"Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram"
aquela era uma dor velha
puída
tão velha que nem tinha mais idade
essa dor velha
se espalhou pela vida
pela cidade
uma dor velha
conhecida de todo mundo
disseminada pelo corpo
essa dor de tanto gritar
não mais falava
- estava rouca de reclamar -
já não mais lhe davam credibilidade
já não mais lhe davam credibilidade
insistia que era fruto da saudade
renegada até aos confins do tempo
tinha em si uma razão de ser
tinha em si uma razão de ser
bradava
por entredentes
essa mágoa resistente
que jorrava impetuosamente
que jorrava impetuosamente
do útero da terra
nevoeiro quente
espumejante
como o triunfo de um geiser
que trazia numa coluna de água e fumaça
pedestal volátil
um coração enfermo, um coração velho
como a dor que jazia escondida no peito!
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III - XI - MMXI
*andava impregnada pelo livro, os cus de judas - antónio lobo antunes, e gosto de dialogar com algumas palavras ou sentimentos que saltam do livro e me assaltam desavisadamente.
basta um dia - chico buarque
Santa Boca,
ResponderExcluirVim numa sequência de tuas leituras, uma melhor que a outra, me perguntando o que inspira, o que te move. Escreves com letras grandes, garrafais, de uma menina que amadureceu como escritora. E eu que te procuro nos nossos encontros literários, tiro a sorte grande, porque aqui te acho.
Dimas Lins
Ah, Dimas, quanta generosidade, amigo, vindo de um grande escritor como tu, como me alegra. Tenho tentado melhorar a escrita, me deter no mundo, sair da primeira pessoa, como bem sabes das minhas queixas quanto a isso.
ExcluirCabralinamente falando, continuarei transpirando, e não desconsiderando a inspiração, risos.
Por falar em Ciranda Literária, finalmente estou com um pouquinho de tempo livre, seria oportuno outro encontro, vamos ver as agendas de todos?
Abraço, obrigada pelas palavras e a presença!
;)
se a dor é velha, então essa tá enraizada e doí mais, tem cicatrizes, tá tatuada tá impregnada,e. é terrível.
ResponderExcluirgostei de ler
boa semana
beijo amigo
Uma dor sempre traz resquícios de alguma outra, será, Pi?
ResponderExcluirBeijo, querida, ótima semana igualmente!
;)
Claro que sim, preciso é saber gerir a dor ou o que resta dela.
Excluirbeijinhos
E nisso acho que somos PhD!
Excluir;)))
Beijinhos!
Na verdade o país
ResponderExcluirestá nas urgências
Amplio um pouco mais: "o mundo está nas urgências"!
Excluir;)
Menina, um tempinho sem vir aqui, quando chego é esta chuva de flores, ou de dores. Doce inspiração, para a dor ou para a vida!!! (falo deste e dos dois poemas anteriores). Beijo!!!!!
ResponderExcluirOras, mas que alegria lhe ver aqui, porque sei, do pouco tempo que tens, e ainda traz flores e palavras carinhosas, generosas...
ExcluirBeijo!
;)
p.s.
A Ciranda reclama de ausências!!
Tão velha que não tinha idade,dor crónica?
ResponderExcluirJá não lhe davam credibilidade,que era fruto da saudade!
Mas a dor continuava e mantém-se.
Como gerir?como enfrenta-la?
Com muita coragem e autoconfiança.
Gostei amiga
Beijinho
E o poeta administra e enfrenta a dor, virando a página do caderno, escrevendo a próxima poesia. Quantas dores "inexistenciais" estão disposta numa linha?
ExcluirObrigada pela presença, beijinhos!
;)
A dor que envelhece em nós, acaba por ser companheira na solidão, dói, mas é como a saudade de algo que já foi bom, deixemos que ela nos tome por inteiro, para que não reste espaço para as novas, que essas sim, vão doer ainda mais...
ResponderExcluirConcordo com a opinião de Carlos Drummond de Andrade!
Beijos.
Ao menos as dores velhas, nos são conhecidas, ótima perspectiva, Baby.
ExcluirBeijinhos, querida, obrigada por estares aqui.
;)
Olá
ResponderExcluirNão tenho tido grande disponibilidade (nem disposição) para visitar os blogs amigos – daí esta tão longa ausência.
Mas um dia chega a saudade… e aí vamos nós.
As dores, algumas, fazem parte da nossa vida desde sempre – são as dores velhas.
Outras aparecem por motivos imprevistos, e nunca mais nos largam – são as dores novas que acabam, também, por envelhecer e nos acompanhar até ao fim dos nossos dias.
Concordo com Carlos Drummond de Andrade, que muito aprecio.
Um óptimo fim de semana.
Beijinhos
Olá, Mariazita, lhe compreendo muito bem, vez em quando isso também acontece comigo.
ExcluirUma ótima reflexão nos trazes, algumas dessas dores realmente nunca mais nos largam, viram nossa companheira da vida inteira, seja emocional, ou física, mas também não nos dobramos à elas, quando possível.
Obrigada por estares aqui, especialmente pelos motivos que citaste, que tu estejas bem.
Um beijo e um maravilhoso final de semana!
;)
Toda dor é um pouco do que deixamos de ser...
ResponderExcluirPoesia sensitiva, adorei!
Um abraço e ótimo final de semana para você!
Imagina se fôssemos fazer a cartografia das nossa dores...? Pois sim, Will, é mesmo isso, "toda dor é um pouco do que deixamos de ser", do que morreu em nós (ou nunca vingou)...
ExcluirObrigada por estares aqui!
Um abraço e ótimo final de semana, igualmente!
;)
ResponderExcluirEntre os dias e as noites
Envelhece a dor que nos envelhece
Enquanto a saudade que se forma
Enegrece translúcidas utopias
Assim se dissemina a dúvida
Como grito ensurdecido
Como tempos incumprido
Bjo.
Fiquei a imaginar se no fundo, não temos a idade dos nossos sonhos...
ExcluirSerá que algumas dúvidas têm a mesma amargura dos desejos não realizados, Filipe?
Obrigada pela presença sempre querida!
Beijo!
;)
dor não curada acorrenta a alma.
ResponderExcluirbj meu
E nos torna eternos prisioneiros, não é?
ExcluirBeijo, obrigada pela presença!
;)
ResponderExcluirMenina
Que força esta sai deste teu poema! Impressionante! O título, a citação de Drummond, Lobo Antunes, as tuas palavras que validam tudo, fazendo-me sentir parte integrante disto, desta dor velha que vai até às entranhas, resultado de 'coisas sonhadas e não cumpridas'.
Excelente!
Bjs
Olinda
Às vezes temos a sensação de que algumas dores parecem nascer conosco, não é, Olinda?
ExcluirBeijos, querida, obrigada pela presença!
;)
Que beleza...
ResponderExcluirtinha tempo que não passeava por aqui. continua lindo...
um beijo
Obrigada!
ExcluirBeijo!
;)
Ah, mas se fôssemos mostrar a certidão das nossas dores, todas são velhas e dolorosamente guardadas.
ResponderExcluirBeijo
Pois sim, querida, não quero nem pensar, as minhas, só com Carbono 14, rs
ResponderExcluirBeijo!
;)