aquele seu coração vazio de mim
Clarice Lispector em Para não esquecer. p.19
Dói não ter mais as minhas mãos entrelaçadas às suas.
Dói o café solitário.
Dói a leitura introvertida.
Dói o passeio insociável.
Dói o blues desacompanhado.
Dói saber do seu coração vazio de mim.
Dói saber que não estou entre os seus pensamentos.
Dói saber que fechas os olhos e não me vês.
Dói saber que não sou mais a sua memória.
Dói saber que nunca mais furacão a causar desordem.
Dói saber que só restou esse imenso nada.
Dói saber que só restou silêncio e mágoa.
Dói saber que eu não existo.
Dói saber que só restou silêncio e mágoa.
Dói saber que eu não existo.
Olinda, XXII - VII - MMXVII
Eric Clapton, Broken Down
Não mais a camaradagem, a cumplicidade, não é? De mãos dadas passear por uma viela e rirmo-nos de coisas que só nós percebemos. E quando o esquecimento envolve tudo sabemos que só o vazio existe.
ResponderExcluirBelo o teu poema, minha amiga, e a citação de C. Lispector.
Gostei de ouvir Eric Clapton.
Beijinhos.
Olinda
resta sempre muito como sempre o verso desvenda
ResponderExcluirHoje tomei uma overdose no teu canto e fiquei agora sem condições de prosseguir. Fico por aqui mesmo, satisfeita, feliz por estares escrevendo tão lindamente. Saudade das nossas cirandas cheias de leseiras felizes...
ResponderExcluirMas fico por aqui, porque, minha amiga, este teu poema me pegou de jeito. Bem sei como dói!
Queria te oferecer apenas o silêncio comovido, mas os dedos choraram pra escrever.
Beijo!
...viver é tudo isso, é deixar fluir, despegar, mas também é o que, e quem fica e isso é bagagem, legado que se carrega com mais ou menos dificuldade, mas que contraria o final do poema, pois se prova ao longo dele é que sobra sim, sobra e muito de riqueza espiritual adquirida, de sentimento, e se o que se vive não se repete de igual modo, vai sem remissão, tudo influenciar o que mais à frente se vivencia!
ResponderExcluirKandandos!