sexta-feira, 9 de novembro de 2012

pedra

“O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo”.
Georges Bernard Shaw

galatéia de esferas - salvador dalí


extraíra da pedra  sua força e seu silêncio
e o mineral fragmentou-se
mas não perdeu sua natureza ignis
no complexo processo de solidificação
preenchia fissuras
conservava ranhuras
e a composição:
transparente gema
estranha  ao fogo 
complexa e ambígua
nacarada e brilhante

de          con              nu           ção
    s                    ti               a

composto reacional
entre tantos acidentes
corrosões e colisões
contabilizava  o tempo
um aliado
em diversas  ocasiões
e no torpor da mudez
fossilizou as emoções

------

E o Filipe Campos Melo, sempre proporciona esse diálogo, traz ouro-poema, pedra-poesia e nos multiplicamos:

Líquida lágrima de pedra permanece pendente
Silente silêncio invade vago espaço
Fragmentado fogo no verso fissurado
Reagente entreposto em tempo decomposto
PETRIFICAÇÃO
Poema fossilizado



XX - X - MMXII

snow patrol - you could be happy




20 comentários:

  1. Um poema cheio de metáforas e outros estilos, e eu não entendo. Mas entendi o quanto de melancolia ele tem

    Bjs

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    1. Entendeste bem, mas a melancolia não é uma coisa ruim, é um estado de contemplação interior.

      Beijo!

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  2. Extrair da pedra a força e o silêncio, não é para qualquer um, mas para os que sabem ser fortes e sábios ao mesmo tempo.
    Parabéns, Boca, a sua escrita anda cada vez melhor, eu nem sei o que dizer.

    Beijo!

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    1. Não sei se sábia, mas forte, seguramente, Sylvia, sei como conter uma pedreira, a gente aprende tudo na vida, não é?

      Beijo!

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  3. O seu silêncio atordoa, incomoda e preocupa

    Bjs, Branca

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    1. Mas ele é necessário, quase sempre, saber calar também é uma arte!

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  4. Poema de uma beleza invulgar envolvido em falta de confiança, sofrimento,separação e desencontros.
    Depois da tempestade vem a bonança.
    Video e música a propósito.
    Beijinho

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    1. Talvez a beleza consista no jogo de metáforas, não? Alguns elementos são meramente figurativos. Nem tudo que um poema fala, diz; nem tudo que não diz necessita ser dito; e nem tudo que está dito é o que de fato existe, enfim...
      A vida é cíclica e que bom que é assim, acho...

      Beijo!

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  5. Líquida lágrima de pedra permanece pendente

    Silente silêncio invade vago espaço

    Fragmentado fogo no verso fissurado

    Reagente entreposto em tempo decomposto

    PETRIFICAÇÃO

    Poema fossilizado


    _______


    Teus versos sempre guardam múltiplos significantes

    Um canto que sempre inspira minha escrita

    Bjo.

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    1. Trago a poesia bruta, e tu escultor da palavra, da poética, vai lapidando, dando formas, multiplicando os sentidos, e valores semânticos, os vértices do poema, não-imaginados, não explorados.

      Obrigada, Filipe, pela generosidade na análise e interpretação dos meus tão singelos textos!

      Beijo!

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  6. a melancolia das pedras
    mas
    há pedras com vida (sempre)

    um beijo

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    1. Por mais que algumas vezes pensemos que não...

      Beijos, Pi!

      ;)

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  7. Querida 'Canto da Boca'

    Um dia alguém me disse a propósito de determinadas circunstâncias:'vamos quebrar pedras'. Era a primeira vez que ouvia uma metáfora tão apropriada no sentido de saltar obstáculos,resolver dificuldades,seguir em frente. E o rochedo deixou de parecer tão monolítico, transfigurando-se com a paixão das ideias, o fogo da perseverança, adquirindo de pronto a linguagem da pedra filosofal, susceptível de toda e qualquer viagem no campo das coisas incomensuráveis.

    É assim que eu me sinto perante este teu poema, grande, enorme naquilo que nos propões, abrangendo a grandeza do infinito.

    Beijinhos

    Olinda

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    1. (O que dá suporte à máxima: impossível é só o que ninguém tentou.
      E o poema se fez infinitamente, dentro da perspectiva das emoções, que só deixam de existir, quando deixamos de viver.
      Obrigada, Olinda, pelo comentário e pela presença! Beijinhos!)

      ;)

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  8. Fazes-me lembrar aquelas casa feitas de mãos e não de pedras. As aldeias perdidas porque são de pedras, emoções que deixaram de existir pela corrosão do tempo.
    Não é fácil comentar, li os comentários e já percebi melhor.
    Bj

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    1. O tempo esse escultor e ao mesmo tempo revelador de mistérios, a tudo destrói, Manuel Luis... Sentiste o poema, isso é fabuloso!

      Obrigada pela presença e um beijo!

      ;)

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