"Ama-me. Desvaneço e suplico. Aos amantes é lícito
Vertigens e pedidos. E é tão grande a minha fome
Tão intenso meu canto, tão flamante meu preclaro tecido
Que o mundo inteiro, amor, há de cantar comigo".
marc chagall: vista de uma janela - vitebsk
o amanhecer me espreitou
pelas festas da janela
e me despertou
com um beijo
intenso como a luz
que atravessava a vidraça
enchendo o quarto de claridade
e impregnadas cintilações
abri os olhos e me deparei
com os seus verd´águas
a me sorrirem
como se o outro lado do mundo
nunca tivesse existido
tampouco todos os desertos
em mim
não nos dissemos nenhuma palavra
porque naquele silêncio matinal
todo o guardado foi pronunciado
toda a linguagem suspensa verbalizada
sem oscilações ou incertezas
deslizando por entre pernas
ventre
seios
e toda a saudade do mundo
findou
naquela idílica manhã
que mudou destinos
para sempre
com a cumplicidade
dos deuses
que os guiaram pelo único caminho possível:
estavam juntos outra vez!
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Olinda, XXVI - VI - MMXXI
The Way We Were, Barbra Streisand
Com cumplicidade dos deuses, o poema foi plasmado "pelo único caminho possível" o da reinvenção da lírica amorosa.
ResponderExcluirGosto de ler-te Canto.
Um abraço,
Muito obrigada, José Carlos SantAnna, eu também.
ExcluirGosto em especial pela forma como ressignificas as palavras e as sensações.
Abraço.
:)
Woow! Doce amanhecer!
ResponderExcluirNa pele todos os poemas ainda queimam.
Cada raio de sol que entra pela janela
é como um sopro sobre o fogo, reacendendo o verso
que insiste em ser chama.
Beijos!
Que bom que acorde tão bem,
ResponderExcluirComo a luz pela janela!
Cante uma canção a ela...
A tua boca é também
Um encanto e ela tem
Um canto de acalanto
Que seja, da boca, o canto
Ou mesmo o cando da boca,
De cabeça cheio ou oco
Cante que espanta o pranto.
Parabéns pelo lindo poema! Abraço fraterno. Laerte.
E eu aqui
ResponderExcluirboca aberta de espanto
pelo teu belíssimo Canto.
Bjs