaliza -

esse sentimento demais
a cada dia mais
reverberando o grau de desejo
- mas subverte a ordem
-

quantas vezes se ouviu o silêncio
quantas vezes soprou o vento sul
quantas vezes girassóis floriram na janela
- apesar da paisagem inóspita -

cíclico
variantes (e variáveis)
flecha do tempo
- tiro certeiro -

esse sentimento ancestral
que movimenta espaços
derramando-se
- mas ignorado -

ser e mundo
revelando segredos
esgueirando-se
- mas fiel ao hermetismo -

silenciosa presença
quase sempre noturna
e uma saudade profunda
- mas contrapõe-se à vida -

*Especialmente para você, que me deu tanto, que me deu tudo. Inclusive essa (e outras) música(s)... E pelo nosso tempo.


Nei Lisboa - Pra te Lembrar. Precisa dizer mais? Cantemos: "Que que eu vou fazer pra te esquecer?/ Sempre que já nem me lembro/ Lembras pra mim/ Cada sonho teu me abraça ao acordar/ Como um anjo lindo..."

domingo, 15 de agosto de 2010

Flor de Cactus

(imagem recolhida da internet)

como dói
essa dor certeira
essa que insiste
e resiste
alheia
ao bramido

essa dor que rasga
mas não se vê o talho
queima sem lume
sangra mas não escorre
silêncio mortal

... mas ainda restam
a saudade
que se instala sorrateira
o percurso mental
a autopoiesis

e essa memória sempre-viva
feito flor de cactus
insistindo em brotar
na terra que já secou
em adiantada estiagem

e afiados espinhos...


Fátima Guedes - Flor de ir Embora... Oiçamos-na!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Contingência

(imagem recolhida na internet)

não era um ensaio de vida
um recorte incomum
de um tempo suspenso no ar
havia sempre um sol resplandecente
jogando seus raios no mar


intensidade e harmonia
entre cumplicidades e poesias
risos rasgados na boca
tanta esperança no olhar
uma cartografia da alegria


eis que por uma contingência
deu-se o imponderável
algo difícil de imaginar
transliteração
de uma existência para outra


e as palavras outrora tingidas de amor
caíram no esquecimento
desbotaram de saudades
sentidas, magoadas
com o silêncio absurdo da ausência


Tão Só - Pimp´s, do cedê: Nha Alma Já Revelá, mais música com a qualidade caboverdiana. Simplesmente amo essa música! Gosto do tom melancólico da voz do Dany, emprestado à canção. Só eu sei o que essa música causa em mim, só eu sei! Sintam-na, ouçam-na também com os poros. Uma pena que a maioria aqui não perceba o crioulo... Conheçam mais do Pimps aqui.


domingo, 8 de agosto de 2010

"Love Hurts"

(imagem colhida na internet)


é porque o sentimento pesa dentro do peito

e o coração petrificado de amor

nem bate nem apanha

entorpecido já não sente mais dor


Qual é a música desse momento? Só dá ela: Love Hurts Boudleaux Bryant/Felice Bryant-na inesquecível interpretação do Nazareth.




segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Presentes

(imagem recolhida da internet)



à alegria: um vermelho intenso para contornar lábios que sorriem

à esperança: um azul ultramarino e a travessia dos oceanos

às manhãs: dias brancos em searas seguras

aos sonhos: um arco-íris com potes de ouro ao final

aos dias chuvosos: lápis de gizes em tonalidades gris e sépias para circularem afinidades

às noites escuras: estrelas em amarelo ouro e cometas pratas para tecerem bordados de encantar

à solidão: um violino pigmentado pela garança e uma sinfonia de Chopin

à desumanidade: um canteiro de rosas de todas as cores e o livro Palomar, do Italo Calvino, para amolecer espíritos de pedras

aos desbotados: o cerúleo, a safira, a água-marinha e o mirtilo eternizados nas telas de Jan Vermeer

aos esquecidos: todo o registro fotográfico daquilo que foi uma vida e estar junto fazia sentido

aos atrasados: um relógio de bolso sem ponteiros para nunca perderem a hora

aos sedentos: água de flores guardadas em alguidá

aos amargurados: trufas recheadas de contentamento

aos que perderam a fé: a delicadeza de um filme do Jacques Tati

aos perdidos: a linha do horizonte para trazerem o que ficou distante

aos encontros: fogos de artifícios em explosão de cores como se fosse a paleta de Ticiano

para os dias de sol: uma rede em ocre e terracota para embalar pensamentos

às desavenças: chuvas de pétalas de flores construindo palavras de abraçar

aos desamores: licor de anis para tirar o gosto acerbo da alma

à saudade: o silêncio dos claustros, entrecortado vez por outra pelo vento suave a chamar cretcheu

aos reencontros: as 4 Estações de Vivaldi, nos jardins do Palácio de Cristal

aos afectos: o matiz castanho-sereno da estabilidade e do conforto seguro

à felicidade: uma caixinha de música, na tonalidade magenta, com uma bailarina dançando no espelho

à paixão: o fogo e sabor de um resfolegante beijo

ao amor: o brilho infinito que emoldura o meu olhar quando te vejo!




