"A verdade é o resíduo final de todas as coisas".
Clarice Lispector em Onde estivestes de noite, p. 92
imagem: colhida na internet, desconheço a autoria
A bebida dançava dentro do copo
enquanto ela brincava com as pulseiras no braço.
Na vitrola Dean Martin cantava uma bela canção:
Sway.
Estava ali,
mas o pensamento perdido.
Bebericava o uísque entre indiferente e blasè e
movia o corpo languidamente.
Algum momento da vida deslizando pela memória.
E só.
Já não se adensava no ciclo findado.
Passeava nele como se estivesse em uma esplanada.
Não desejava nada profundo.
Nada além.
Não precisava mais ir tão longe,
Tudo era resolvido entre um gole e uma canção.
Para que perder tempo com o passado...
Murmurava de olhos fechados.
As ranhuras deslizavam encaixadas,
Nada por aparar,
nenhuma réstia de tempo.
Só aquele silêncio na alma,
a calmaria da madrugada
e o vento embalando
outra vez os sonhos.
Olinda, VIII - VIII - MMXVII
Dean Martin, Sway
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