"o poema final ninguém escreverá
[...]
em vez de juízo final a mim me preocupa
o sonho final"*.
guido hebert - girl resting
lânguida e preguiçosamente estendida
naquele balanço de rede
se deixava levar
naquela noite de pouco luar
o vento trazia um inconfundível cheiro
de maresia que impregnava o ar
um som de trompete
vindo de algum lugar
enchia de notas aquele silêncio acolhedor
em seu peito explodia uma emoção incontida
de uma inexplicável alegria, nascida de um percurso
não sonhado, inimaginável
e pensou, de olhos fechados
com um quase sorriso:
não lhe escreveria um poema final
afinal um mundo já acabara
mas isso não se configurava o seu fim
porque a cada manhã
à un certain moment
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XXIX - II - MMXII
XXIX - II - MMXII
* o poema o fim do mundo, está no livro, o engenheiro, do joão cabral, após lê-lo, fiz esse exercício de intertextualidade, nas duas últimas estrofes do meu.
Fui comentar este poema, acabei criando mais linhas que talvez sejam publicadas daqui a uns dias em Sementeiras. Linhas que falam sobre o ano bissexto. Olha só que coisa! (lembra que falamos disso ontem?)
ResponderExcluirEita, Val, e agora o que falar? Fico com João Cabral - que poema lindo, Deus do céu! - estou no trabalho e lá embaixo, alguns homens ainda continuam lendo jornais, comendo laranjas. Ah, João Cabral, João Cabral...o meu sonho talvez repouse nesta rede aí do poema, embora acredite que o sonho - o sonho mesmo - nunca repouse. Digamos então que ele se embale sem indiferenças nem quases.
Beijão!
Magna
Então Maga, tu me instigaste a terminar de escrevê-lo, após a nossa conversa ao telefone, me senti provocada, afinal só daqui a 4 anos outra vez teremos outro 29 de fevereiro, e até lá, quando chegar lá, quero lembrar desse momento, e rever o que aconteceu - ou não -. E sabes da minha paixão por João Cabral, e que leio mais de dois livros ao mesmo tempo, e todas as minhas lezeiras, e após viver o poema O Fim do Mundo, quis me atrelar a ele de qualquer jeito, aí fiz essa intertextualidade no fim do meu, mas a provocadora foste tu, rs
ExcluirE agora lendo-te, vejo daqui as imagens criadas pelo poema do João, os homens lendo jornais, comendo laranjas, a cidade que desperta, eu adoro o Recife de manhã cedo, sem o caos e o peso das horas diurnas...
E tens razão, o sonho nunca repousa, e nem as nossas inquietações.
Vou lá ver o Sementeiras que eu já imagino, um arraso de poema me aguarda.
Magníssima, um beijo grande, e adoro tuas inferências, esse olhar de quem conhece o que conhece, e o olhar qye atravessa as froteiras da minha alma, Fabi e eu estávamos falando sobre isso em você, outro dia... hehehe, mais assunto para o próximo encontro.
E perdão, por ontem pelo não retorno ao skype, minha filhotinha chegou da universidade e ficamos conversando, a outra me chamando ao telefone... As nossas demandas que bem sabes...
Affe, era pra ser uma resposta e não uma carta em público!
;)
Obrigada pela tua carta em público. É o tipo de coisa que me comprova que os encontros não são mesmo por acaso. Me enches de felicidade e de esperança.
ExcluirQue maravilha! Muito obrigada!
E, olha, vocês andaram falando de mim, foi? Onde? Pra eu não estar, só sendo naquele tal de feicebuque. Por falar nisso, andei tendo uma conversinha com ele e cortei relações de vez, aliás, relações que eu nunca tive, né, Val?
Depois te conto como foi minha prosa com a criatura.
Beijão bem grandão!
Magna
Maga, isso é uma forma de pressionar que o encontro se dê logo, porque ao vivo e em cores, com vinhos, cervejas e "splites", gororobas verdes, mungunzá cearense, e outros é ainda mais saboroso, rs
ExcluirNão são por acaso, vamos falar sobre isso até a morte da matéria e mais além.
Manânima, se tem alguém pra agaradecer aqui, sou eu, menina. Ah, sem "fêice", com "fêice", te encontramos de qualquer jeito, e eu fico rindo imaginando tu falando com aquilo, dá um bom texto...
Beijão e organiza aí nosso encontro, se for na casa da Fabi, como ela propôs, eu faço a minha performance L.M. tá bem? Hahahaha!
