quarta-feira, 5 de julho de 2017

As três mortes das estrelas

Além, muito além do sistema solar, 
até onde alcançam o pensamento e o coração, 
vamos! vamos conjugar 

o verbo fundamental essencial, 
o verbo transcendente, acima das gramáticas 

e do medo e da moeda e da política, 
o verbo sempreamar, 
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver. 


Carlos Drummond de Andrade em Além da Terra. Além do Céu.

imagem: the starry night, van gogh

Quando enfim anoitece
É que se percebe uma dilatação desmedida
Do lado de dentro.

É por dentro que tudo acontece
Quando se está distraído
Cuidando de acender a noite.

E num átimo
Vem o sol, o dia,
E de novo a escuridão.

Não que o fim do mundo tenha chegado
Mas é chegado o fim daquele mundo
De um mundo que explodiu

Como uma estrela.
E como uma estrela,
Que nasce vive e morre

Ainda que levem milhões de anos
Betelgeuse
Órion
Três Marias

Nebulosa planetária
Anã branca
E todas as estrelas de nêutrons.

Que viram aumentar o brilho
E logo a seguir seu apagão
Naquela rota de colisão

Testemunharam as três mortes das estrelas
Que foram engolidas pelo Buraco Negro.

Olinda, V - VII - MMXVII
Starry Starry Night with Don Mclean.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

Gaza

                                      Gaza imagem colhida na internet (desconheço a autoria) A paz sem vencedor e sem vencidos Fazei Senhor ...