domingo, 6 de janeiro de 2013

indefinições

"Quero responder, não me chegam as palavras. 
Repentinamente perdi a fala,
 apenas um rouco farfalhar me sacode o  peito."
Mia Couto in  A Confissão da Leoa. p .83


O relógio marca 00h00, 01h:00, ah, o relógio marca, marca além das horas, um tempo que passou, um tempo que passa, um tempo que nem se sabe, existirá. O relógio é um escravo do tempo.
Não há barulhos, uma madrugada tranquila, com exceção dos sons dos sinos de vento - eu adoro esse som de sinos de vento - e da música que está no repeat há 30h... Uma música que a priori não faz sentido nenhum, se não fosse Freud, afirmaríamos. Mas e daí quem vai teorizar a essa hora? O que se passa nem São Xico Sá explica, quanto mais Freud. Certas situações e sentimentos, só vivenciando. A vida não está chata, tudo está no seu lugar (será?), nos conformes (será de novo?), indo, ora amarga, ora doce, ora salgada, ora sem sal, ela vai, a vida vai correndo, e parando de acordo com as exigências... Indefinições.
Mas o que há de novo  nessa inexplicável sensação do nada? Não vá me dizer que é síndrome de ano novo, que ainda não caiu a ficha, que tudo está se encaixando, que eu não acredito nessa conversa mole, minha senhora. Então explica essa cara de entojo, esse ar blasé, essa resiliência desnecessária e essa preguiça de mundo? 
O que será que há por trás desse vai e vem à cozinha, da presença dessa "fruta amiga" de abacaxi e a falta de concentração na leitura do livro do Mia? Indefinições. Ninguém sabe, ninguém viu, mas essas coisas do coração, não foi uma invenção de Lilith, nem tampouco de Eva. Só resta escutar de novo Roberto Carlos - pela zilionésima vez -... Quem?! Isso aí que a senhora leu, Roberto Carlos, porque por mais que seu conhecimento musical seja vasto e infinito, minha senhora, não tem quem se compare ao Rei, na hora de cantar o amor e uma certa dor de cotovelo, emoldurada por uma saudade sem fim...
E você, a quantas anda o seu coração, conte aí a sua história...?

Roberto Carlos canta, De tanto amor

7 comentários:

  1. Não gosto dos sons dos sinos, mas gosto dos do vento. Os sinos, ao contrário do vento, podem ser más notícias.....

    E tens razão...essas coisas do coração não foi invenção nem de Lilith nem da Eva - quando muito da maçã:)

    Beijinho

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  2. Boca! Ah, o Canto da Boca!

    Hoje é Dia de Reis. E conforme alguns costumes, dia de ganhar presentes. Acabo de ganhar o meu: o re-contato com o Canto da Boca! Que gostoso! Que alegria! Que saudade d'outros tempos, agora revividos!
    O texto? Ah, mais um dos maravilhosos textos da Boca! Para deliciar o meu dia. Bora ouvir De Tanto Amor pela voz do Roberto Carlos...

    Beijo

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  3. Olá CB!

    O meu coração anda às mil maravilhas ;). O ano começou bem; como diriam os Angolanos "tudo está a bater" e sinto-me abençoada.

    Um bom ano para ti, minha linda!

    Beijos

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  4. Um Bom Ano te desejo, querida amiga.

    Grande Boca este teu texto neste teu recanto. Indefinições da Alma ou do Coração ou ainda daquilo que o Cérebro induz em nós e vai direitinho pesar na nossa parte sensível que não se sabe bem o que é mas que nos faz tristes ou alegres, conforme as circunstâncias ou circunstância nenhuma.

    Um grande Rei o Roberto Carlos. É sempre bom ouvi-lo falar de amor, cantando. Uma voz inesquecível. Ouvi-o com deleite.

    Beijinhos

    Olinda

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  5. Trata-se de um músculo vital

    pelo que deve ser bem estimado

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  6. De fato, há uma grande novidade nisso, mas em se tratando de você, não podemos esperar a mesmice

    bjo

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  7. Texto interessante, Boca, tem muito para refletir.

    Beijo.

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Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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