Beijão, querida, ótima segunda!
;)
A tua inspiração foi notável.
ResponderExcluirFizeste um excelente poema. Dou-te os meus mais sinceros parabéns pela qualidade que puseste nas tuas palavras.
Querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijo.
Uau! Fico envaidecida, Barcelli! Obrigada pela gentileza do comentário e pela presença querida!
ExcluirBeijão e ótima semana!
;)
...e o cheiro de maresia chegou até meu amanhecer!
ResponderExcluirLindo!
Desculpa minhas ausências: periodo difícil este que atravesso. Mas voltarei em força brevemente.
Perdoa.
Bj
BS
Muito agradeço sua visita e seu carinho, Blue, sei do momento que atravessas e és uma querida, apesar de tudo, ainda vens nos deixar carinho. Claro que não precisa se desculpares!
ExcluirAndo ausente também, meu tempo está cada vez mais exíguo...
Um beijão e que tudo se resolva, ótima semana para ti!
;))
Oi CB,
ResponderExcluirConheço bem a sensação aqui tão bem descrita, o que prova que apesar das diferenças,entre os seres humanos, a alma humana e os seus sentimentos (e percepções) não diferem tanto assim.
Muito bem executada, a tua poesia.
Beijos, querida
Oi, Max! Pois, muito em nós é muito igual, as diferenãs demonstram isso...rs
ExcluirObrigada por estares aqui comigo, és uma querida e sempre muito bem-vinda, nesse Canto que se alegra com a sua presença!
Uma semana produtiva e feliz para ti, queridona!
Beijão!
;)
Maravilhosas palavras que nos deixam deliciados!
ResponderExcluirBonita e interessante partilha!
Bj
Delicie-se, Rui, isso muito me alegra. Tanto quanto a sua presença aqui, prazer imenso!
ExcluirUm beijão e uma semana bastante produtiva para ti!
;))
Prezada amiga,
ResponderExcluirJoão Cabral é simplesmente inefável. Já tentei fazer uma intextualidade análoga à que você fez com um de seus poemas, contudo não gostei e nem cheguei a publicar!Acho que os versos dele acabaram por me intimidar de algum modo.
O seu ficou bom demais! Vir aqui é ter sempre a garantia de leitura de bons escritos.Parabéns!
Dentre todos os poetas, escritores literatos, ele é o meu supremo, o meu preferido! Sei que é um sacrilégio eu querer fazer uma intertextualidade com ele, mas sou uma transgressora nata, rs
ExcluirObrigada pela generosidade do comentário e pela presença sempre atenta, aqui no Canto!
Uma semana feliz e produtiva para ti!
;))
Gostei desta divagação poética sobre um "momento" sobre qual todos pensamos (com interpretações e consequências diferentes).
ResponderExcluirGostei dos sons e dos sentires que acompanharam esta profunda e poética reflexão.
Manel, tu és uma seta que vara a alma humana!
ExcluirE se não soubermos aprender e tirar proveitos das lições da vida, não vale muito a pena a existência...
Obrigada pela sua presença sempre tão amiga e querida!
Um beijão e uma semana inspiradora e produtiva para ti!
;))
Sempre com poesia interessante... não te cansas mulher de poesia, admiro-te por isso.
ResponderExcluirBeijo(ta)
Jotinha, é sempre uma alegria te ver por aqui, e sempre com palavras gentis!
ExcluirUm beijão e uma super-semana para ti!
;))
Uma boa escolha para início de fds...
ResponderExcluirEstou doente...
BS
Força e fé, estimo suas melhoras, Blue! Fui lá, ler-te e ratifico aqui o que eu disse lá!
ExcluirUm beijo, querida, descanse, isso ajuda na recuperação da saúde!!
Na verdade tudo se move
ResponderExcluirBj
...E se esparrama maré na areia, não é Eufrázio?
ExcluirObrigada por estares aqui comigo sempre!
Um beijo grande e desejos de uma semana feliz e produtiva!
;))
Querida amiga, passei para te desejar um bom fim de semana.
ResponderExcluirBeijo.
Obrigada, Barcelli, desejo-te igualmente a semana que se inicia, bela, criativa e bem feliz!
ExcluirBeijão!
;))
(re)colher momentos - como quem desfolha rosas!
ResponderExcluirbelíssimo.
beijo
E receber visitas inefáveis como a sua!
Excluir;)))
Beijo!
