domingo, 15 de março de 2020

entre a fundura e o poço

"Cultivar o deserto
como um pomar às avessas:
[...]
onde foi maçã
resta uma fome"


João Cabral de Melo Neto

lençóis maranhenses, imagem colhida na internet, desconheço a autoria

entre a fundura e o poço
tem o tempo
tem o deserto
tem a areia
e as mudanças do vento

entre a fundura e o poço
tem o tempo
o deserto do deserto
planícies cobertas de sal
e um sol ofuscante no céu

entre a fundura e o poço
tem o tempo
tem a história
tem o sonho
e os desperdícios

entre a fundura e o poço
tem o tempo
as serpentes e os lagartos
um coração em alvoroço
e um oásis em algum canto

--

XV - III - MMXX

Charles Aznavour, Non je n' ai rien oublié



3 comentários:

  1. um oásis o canto da boca, sem dúvida! gostei do poema!

    De facto, "entre a fundura e o poço", muitas palavras para dizer...

    cumprimentos

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  2. Entre fundura e o poço
    terá sempre , sempre que existir o oásis
    porque há sempre entre um e outro
    gostei!
    beijinho
    :)

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  3. Em Tempo.
    Gostei muito da foto escolhida para suporte do poema!
    Beijinhos

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Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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