A manauara de voz linda, Eliana Printes, traz-nos sua bela interpretação da canção, Presentes - Kléber Albuquerque - cantemos juntos!



terça-feira, 27 de julho de 2010

Parindo Estrelas

(imagem recolhida da internet)


blindei o corpo
deixei o medo na gaveta
e o coração estendido no sal
ao sol
- já não batia mais no peito -

medi os palmos que me separavam da felicidade

mas não desenhei os passos
- esqueci-me –
não vi as flores no caminho
e nem o menor sinal do amor

engoli a solidão
bebi toda a saudade
transformei a amargura em vinagre balsâmico
- coisa do tempo –

segui sozinha
engravidei-me
não fiz cerimonia, nem alarde
o momento é de parcimônia
e parti

sem mágoas
ao crepúsculo
ao sabor do vento
muitas contrações depois
pari o firmamento

- transbordando de estrelas -

Passei o dia ouvindo essa música: Grávida - Arnaldo Antunes - cantada pela Marina Lima.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Devolva!

(imagem colhida na internet)



ei moço que tal devolver meu coração

que guardas no bolso?

e deixar que eu caminhe sozinha

que eu rompa em definitivo

essa invisível linha

que costura sentimentos

tão vivos e

vãos?


Fagner canta, Conflito - Petrúcio Maia / Climério - Ninguém escutou essa música mais do que eu. Será? Ouçam-na, é belíssima!



quarta-feira, 14 de julho de 2010

Verso le Tue Braccia Accoglienti

(imagem recolhida na internet)

pois que o meu sorriso e o meu olhar
sejam para além matéria de encantar
e que a minha boca carnuda resguarde do mundo
um mundo sonhado num instante inesperado

e a minha alma de passarinho voe sem escolher caminhos
por sobre o atlântico

que no estreito de messina
sejam um
(a dois, já diluídos)

deslizando suave todos os mares
adriático, jônico, lígure, mediterrâneo, tirreno

e a minha liberdade pronunciada em todos os nãos
seja a cada dia consubstanciada

sorridere radiosamente
diante do anunciado

e nosso refúgio cintile
como aquele brilho estelar
que captas voraz das retinas a cada encontro singular

nesse desavisado fortúnio
que chegou sem alardear

esplosione e desideri
come mi faccio avanti
in passi de un ballerino
verso le tue braccia accoglienti!


Nesse momento tá no repeat a música Quando - Pino Daniele - cantada pelos Neri Per Caso. Cantarolemos e sintamos..."Tu dimmi quando quando/ Dove sono i tuoi occhi e la tua bocca/ Forse in Africa che importa..."



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mar de Sal

(imagem colhida na internet)


como o mar
em movimento e espumas
que hipnotiza além-horizonte
que renuncia a carne e
lava a alma em sal
salmoura

como um navio abandonado
esquecido em qualquer porto
sem rangido ou gemido
partido em mil
milhões de partículas de sal
ao vento

como maremoto
infinitos deslocamentos
enchente atemporal
transbordando por dentro
essas águas de flores águas de sal
leva

deságua
enfurecimento líquido
desvio de curso
liquida esse inesperado percurso
nuvens de sal

enterra de vez discurso

no fundo do mar!


Eu adorei o comentário-poema-espelho do Salve Jorge:

Pra tanto mar
Alguma terra
Pra que ficar
Se a vida emperra
Empurra
Suplante a surra
Que vencemos a guerra
E o sal
Vira tempero
E não será exagero
Se até o mal
Mudar o canal
Deixar de destempero
O passado enterra
E num novo discurso
Seguir o curso
De mares nunca dantes navegados...




Geraldo Azevedo canta: Caravana - dele e do Alceu Valença. Sem perguntas e sem respostas, apenas ouça, cante e sinta: "Corra não pare, não pense demais/Repare essas velas no cais/Que a vida é cigana..."





































































sexta-feira, 18 de junho de 2010

África Rainha

(imagem recolhida da internet)

áfrica, áfrica
o canto que quebra o silêncio do vento
o gemido abafado pelas águas
é o amontoado de pessoas nos porões dos navios
sonhos desfeitos
raízes arrancadas
do ventre da mãe

áfrica, áfrica
terra amada
inesgotável fonte de amor
onde deixei minhas pegadas
cravadas no sulco das estradas
e saí acorrentada
sem jamais querer partir

áfrica, áfrica
lá plantei meu coração
onde cantei as mais doces canções
lá sou liberdade
onde a riqueza maior é a felicidade
lá sou pluma e marfim
e minha alma sorrindo reveste-se de cetim

áfrica, áfrica
no desfolhar da tarde
eu grito minha silente saudade
vagando sem morada
perdida na própria sombra
acendendo as lembranças
para não perder-me de ti

áfrica, áfrica
meu mundo sentimento profundo
minha gente meus sabores minha semente
todas as cores bordadas no manto que me protege
fui extraída do teu útero
mas estás calcificada dentro de mim
e nesse padecimento sem fim és a estrela que me rege



*Chimamanda Adichie, sintam...