:)
ResponderExcluirMinha querida
Um poema em aberto, fantástico!
Et à un certain moment... on peut continuer à l'écrire parce que la vie ne finit pas, comme l'univers dans son mouvement éternel...
Não conheço a obra deste autor. Tenho agora a oportunidade de começar a lê-lo, seguindo a sugestão que aqui nos deixaste.
Obrigada, minha amiga.
Um bom final de semana.
:)
Beijos
Olinda
Sim, a vida é de fato um movimento eterno, e um mundo em aberto. E convido-te a escreveres comigo a segunda parte, ou segundo momento desse poema, que achas? ;))
ResponderExcluirEu diria que ler João Cabral é uma leitura tão obrigatória como é para mim, ler o Pessoa e o O´Neill, a Sophia e a Florbela... Se me permites, recomendo sem receio. A propósito, retirei-o do livro que está na sugestão da leitura do mês (ali na coluna à direita), O Cão Sem Plumas (que é também o nome de um poema, um dos meus preferidos, logo a seguir ao Palavar Seda).
Olinda, é sempre um grande prazer receber-te aqui no Canto, esse é seu pedaço de Brasil, rs
Um beijo, querida, uma semana maravilhosa como mereces!
;))
Aceito com todo o prazer, minha querida. A dificuldade estará em eu 'ter pernas' à altura para te acompanhar... :)) Como é que fazemos? Qual será o passo seguinte?
ExcluirAproveito para te desejar um feliz Dia da Mulher. Cá já está quase no fim... mas temos os outros dias todos do ano.
Beijos
Olinda
Afinal tudo acaba, não é Branca? Eu que o diga, mas não sei se é impressão, você tá usando um tom mais debochado nos poemas?
ResponderExcluirBjs
e disso não podemos fugir porque a realidade mostra que "em cada manhã há um momento...".
ResponderExcluirum poema que convida ao reler (agora) já com a companhia da reflexão.
a...té
Oi,
ResponderExcluirO fim do mundo não pode ser percebido, precisaria restar alguém para testemunha-lo e dai não seria o fim do mundo. Quem poderia ler um último poema? Se o lesse seria ele poema e o poema e a poesia persistiria. Só há começos, não há alguma coisa como o fim. Beijos
A vida é assim, feita de pequenos momentos, que interessa saber aproveitar, embora nem todos tenhamos a arte de os saber viver em plenitude.
ResponderExcluirBeijos.
Você tem um talento admirável. Ficou lindo! O poema final jamais será escrito, nesse contexto. Talvez, nas divagações feitas em uma rede rede, tão somente.
ResponderExcluirGrande beijo!
A grande mestra da intertextualidade hoje escolheu um dos maiores nomes da poesia do seu país, galardoado com o prémio Camões, cuja língua também é a nossa, e fez dos seus versos um poema de uma sensibilidade tão grande que me deixa sem palavras para fazer comentários. Aliás, os seus poemas costumam deixar-me embevecido por largos minutos e depois, leio e releio e releio...
ResponderExcluirHá "momentos" assim... e o "cheiro a maresia" anda por aqui, sente-se por entre estes versos tão sentidos... "à un certain moment"!
ResponderExcluirBeijinho e bom fim de semana!
jc
Que dizer da tua poesia que tão selecionas ...
ResponderExcluirUm dia serei como tu, rs
Beijo(ta)
Caro(a) amigo(a),
ResponderExcluirconvido você a visitar o espaço
http://poetasdemarte.blogspot.com/2012/03/haicaju.html?showComment=1331472552833#c3329309377847633223
e acompanhar a entrevista com Teresa Cristina FlordeCaju
Muito obrigado, desde já!
Não conhecia o autor nem o pintor desse quadro.
ResponderExcluirNo seu conjunto adorei :) Continuas com uma escrita intensa e linda Canto da boca.
Beijinho ***
Muito gostosa combinação de ideias, minha cara (ainda que eu seja temerário das rimas apresentadas sem muita cerimônia...)!
ResponderExcluirTambém ando numa correria só, quase não visitando ninguém... Por isso, estás perfeitamente "perdoada"!
Abração e apareça sempre que puder!
Santa Boca,
ResponderExcluirTeus versos tem um casamento perfeito com a imagem e o poema de João Cabral. E essa visão que nos traz, o descanso, a rede, o trompete, nos aproxima, com coisas banais, do pensamento longínquo da personagem. O mundo só se acabará numa cena de amor.
Dimas