Olhei pela janela do avião, mas não podia tocar nas nuvens, as mais variadas formas. Senti-me tão pequenina e tão grande ao mesmo tempo, vagando e divagando ali, olhando aquela imensidão azul, salpicada de pontos brancos, com a sensação de primievo... Um céu grandioso e único...
De repente, das nuvens se fez um rio, olhava lá embaixo e vi o Tejo. A sensação de sobrevoar o Tejo foi bem solitária. É isso, vivi uma solidão olhando o Tejo, os barquinhos e seus pescadores. Chovia em Lisboa, e nem me dei conta, a não ser quando um pingo de chuva que caiu do teto do ônibus molhou minha vizinha de cadeira, e essa fez um comentário. E foi quando saí do transe e compreendi que não estava mais no Recife (Em Lisboa, desembarca-se do avião, toma-se um ônibus, circula-se pelo aeroporto, e chega-se no aeroporto???? ).
- Estás sozinha?
- Sim.
- É a sua primeira vez?
- Sim.
- Qual o país de destino?
- Espanha.
- Vais a trabalho?
- Não. Vou estudar.
- Ah! Sim?
- Doutorado.
- Bem, boa viagem!
- Obrigada.
Carimbada no formulário de imigração. Subi à sala de embarque.
Lisboa, de longe me parece uma cidade bonita, mas não desejei sair do aeroporto e passear por ela. Fiquei 7h10min., no saguão esperando a hora de embarcar para o próximo destino; enquanto isso passeava, olhava as vitrinas. Decidi comer algo, pedi uma fanta laranja, uma Ambrósia e depois um “pingado”, é um pingo mesmo de café no fundo da xícara e esse pingo, custa a bagatela de 1,15 € (com esse valor eu compro no mínimo dois pacotes de café solúvel, no Brasil), local cheio de fumantes, não há diferenciação, fumante ou não, o ambiente é o mesmo. Haja fumaça de cigarros, o número de fumantes na Europa é absurdo. Deve ser a solidão. Bengala para a solidão é um cigarro na mão.
Entediada até a raiz dos loiros cabelos, finalmente hora de embarcar pra Barcelona. Pedi pra fazer uma conexão larga, mas não tão larga assim. Com os vôos atrasados desde o Recife, cheguei em Barça, faltando exatamente 40 min para tomar o outro vôo. Desci feito bala, saí disparada pelo saguão e não encontrava meu portão de embarque. Já era noite.
O primeiro guichê que avistei, foi de uma empresa alemã: - Perdona, ayudame¿ Yo no estoy mirando el painel de llegada e salida dos vôos, puedes apuntarme¿¿
Segui o braço que a moça levantou. E não é que o painel estava exatamente atrás de mim?
Agora faltavam menos de 40 min. Nova correria até o portão 42. Ufa! Em menos de dez minutos embarcava pra Granada. A sensação foi a pior possível. Chorei. Ali, sentada, quieta, em silêncio. Me senti tão desamparada. Estava deixando pra trás pessoas e coisas importantes, aquietava meu coração dizendo: não chora, não estás indo à imolação (era exatamente o sentimento, sacrifício). A despedida no aeroporto no Recife, os amigos, elas com os olhos vermelhos, lacrimejantes, e nos braços a me dizerem, força! Aceitei a minha sorte e suportei (até quando eu não sei). Passou tudo na tela da minha memória.
Um tremor percorria-me a espinha dorsal, aquele avião da Spanair sacolejava muito, e tive medo. Mas a sensação de acolhimento que senti ao chegar no aeroporto Federico García Lorca, naquela distante e fria noite de outubro, nas presenças da Adri, Zé e Joãozinho, também compõem meus instantes de tenura.
Sou só saudades!
De repente, das nuvens se fez um rio, olhava lá embaixo e vi o Tejo. A sensação de sobrevoar o Tejo foi bem solitária. É isso, vivi uma solidão olhando o Tejo, os barquinhos e seus pescadores. Chovia em Lisboa, e nem me dei conta, a não ser quando um pingo de chuva que caiu do teto do ônibus molhou minha vizinha de cadeira, e essa fez um comentário. E foi quando saí do transe e compreendi que não estava mais no Recife (Em Lisboa, desembarca-se do avião, toma-se um ônibus, circula-se pelo aeroporto, e chega-se no aeroporto???? ).
- Estás sozinha?
- Sim.
- É a sua primeira vez?
- Sim.
- Qual o país de destino?
- Espanha.
- Vais a trabalho?
- Não. Vou estudar.
- Ah! Sim?
- Doutorado.
- Bem, boa viagem!
- Obrigada.
Carimbada no formulário de imigração. Subi à sala de embarque.
Lisboa, de longe me parece uma cidade bonita, mas não desejei sair do aeroporto e passear por ela. Fiquei 7h10min., no saguão esperando a hora de embarcar para o próximo destino; enquanto isso passeava, olhava as vitrinas. Decidi comer algo, pedi uma fanta laranja, uma Ambrósia e depois um “pingado”, é um pingo mesmo de café no fundo da xícara e esse pingo, custa a bagatela de 1,15 € (com esse valor eu compro no mínimo dois pacotes de café solúvel, no Brasil), local cheio de fumantes, não há diferenciação, fumante ou não, o ambiente é o mesmo. Haja fumaça de cigarros, o número de fumantes na Europa é absurdo. Deve ser a solidão. Bengala para a solidão é um cigarro na mão.
