tem um quê de determinismo
tem um quê de filosófico
tem um quê de metafísico
escrever, escrever
gêneros textuais
definição, explosão, metáfora, alegria
fodere no baixo latim
numa sexta atemporal
pedras, estradas, pontes, sementeiras num canto da cidade
interligados e conf(id)luentes
rios do mundo que desembocam no Recife
entre mesas e cadeiras
luzes artificiais
o fogo da poesia numa chama de vela
que mesa alegre era aquela?
de João Cabral a Mário Faustino
de Drummond a Ítalo Calvino
de Manuel Bandeira a Mia Couto
António Lobo Antunes e Fernando Sabino
mas não parou por aí
uma partícula e era prosa
quando penso em América do Sul
nunca lembro Vargas Llosa
concordância ancestral
extraídas das entranhas da terra
transformando em ouro os metais vis
lóg filosofal
perpetuada por um poeta genial
outras feras também estavam lá
em rosa pura e lírio
Cecília e Clarice
contrárias e complementares
entre as linhas, as costuras da emoção
uma é feitiçaria e a outra magia, ambas: poesia
quando publicamos a obra já não nos pertence
Graciliano Ramos presença indispensável
sentimento, sangue e carne tudo transformado em arte
Osman Lins nos arrebata, Nove, Novena
Avalovara e um palindrômico emblema
Guimarães, ah o Rosa quem não já se enveredou pelo Grandes Sertões...?
Avalovara e um palindrômico emblema
Guimarães, ah o Rosa quem não já se enveredou pelo Grandes Sertões...?
Alice Ruiz e Paulo Leminski
não poderiam se ausentar
concisão e objetividade em meio ao desejo
na passagem em potencial
da interface virtual para o sabor do real
vai, vai e temos um haikai
Galeano e Cortázar
foram se instalar entre abraços
fantásticas palavras-pontes
Mafalda do Quino também estava lá
Mafalda do Quino também estava lá
mas não há como sobre O Muro ficar
numa mesa de poetas, sonhos desdobrados de dentro da bolsa
a melancolia também é matéria no ar:
Sartre pode me explicar
a confissão que se ouve
pelo canto da boca
ladeada de delicadezas
sementeiras que brota(m)vam vida
sua inspiração está na lida cotidiana
como o mestre do nordeste
Patativa do Assaré
meus versos é como semente
que nasce arriba do chão
que nasce arriba do chão
mas sempre bebendo na fonte do coração
nos encontros marcados pela vida
nunca se sabe onde vai dar
isso foi só o começo desse nosso estradar
uma rede de afetos
começou a se formar
interligados pela escrita
inesgotável fonte de amar!
--------
Olinda, XII - VIII - MMXI
Para Magna, Josias, Dimas e Fabiana, obrigada pela alegria de ontem!
Lena, Ducaldo e Edjane, um agradecimento para lá de especial (e um pedido de perdão) por aturarem uma gente tagarela e ávida por poesia, e excesso de alegria. vocês são parceiros dessa festa!
Também estavam presentes nas palavras, no carinho e na admiração, Ana Cláudia, Samarone, Naire e Silvinha.
Belchior, Ypê
Linda decrição poética do encontro, Boca! E foi tudo isso mesmo; e todos esses estavam lá e até mais outros (Chico Buarque, Ferreira Gular...). Uma noite que foi começo de encontro(s). E que começo!
ResponderExcluirComo disse lá no Sementeiras, noite que condensou o que de bom tem a vida: amizade, abraço, palavra, poesia, festa, afeto, alegria.
Um beijo
Nossa, Boca! E eu estou aqui sem saber o que dizer! É um perigo, quando me sinto assim: gafes ou bobagens são as opções mais certas.
ResponderExcluirVocê conseguiu costurar o bom de cada um, o indispensável. As admirações que precisavam ser ditas e ouvidas (apesar da vontade de esconder-se debaixo da mesa). Minhas palavras estavam entaladas na garganta, os abraços também estavam represados nos meus braços. E ainda estou com vontade de abraçar mais, de dizer mais.
Quero o próximo! Por favor. Que não demore!
Beijão!
Magna
Obs.:show de Gil, acordei agora. Gostei muito, mas senti falta de tanta música...intimista demais, queria um pouco de remelexo no palco. O Lamento Sertanejo me salvou, aquela da Morte...ARRE!
Uma gente mais que linda, Cris, além de escreverem muito bem, demais, pra caramba, e vale a pena dar uma lida, vem, te convido a visitares os respectivos blogues!
ResponderExcluirBeijos!
Josias, inda hoje tou impregnada pelo encontro de poetas! 'Essa besteirinha' que postei aqui não chega nem perto... Chico, Ferreira Gullar, T.S. Elliot (lembra? após citá-lo, lembraste que era dele que querias falar), Baudelaire, Ezra Pound, Bertrand Russel - Ná Ozzetti, André Mehmari, Chet Baker, John Coltrane - essa conversa paralela com o Ducaldo, recheada de música - , e que começo! Que venham mais, sempre! Obrigada pela generosidade!
ResponderExcluirRindo, sei bem do que falas, 'Maga' (eu adorei essa forma do Josias te chamar), o Boca não é à toa, rs.
ResponderExcluirEu também quero mais, 5h, 6h foi um tempo pouco para o tanto que tem pra ser dito. Vamos ter mais sim, vamos sim!
