"As palavras, como os seres vivos, nascem de vocábulos anteriores [...]
Outras, logo ao lado, parecem altivas e delicadas orquídeas. [...]
ofegantes, indefesas, caídas de repente nesse vasto alarido que é a vida".
José Eduardo Agualusa em Milagrário Pessoa. p. 15
imagem: kandinsky
um rumor, uma sentença escondida
um tempo guardado
um sabor escolhido
a palavra pronunciada é um mundo que se anuncia
orvalho que alimenta as manhãs
fruto que da semente germina
luz que a escuridão alumia
um código re-criado
um porvir aguardado
um caminho aberto a outras invenções
a palavra bem dita
é diálogo proporcionado
oportuna maturação do que já passou
paz a quem deseja encontrar
------
São Luís, I - I - MMXIV
chico buarque, futuros amantes
As palavras, algumas palavras, tocam mesmo o coração. Outras são pequenas fagulhas...
ResponderExcluirBeijinho e um Feliz ano
Especialmente se esse coração está disposto a se deixar tocar...
ExcluirBeijo, e um excelente 2014 para ti também, JPoeta!
;))
Toda a palavra guarda um silêncio
ResponderExcluirToda a afirmação se anuncia omissa
São códigos de abstracta literalidade que o verso escreve
"a palavra tem um peso
um rumor
um tempo guardado
treva & esplendor"
Bjo.
Como diz o Torquato Neto, "toda palavra guarda uma cilada".
ExcluirBeijo!
;))
Falemos por gestos
ResponderExcluirBj
Minha amiga
ResponderExcluirComeças este teu post, com uma citação de Agualusa que, num jeito poético, nos mostra a génese das palavras o que vem ao encontro do que também diz este grande autor:
«Nós não somos do século de inventar as palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas» - é Almada Negreiros quem no-lo diz em «A Invenção do Dia Claro» (1921).in e-Cultura
Na reinvenção das palavras, vocábulos de vocábulos, procuramos dar-lhes novas roupagens, pronunciando-as em outros tons e sons, para acarinhar ou para ferir. É nisto que residirá a nossa responsabilidade, sendo a nossa grande missão elevá-las e dignificá-las.
E é o que vejo neste teu belo poema, 'O Peso da Palavras', em que a palavra, dicotomia entre treva&esplendor, pode escolher o seu caminho, em plena maturação, privilegiando os maravilhosos recantos da luz e da paz. E, seremos nós os seus agentes.
Belas Palavras me tens levado ao Xaile de Seda, enriquecendo-o e enriquecendo-me.
Muito obrigada, minha querida.
Beijinhos
Olinda
as palavras tem sempre um peso, mas pode ter leveza ou e também serem mortíferas.
ResponderExcluirdizia o Poeta que a palavra é uma arma e eu concordo.
gostei!
:)