Entediada até a raiz dos loiros cabelos, finalmente hora de embarcar pra Barcelona. Pedi pra fazer uma conexão larga, mas não tão larga assim. Com os vôos atrasados desde o Recife, cheguei em Barça, faltando exatamente 40 min para tomar o outro vôo. Desci feito bala, saí disparada pelo saguão e não encontrava meu portão de embarque. Já era noite.
O primeiro guichê que avistei, foi de uma empresa alemã: - Perdona, ayudame¿ Yo no estoy mirando el painel de llegada e salida dos vôos, puedes apuntarme¿¿
Segui o braço que a moça levantou. E não é que o painel estava exatamente atrás de mim?
Agora faltavam menos de 40 min. Nova correria até o portão 42. Ufa! Em menos de dez minutos embarcava pra Granada. A sensação foi a pior possível. Chorei. Ali, sentada, quieta, em silêncio. Me senti tão desamparada. Estava deixando pra trás pessoas e coisas importantes, aquietava meu coração dizendo: não chora, não estás indo à imolação (era exatamente o sentimento, sacrifício). A despedida no aeroporto no Recife, os amigos, elas com os olhos vermelhos, lacrimejantes, e nos braços a me dizerem, força! Aceitei a minha sorte e suportei (até quando eu não sei). Passou tudo na tela da minha memória.
Um tremor percorria-me a espinha dorsal, aquele avião da Spanair sacolejava muito, e tive medo. Mas a sensação de acolhimento que senti ao chegar no aeroporto Federico García Lorca, naquela distante e fria noite de outubro, nas presenças da Adri, Zé e Joãozinho, também compõem meus instantes de tenura.
Sou só saudades!
Mas no entanto é preciso, pá, navegar, navegar...
ResponderExcluirIntensa narrativa de fatos e sentimentos, faz com que eu me sinta ao teu lado o tempo todo, no avião, na sala de embarque, sobrevoando o Tejo... Parece que vc está me contando isso tudo ao mesmo tempo em que ocorre. Sinto a tua saudade como minha, mana. O coração parece que incha, se agiganta, não cabe mais no peito. O choro pelo que fica, a ansiedade pelo que vai encontrar.
Sentimentos demais. Overdose deles. Uma nova e rica vida, faltando tão pouquinho para ser absolutamente completa... Questão de tempo, tudo é o tempo.
Não deixe que a solidão te contamine demais. Você não está - você nunca foi - só. Você levou consigo os que te amam. Olha do lado: estamos aí, contigo.
Beijos, beijos, e mais beijos.
Outro recado:
ResponderExcluirSei o quanto vc quer falar com minhas sobrinhas e meu cunhado no pouco tempo que têm na net. Não se preocupe em me dar atenção nessas horas. Dedique-se de corpo e alma nessas conversas, elas vão te fazer bem. Mas estou sempre por aqui. Sei que vc sabe disso.
Que bom que você voltou, e com a intensidade que poucas pessoas possuem. A Boca mais do que conta, encanta com seu grito de amor e dor a saudade do homem amado, parabéns pelo texto, pelo sentimento e pelo doutorado.
ResponderExcluirQue a Espanha saiba acolher e aprender com você o tudo que você tem pra ensinar.
Um beijo.
Lindo, simplesmente lindo!!
ResponderExcluirCantou bem hein, Bocarra?
ResponderExcluirAh, maninha se tu soubesses as vezes tantas q eu ando por essa cidade convesando contigo... Ou deito na cama e tenho cada diálogo... Vc tá em mim, é parte de mim, me acompnha e todos os lugares.
ResponderExcluirSei que contigo sempre contarei. Te amo, viu?
E essa ruptura eu precisava viver, tantas vezes adiei esse plano... Agora nao mais É chegada a bela hora do parto.
Obrigada por existir em mim, em minha vida
Não se vive verdadeiramente sm rupturas. - já lhe recomendei a ler o "NOME"... Prudência, mulher... Agudeza e... Verdade. Caminhe. E não tente se confortar forçando o alinhamento de seus olhos aos seus outros sentidos. Pode não fazer "sentido". :-)
ResponderExcluirNossa que lindo e verdadeiro seu texto, imagino como está se sentindo, pelo menos um pouco, já passei por isso!
ResponderExcluirA saudade é um dos sentimentos que mais dói, e qdo estamos longe as oscilações que ela tem é impressionante!
Como vc tem um objetivo de estudo, vá em frente encare essa imensa saudade, que no final tudo será lindo e vc sairá uma grande vencedora!!
Força e Luz pra ti sempre!!
Obrigada pelo carinho nos recados deixados no meu blog, ah e como posso t chamar (nome) ?
Ótimos estudos!
bjux bjux
Ju Fênix.
Lindo, muito lindo, apesar de ter uma tristeza aí. Mas é lindo o que você escreveu, o texto me calou.
ResponderExcluirQue linda vc...
ResponderExcluirObrigada pelas palavras querida!
bjux mtos.
Você fala tão bonito de saudade, dá até vontade de sentir assim também.
ResponderExcluirBeijos.