Eu passei a semana inteira ouvindo o Gil, e quase que apenas o Refavela e a Refazenda, basicamente o show dele, foi em cima desses trabalhos, acho que percebeste. Faltou cantar Drão, ai, como eu amo essa música!
Eu não gostei também daquela da morte, embora seja a outra perspectiva da vida, mas a nossa 'vibe' não era disso, mas de alegria, comemoração, eternização, nera? Eu nem bati palmas para essa música!
Beijinhos!!!
;)
Ai... Perdi! Carrego todos vcs no coração, sinceramente. Mas queria mesmo é ter compartilhado a cerveja com gente tão... tão... tão... foda. Bons demais da conta, sô.
ResponderExcluirBeijos carinhosos em todos.
Mana, obrigada.
Eita, Boca, sentimos diferente. Nâo sei se por estar perto - quase cheirando o cangote de Gil. Talvez pelo tema "morte" ser algo que convivo, converso "introspectivamente". Senti aquela música de outro jeito. A forma como ele encontrou para cantá-la no show, quase a decantando, apenas batucando o violão, intercalando com um toque solitário em alguma corda, vez ou outra...nossa! Que interpretação! O meu "arre" foi de admiração. Achei-a belíssima e descobri um contra-ponto: "Não tenho medo da vida". Envio depois a letra, aliás, vou enviar, por email, algumas coisinhas musicais para vocês .
ResponderExcluirTambém adoro Drão, penso nas despedidas que já vivi, ver o sujeito ir embora, fechar a porta...quem já não viveu? Dizer adeus, sem querer dizer, um tchau, quase pedindo pra voltar? Ele cantou aquela música para Sandra, depois da separação. Ela disse que foi um momento de muita emoção. Pudera.
Encanto-me com a capacidade de certos poetas, artistas em traçar a vida pelas letras. Mas, como Gil disse: "A raça humana é/Uma semana/Do trabalho de deus".
E eu ainda queria dizer que perto de você, Geó, Dimas, Fabiana, sinto-me bem pequenininha, do tamanho de um grãozinho de feijão.
Beijão bem grandão!
Magna
Estavas lá em cada um de nós, porque se não fosse tu, eu não saberia dos demais e vice-versa, então a senhora foi quem inscreveu essas sementes, num canto desse estradar que palavras pontes sempre irão interligar e no ninho da ´Ninha se apascentar!
ResponderExcluirBeijo, mAninha, e vê se não demora vir aqui, hein? Porque a cerveja tá gelando e te esperando, nós também!
;)
Acho que pelo contexto mesmo, Magna, meus ouvidos ontem estavam cheios de risos, alegrias, camaradagem, via apenas flores, luzes, belezas sem fim. De modo que minha audição estava um tanto hermética para qualquer coisa que extravasasse essa imagem onírica, que estava dentro de mim. Senti um calafrio enquanto ele a cantava, a mim fugiu do que eu senti...
ResponderExcluirMas enfim, são as referências, as (tais) subjetividades, eu gostei demais da sua descrição sobre ela. Uma beleza!
Beijos, e vamos agendar uma próxima, pensei até numa coisa diferente, rs...
;)
Bom demais! Que venham outras...
ResponderExcluirFoi mesmo, Luna, que venham mais, outras mais!
ResponderExcluirBeijo!
;)
Canto,
ResponderExcluirTodos chamam boca, mas já adotei o Canto. Longe do mundo virtual por um piripaque no computador, retorno, como que retorna ao mundo dos vivos para dizer que o encontro foi tudo isso e foi mais.
Foi algo que só sabe quem sentiu, que só se arrepiou quem ouviu e só sorriu quem viu.
Mas ficamos assim, na intenção de fazer outros encontros, ainda mais ricos, cheios de poesias e de gente feliz.
E que se forme a rede de blogues literários.
Dimas
Um excelente encontro:)!
ResponderExcluirBjo
Dona das palavras, emociona como ninguém.
ResponderExcluirBonito, Branca.
beijo
Penso que esta revisitação linda aconteceu na sequência de um serão bem passado a falar de lietratura...
ResponderExcluirGostei desta evocação sorridente.
E não são o "must", Cris?
ResponderExcluirBeijossss!!!
Sim, Dimas, sim, exatamente, só quem esteve lá é que sabe, sentiu.
ResponderExcluirAndei um pouquinho só ausente dos blogues tb, mas cá estou de volta.
E vamos sim levar a cabo o seu belo projeto da rede de blogues literários, uma beleza isso!
Abração!
p.s.
e as fotos?
;)
Excelente sim, Alvaro, foi emocionante, amigo e poético!
ResponderExcluirBeijo!
;)
Obrigada, Nego...
ResponderExcluirBeijão!
;)
Foi sim, Mane, um momento de deleite poético e amigável, foi lindo!
ResponderExcluir;)
Passei para dar um beijinho, gostei muito de ler este post
ResponderExcluirObrigada, Sérgio, prazer ter-te aqui. Volte sempre!
ResponderExcluirBeijinho!
Olá, Canto da Boca
ResponderExcluirVim cair aqui no meio desta alegria toda, penso que foi um encontro em que a literatura foi rainha. Acertei?
Li com entusiasmo a descrição poética e aproveitei para comungar do entusiasmo que por aqui reina. :)
Beijo
Olinda