sexta-feira, 26 de junho de 2015

Impenetrável

"Todos podemos, ao longo de uma vida, conhecer várias existências. 
Eventualmente, desistências. 
Aliás, o mais habitual".
José Eduardo Agualusa in Teoria Geral do Esquecimento. p. 45

 Les amoureux en vert  -  Marc Chagall

Como uma cápsula recoberta por uma matéria impenetrável, o interior foi cingido da não-emoção. 
A impassividade deu lugar a qualquer sentimento, a qualquer sentido ou percepção emocional. 
Como se a vida, o passado, de repente, como um insight, passaram a ser apenas um tempo contado para trás. 
Todas as histórias vividas transmutaram-se em ficção, em realismo mágico fantástico, em narrativas anônimas, sem autores, inexpressivos sobreviventes de um mundo em destruição, sem futuro, sem perspectiva, sem amanhãs.

Olinda, XVII - V - MMXIII

Clapton, canta do George, While My Guitar Gently Weep

7 comentários:

  1. Há momentos na vida, mais ou menos intermitentes, mais ou menos longos, em que nos vemos confrontados com o vazio, uma certa forma de caos. A meu ver, descreveste-os na perfeição.

    Bj

    Olinda

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    1. Vez por outra a vida nos proporciona esses momentos, só nos resta observar e esperar.

      Como sempre, você vai no cerne da questão e mais uma vez obrigada pelo carinho e pela presença.

      Beijo!

      ;))

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  2. Poderemos nós ter a ousadia de sermos absolutamente impávidos?
    Conseguiremos, vez alguma, destituir-nos de todos os sentimentos?
    É sequer possível transmutar a memória inconveniente?

    Talvez estas perguntas (tua escrita sempre levanta questões) encontrem a resposta na face da figura feminina da tela que ilustra - impenetravelmente - o texto.

    Gostei imenso de rever tua escrita

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    1. E você, Filipe como sempre vê além das entrelinhas.
      A impassividade talvez seja a mais óbvia maneira de demonstrar os sentimentos tantos que cingem a alma.

      Muito obrigada pela sempre amiga presença!

      Beijo!

      ;))

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  3. Abriu sua postagem com uma colocação que tenho por muito verdadeira. O número de desistências é bem maior.
    Quando nos fechamos, perdemos a direção. Por instantes, ou mais que isso, o vivido se compara ao não vivido, sem qualquer emoção. Bjs.

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  4. Esqueci de lhe dizer que, ao entrar em seu blog, duas páginas estranhas abriram. Fechei tudo e tentei de novo, para conseguir deixar um comentário. Bjs.

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  5. tenho vindo aqui, mas não tinha novidades, hoje deparo-me com este texto.
    sabe, por vezes a vida prega-nos umas partidas que não estávamos à espera, é o que eu chamo acidentes de percurso.
    é preciso olhar em frente, e virar algumas páginas...
    deixo um beijo

    :)

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Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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