Entre choros e risos, grito: African Queen - 2Face Idibia. Cantem, gritem comigo: "Yeah, yeah, you are my african queen, oooh lord, oooh lord/Just like the sun, lights up the earth, you light up my life/And you are my african queen, the girl of my dreams/You take me where i've never been/... You are my african queen, the girl of my dreams/And you remind me of a thing/And that is the african beauty yahhh..."



* Thanks, Brenna Damasceno, uma flor que eu conheci em Portugal.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

O nome disso é saudade!

(imagem recolhida da internet)

esse alarde silencioso
essa quietude impaciente
essa abstração do mundo
essa observação interna
esse (des) conhecimento uterino
essa pele nua
descoberta

esse estar em mim

esse desvão de planos
esse romper de sonhos

esse desvario insano
essa mudança de rota
essa mudez na alma
essa estupefação diurna
essa contradição noturna

essa intercalação soturna

essa insatisfação uivante
essa constatação patética
essa devastação que inquieta
essa ausência de comiseração

essa crua certificação


esse precipício adentro
esse vácuo afora
esse monólogo murmurante
essa constelação oitante
essa sombra rente
esse sol poente

essa rima urgente

essa peregrinação insistente

esse amargor constante
essa espera que arde
isso tem nome

o nome disso é saudade!



Quem melhor que a "Dama de Pés Descalços", para exortar em canto a minha saudade (e dói, viu)? Cesaria Évora, Sodadi!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Primavera

(imagem colhida na internet)

no meio da alameda
paraste-me
olhaste-me nos olhos
tocaste minh' alma com um beijo
e minha boca encheu-se de certezas
era maio
(colhemos todas as flores possíveis)
e desde então é sempre primavera...


Eternamente em mim: Primavera - José Miguel Wisnik, com a participação da queridíssima Ná Ozzetti. Cantemos: "A primavera é quando ninguém mais espera/ E desespera tudo em flor/ A primavera é quando ninguém acredita/ E ressuscita por amor..."


domingo, 16 de maio de 2010

(d)Existir

(imagem colhida na internet)

a lembrança foi um sopro
inesperado que chegou no vento
o sabor e o cheiro
aprisionados
na alma corpo pensamento


e quando aquela insiste em resistir
recorro aos artifícios
invento mil malefícios
subverto o coração
e escrevo para (d)existir


Recebi o prêmio Blog de Ouro, da Juliana Carla, do blog Braille da Alma , o selo está na coluna à direita, indico-o para todos, mas tenho que selecionar seis, ei-los:

Ana Cláudia - http://ninhodaninha.blogspot.com/

Dilberto - http://osmorcegos.blogspot.com/

Mariana - http://sordidassa.blogspot.com/

Max - http://max-etnias.blogspot.com/

Nanci - http://maria-sem-vergonha-docerrado.blogspot.com/

Si - http://malaguetasweet.blogspot.com/

Trago a Nana Caymmi cantando, Resposta ao Tempo - Aldir Blanc/Cristovão Bastos. Cantemos: "Num dia azul de verão/ Sinto o vento/ Há fôlhas no meu coração/ É o tempo/ Recordo um amor que perdi/ Ele ri [...]/ Eu posso, ele não vai poder/ Me esquecer".



domingo, 2 de maio de 2010

Desejo oblíquo

imagem: andrea

e então dobraste a esquina
vi de soslaio
teu vulto elegante
em passos cadenciados


basalto
rebrilhando na retina
postura de rei
entre nós

muito mais que o gradil
o vento

adversidades e escolhas
magma derramado

rocha
e meu desejo oblíquo
pendendo da janela
fome tardia

de uma vontade que não sacia
uma saudade que arde
e fere a paisagem
e o poema



Uísque (com gelo), por favor! E a Amy Winehouse, cantando centenas de vezes: Back to Black!



Amigos/as, já recebi diversos selos, e sei que todos foram oferecidos com muito carinho, mas não sabia colocá-los aqui, de modo que agora sei, e na barra lateral inauguro os mimos.

Regras:

1. Dar, no mínimo, a 5 blogs.
2. Copiar endereço de imagem e falar quem o indicou.
3. Colocar as regras.
4. Avisar os indicados.

Recebi da Si:


Indicados:



b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...