"teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa"
embora eu tenha me fechado como dedos,nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente,misteriosamente)a sua primeira rosa"
imagem: emil nolde
sem que eu esperasse
foste tomando forma
mansamente abrindo espaços
se instalando sem que eu percebesse
não senti medo ou pavor
fui deixando, deixando
há algo em ti
que me toca profundamente
talvez o riso que não sei
o beijo de framboesa
o toque de cetim
ou os teus olhos de fome
eu não sei o que há em ti
que me arremessa ao teu destino
meus gestos que não entendo
palavras sem sentidos
um doce desatino
um poema em construção
uma pressa em viver
(e)terna provocação
há algo em ti que incendeia
não sei se a voz inconfundível
teu deslizar macio
ou esse nosso desejo de mundo
sem que eu esperasse
te espero agora
como se fosse um domingo
repleto de primavera
há algo em ti que eu não sei (me) conter!
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A sensibilidade e a generosidade transformadas em poesia, da Piedade ganhamos:
sem que eu aguardasse
foste sombra que se tornou corpo
Imperturbavelmente, sem alardes
arreigando-se sem que eu conjecturasse.
eu desatenta , eu no meu mundo
fui cedendo, cedendo
uma centelha havia
que me incendiava mansamente.
talvez o brilho do olhar
em tons de cinza e verde
ou o teu riso a ecoar no ar
e no mar em forma de repercussão.
não sei, e nunca saberei
porque teço o meu caminho em ti
sem ti, se os meus gestos enlaçam
as palavras em nós, sem nós.
um rastilho que derrama
um poema em construção
uma urgência em acertar
os passos em desvairo no destino.
tudo em ti me afogueia
na combustão activa
das tuas mãos de veludo
a resvalar no meu corpo sedento.
sem que eu soubesse ou esperasse
e sei-te agora e espero
o primórdio do dia (dias)
com a chegada do sol em nós.
porque há em ti algo que eu nunca vou saber entender
ou perceber nos ciclos das estações
que não sei nem consigo travar.
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Olinda, XXIX - VII - MMXIII
*depois de ler o poema do e.e.cummings tentei fazer uma intertextualidade...
maria bethania canta, estranho rapaz
Por vezes andamos no meio da multidão e é como se estivesse-mos sós nada nos prende ou cativa,como por magia do destino alguém cruza-se por nós e um simples olhar,sorriso,gesto,presença nos fascina e pensamos:
ResponderExcluirEu não sei o que é que há em ti!!!
Belo poema Val que explica o inexplicável,beijo
O Drummond diz que "há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la", e essa razão é a que desfaz todo e qualquer mal entendido, deslize, ou aspereza entre as pessoas que se amam, espero que o grande poeta tenha sempre razão.
ExcluirObrigada pela presença e palavras. Sua presença aqui é uma grande honra!
Beijo!
;))
O riso, um suave toque de mãos, o mais sensual sentido dos sentidos.
ResponderExcluirAlguém escreveu em algum lugar que, o riso é a curva mais sensual de uma mulher, eu amplio para: o mais embelezador do ser humano!
ExcluirObrigada, Armando, honra-me sua presença!
;))
o mundo escreve-se verso a verso
ResponderExcluiro espaço forma-se
entre gestos
entre passos
como "um poema em construção"
Um poema no rebordo da paixão
que se sente intensa
Bjo.
Gosto da ideia de construção, processo e progresso que sua resposta-poema me dá... Se a paixão for menos importante que o resto da vida e a eternidade, o mundo será pleno de versos!
ExcluirFilipe, sempre me alegra e me enche de orgulho sua presença aqui! Sempre!
Beijo!
;))
São os artifícios do amor! "esse doce desatino"
ResponderExcluirE como estão aqui tão lindamente descritos,com uma sensibilidade poética superior! Maravilha!
Um abraço amigo
M. Emília
Maria Emília, querida, um privilégio tê-la aqui em minha acanhada e singela página. Assim como a sua análise generosa e estimulante! Obrigada!
ExcluirUm abraço amigo!
;))
O desconhecido é uma vertigem
ResponderExcluirque atrai
E que nos lança no precipício... Ou não!
ExcluirGrata, poeta, sua presença é uma honra!
;))
Mais do que uma excelente intertextualidade é um intenso poema de amor que nos sabe a pele salgada de lágrimas perdidas.
