quarta-feira, 10 de novembro de 2021

prolongada hora do ocaso

"Cerro os olhos e cai morto o mundo inteiro
Ergo as pálpebras e tudo volta a renascer
(Acho que te criei no interior da minha mente)"



rio de janeiro, urca: arquivo pessoal

teu nome é um segredo que carrego entre os dentes

mastigo a tua ausência todos os dias

engulo quilômetros de desejos

fincando as marcas do tempo nos grãos de areia

que se dissipam com a luz do sol

 

teu cheiro é uma cobiça que carrego embrulhado entre as pálpebras

que se desdobra e se espalha a cada bater dos cílios

espreitando o lençol rugoso das águas agitadas do mar

a se misturar com a atmosfera azul esperançosa

revelando o insensato gesto de oblivion

 

tua voz chega como um animal selvagem 

que se debate entre os fios dos meus cabelos

como um bicho enfurecido recém-capturado

e eu prisioneira das vontades tantas

transito entre as feras da paixão e da saudade


que me devoram por dentro e por fora nesta prolongada hora do ocaso


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O., X – XI- MMXXI

 Always on my mind - Elvis Presley

2 comentários:

  1. Você já disse tanto neste poema arrebatador que leio e releio as ricas imagens entretecidas para esta confissão amorosa e fico também a contemplar "a hora do ocaso".
    Abraços, Canto!

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  2. A arte se esgueira pelos cantos
    Cantos cariocas
    Cantos que tocas
    Tantos

    ResponderExcluir

Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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