domingo, 12 de agosto de 2012

anunciação

"E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
[...]
 E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos"

figura:  ismael nery
vida, movimento, inquietação
arrastando a alma
rasgando o corpo

por dentro um alargamento

dilatada, dilatando, rebentando
parindo-se
aparando

uma explosão
pouco espaço
mutação

anunciando
emitindo sons e sinais 
novo tempo, outra estação!
-------

E o Filipe redimensiona como ninguém, o meu poeminha, com a sua magnífica sensibilidade e criação:

O Rasgo é andamento
A Dilatação é nascimento
A Explosão é recomeço

Todo tempo é compasso
todo o compasso é movimento

E os versos?
Os versos são sinais anunciando de novo o tempo.

------

anunciação, alceu valença

33 comentários:

  1. É isso aí, Val, a vida segue: rasgando, parindo...mas segue sempre, independente dos viventes.
    Beijão!
    Magna

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    1. Ela é, à revelia da nossa vontade, não adianta espernearmos...

      Beijão, Magna!

      ;)

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  2. Esses versos podem ser usados para explicar o nascimento de uma estrela (supernova) no cosmo da imaginação...

    E quem disse que não temos espaços siderais dentro de nós?

    Ótima semana para você!

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    1. Belíssima perspectiva, Will!

      Uma semana linda para ti também!

      ;)

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  3. "...arrastando a alma, rasgando o corpo"...
    Isso calou fundo hoje em mim talvez pq" por vezes as noites durem anos..."
    Sempre é bom demais vir aqui.
    Beijo.

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    1. É que certos acontecimentos independem da nossa vontade, têm uma vida tão própria...
      Fico contente que gostes daqui, Caroline, volte sempre!

      Beijão!

      ;)

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  4. Uma perfeita combinação...belíssima escolha... Amei isso, viu?
    Obrigada pelas tuas visitas...
    Deixo um beijo terno.

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    1. É bom saber que gostas, Blue, obrigada igualmente!

      Beijão!

      ;)

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  5. Respostas
    1. Esse exercício sempre nos dá outras possibilidades, não é mesmo, Pi?

      Um beijão, querida!

      ;)

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  6. 'E por vezes sorrimos ou choramos
    E por vezes por vezes ah por vezes
    num segundo se evolam tantos anos'

    Lindo, este poema de David M.Ferreira que aqui nos trouxeste, minha amiga.

    O teu poema, apanágio do teu rico estilo, inquieta-nos e coloca-nos tantas questões... Gestação, nascimento? Novas ideias, mudanças, mutações, tais como as alterações da natureza...ou para além dela.

    Bjs

    Olinda

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    1. Eu particularmente gosto desse ciclo e círculo que é viver,esse renascer-morrer; germinar-brotar... As transformações que indubitavelmente sofremos, quando estamos abertos às emoções, à vida!

      Um beijão, Olinda!

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  7. O Rasgo é andamento
    A Dilatação é nascimento
    A Explosão é recomeço

    Todo tempo é compasso
    todo o compasso é movimento

    E os versos?
    Os versos são sinais anunciando de novo o tempo


    Bjo.



    Soberba a citação de David Mourão-Ferreira

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    1. Como sempre, Filipe, vais no cerne do poema. Sabes como ninguém, atravessar minhas emoções e perceber a "psicologia" do poema...

      Beijo!

      ;)

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  8. Muita inquietação, arrojo e mais um excelente poema:)!
    Bjo

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    1. Típico da minha natureza, Álvaro, e que bom que gostaste!

      Beijo!

      ;)

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  9. E assim quem sabe apresenta-se ao mundo o nascimento de uma Estrela.Belo,arrojado.

    Beijo

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  10. E assim quem sabe apresenta-se ao mundo o nascimento de uma Estrela.Belo,arrojado.

    Beijo

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    1. (quem sabe? quem sabe na hora da explosão exista um registro desse re-nascimento? obrigada, C.
      um beijinho para ti!)

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  11. Belos Poema.
    O Rasgo é andamento
    A Dilatação é nascimento
    A Explosão é recomeço

    Julguei que era outra coisa, ou pelo menos levou-me para outro pensamento.

    Beijinho

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    1. Gosto imenso dessas possibilidades que o poema nos dá... Cada um que o sente (que o lê), imprime a sua inferência, sua observação, sua carga emotiva, uma multiplicação de sentidos, e o poema se amplia, toma dimensões sequer imaginadas...

      Obrigada pela presença.

      Beijo!

      ;)

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  12. Santa Boca,

    Que bela maneira de falar de uma transformação, daquelas que a alma pede e o corpo cumpre. Gostei da ausência do 'eu', da impessoalidade do verso, da separação entre o autor e o personagem. Este é um poema grande.

    Dimas Lins

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    1. Foste ao cerne, Dimas (como sempre), a alma exige e o corpo atende, não têm outra saída...

      Dentro daquilo que conversamos, sobre a universalização - deve ser por conta dos profundos mergulhos que dei em uma das obras do João Cabral, nessa última semana.

      Abraço!

      ;)

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  13. Uma interpretação poética belíssima do fabuloso poema do David Mourão Ferreira.

    A vida é mesmo tramada... mas há sempre um sorriso que nos espreita.

    beijinhos,

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    1. A vida sempre convida, Manel, e só aceitarmos!

      Beijão, querido, Manel!

      ;)

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