quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Arriscar

"E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo".

Hilda Hilst em Toma-me





imagem: di cavalcanti (colhida na web)

Observe-me 
Cura essa cegueira de antinomia
Fuja desse casulo opressor
Sem que percebas
Quebrarão todos os seus sonhos.

Olha-me de novo

Transponha o medo
Amedrontado não conseguirás conduzir o barco
De que adianta o barco?
Se para transpor o Oceano é preciso  remar?

Ao desejo: mordaça.

Ao desejo: a lâmina cortante, o frio e a vela.
Mas apesar disso, descansa.
Ponha o seu coração dentro do cofre

E muda o segredo.

Não permitas que o roubem
Porque no mundo inteiro
Em todo o mundo, existe perigo.

Sabe o seu casaco de couro

E o seu chapéu panamá?
Os vi fugindo
Queriam lançar-se dos penhascos.

Eles também sentem desejos de arriscar.




Olinda, IV - IX - MMXVII


Beth Hart & Joe Bonamassa








2 comentários:

  1. Olá!
    Como uso muito mais o TM, não me dei conta da regularidade das postagens. Li alguns textos, sempre na excelência da escrita.
    Voltarei em breve.
    Bjinho

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  2. Que poema gigante, Dona Val!!
    "Sabe o seu casaco de couro
    E o seu chapéu panamá?
    Os vi fugindo
    Queriam lançar-se dos penhascos"
    Nossa!

    ResponderExcluir

Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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