ResponderExcluirAdorei
Beijos
Uau! Mais do que um comentário, isso é uma poesia que retrata o desejo e a paixão que nos invadem o coração, obrigada, Luna, pelas palavras e pela presença!
ExcluirUm beijão!
;))
Nem sempre sabemos ao certo o que nos leva ao outro. Uns falam de "química", outros de "aura", outros dizem que é a "alma gémea".
ResponderExcluirNeste belo poema, há algo que me toca e sei o que é: a forma como o foi delineado, em crescendo; um certo espanto, o encanto e depois, na volta, a espera que "desepera"...
Bjo, Canto da Boca/Olinda :)
(Já agora, esclareço - EU ou OF/Odete Ferreira...):)
Não sabemos, eu particularmente não desejo desvendar esse mistérios, rs
ExcluirAgradeço as palavras carinhosas e que valorizam meu texto.
Beijo, querida, sua presença aqui é uma alegria!
;))
sem que eu aguardasse
ResponderExcluirfoste sombra que se tornou corpo
Imperturbavelmente, sem alardes
arreigando-se sem que eu conjecturasse.
eu desatenta , eu no meu mundo
fui cedendo, cedendo
uma centelha havia
que me incendiava mansamente.
talvez o brilho do olhar
em tons de cinza e verde
ou o teu riso a ecoar no ar
e no mar em forma de repercussão.
não sei, e nunca saberei
porque teço o meu caminho em ti
sem ti, se os meus gestos enlaçam
as palavras em nós, sem nós.
um rastilho que derrama
um poema em construção
uma urgência em acertar
os passos em desvairo no destino.
tudo em ti me afogueia
na combustão activa
das tuas mãos de veludo
a resvalar no meu corpo sedento.
sem que eu soubesse ou esperasse
e sei-te agora e espero
o primórdio do dia (dias)
com a chegada do sol em nós.
porque há em ti algo que eu nunca vou saber entender
ou perceber nos ciclos das estações
que não sei nem consigo travar.
É sempre uma alegria e um espanto, quando vejo o espelho dos meus poemas, a minha poesia refletida em tuas letras, a partir da tua sensibilidade, Piedade!
ExcluirÉ como se uma centelha de luz, saísse flamejando a escuridão das palavras não ditas, do desejo de tocar, em cada frase, o coração do mundo. Lindo, lindo!
Mais uma vez muito obrigada pela deferência, o carinho e a parceria poética, sinto-me honrada, deveras!
;)))
Muito da sensibilidade, do crescer por dentro, do abandonar as resistências pode (re)descobrir a essência do Amor.
ResponderExcluirAcabei por englobar a leitura inabitual aos Comentários, aqui muito apropriados e complementares.
Belos
Beijos
SOL
Obrigada, Sol da Esteva, suas palavras ecoram profundamente em meu âmago, hoje necessitei imenso delas para refletir sobre "abandonos, resistências e essências".
Excluir;))
Bonito y exuberante poema. El vivir es un riesgo permanente.
ResponderExcluirAbrazos.
Si, pero yo creo que no vivir es más peligroso, aún...
ExcluirGracias por las palabras e presencia, Balamgo!
Abrazos!
;))
... intertextualidade, parece-me bem ...
ResponderExcluirQue bom que gostaste, Jotinha!
ExcluirObrigada pela presença!
;))
Que lindo e inspirador!
ResponderExcluirBelo!
Beijinho
Feliz pela sensação e pela presença, Pérola, obrigada!
ExcluirBeijinho!
;))
saber que não entende é em parte entender
ResponderExcluirOu simplesmente aceitar...?!
ExcluirObrigada por estares aqui, Benno!
;))
O desejo da incógnita, a vontade do que nos atrai e a impossibilidade de os reter.
ResponderExcluirGostei
(Talvez por ser a vida em algum momento, mais que impossível!)
ExcluirObrigada, Armando!
;))
Vi consiglio di leggere la mia lezione di scrittura creativa "COMO ESCREVER POESIA ERÓTICA".
ResponderExcluirSaluti,
Architteto Dolce Filiberto di Savoya, PhD
e quando você pede, implora, que é só você que eu quero ouvir...e só escuto um zumbido... o que faço? Espero só o dia terminar? Sempre me pergunto, será que no mundo tem alguém que acorda todos os dias com todos os medos me invadem? Pior que eu se tem...
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