"[...] A mim me fotografo nuns portões de ferro
Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima
No dissoluto de toda despedida".
Hilda Hilst em Amavisse
imagem: arquivo pessoal, Rua da Aurora - Recife
E a vida de vez em quando vai ficando assim: entre os escombros, envelhecida, cariada, desbotada.
Um aglomerado de situações mal resolvidas, inexplicadas, intrincadas, obscuras.
Idas e vindas.
Sentimentos imbricados, escondidos, ansiados.
Vai-se vivendo a roleta russa da emoção.
Brincadeira de roda, ciranda, passando o coração de mão em mão, experienciando o sentimento alheio.
Falcatrua emocional!
No devir - todos os dias -, uma inquietação, aquele desejo sem controle, de que em alguma esquina surja uma resposta, uma explicação, um sentido, a esperança de um milagre - se existisse -.
E os dias seguem, descoloridos, cheios de ferrugem, corroídos - e corroendo - e, vamos tropeçando no pensamento.
Se observarmos o entorno, ao emergirmos desse mergulho interior, até vislumbraremos alguns passantes, caminhando no passeio, alheios ao que em nós se passa, nem desconfiam do passado...
Para o silêncio, talvez só mais silêncio e resignação.
Resiliência e (in)compreensão.
A vida por vezes é tão ininteligível!
Recife, XXV - IV - MMXIII
Eric Clapton, Can’t Let You Do It
Lâmina sobre a pele fina, vida, câncer luminoso, e seguimos ouvindo ruídos por trás das paredes antes a casa caia!
ResponderExcluirUm abraço, Canto!
Um dia será dia e lua cheia
ResponderExcluirAbraço
Entra-se e sai-se do carrossel das emoções, uns o fazem em andamento, outros tentam incansável e repetidamente alheados dessa sensação de resignação.
ResponderExcluirKandandos.