O gordinho mais querido
Esse é o gordinho Naná, meu melhor amigo. Desde 2000, quando voltei ao Recife, esbarramos um no outro e a amizade surgiu como um jardim sem dono. Quando fui morar no Poço, nossas idéias se combinaram. Torcemos pelo mesmo clube, o Santa Cruz, gostamos de coisas parecidas, de ações com a comunidade, adoramos o mesmo boteco, o de Seu Vital. Moramos na mesma rua, a Visconde de Araguaya, ao lado da igreja.
Naná sempre está de Komby. É seu ganha pão. Vive levando gente. Um dia, resolveu levar a criançada para a escola, e virou um belo projeto, que envolveu toda a comunidade. Tenho mais horas nos bancos daquela Komby do que muito motorista do Recife. É um privilégio ser amigo de Naná.
Muitas vezes tenho uma idéia, e quando vou falar, ele diz:
“Bicho, estou com uma idéia…”
É a mesma.
Quando morava no Poço, cansei de receber almoço pela janela. Perdi a conta dos cafés da manhã juntos, depois de levarmos a meninada ao Nilo Pereira, fazendo adivinhação e cantando a música do “Arubu tá com fome”, invenção de Maraí.
Naná tem uma pedagogia própria, que é a minha há muitos anos. A “Pedagogia da Cola”. Se um menino dá trabalho, ao invés de dar carões e coisas do tipo, ele acha que é preciso “colar”. Conversar, escutar, dar atenção. Sempre deu certo.
Nos falamos religiosamente todos os dias por telefone. Só para escutar a voz do outro. Quando ele liga, sempre respondo:
“Diz aí, Montanha, qual é a tua?”
Ele diz onde está e pergunta qual é a minha.
Sim, eu só o chamo de Montanha, desde que nos conhecemos. Ele parece mesmo uma montanha de coisas boas, de carinho, cuidado. Por onde passa, Naná deixa alegria e saudades. Uma das pessoas mais generosas que conheço. É sempre ele que chega e diz que alguém está precisando de ajuda. É sempre ele quem vê o lado bom das coisas.
Certa vez, Naná teve um grande acidente, ficou entre a vida e a morte, internado vários meses na Restauração. Foi um milagre ter sobrevivido. Uma vez ele me contou. Teresa, sua esposa, pensou que ele não escaparia.
“Depois disso, bicho, eu vivo cada dia como se fosse o último. Não tenho mais tempo de ficar pensando em coisa ruim. A vida é boa demais para a gente reclamar”.
Ontem de madrugada, roubaram a Komby do meu querido amigo. Essas malvadezas da vida. Se o ladrão conhecesse Naná, iria devolver na próxima madrugada, com um bilhetinho pedindo desculpas. Como disse há pouco meu amigo Magro Valadares, que já fez matéria com Naná, “podiam roubar a Komby de todo mundo nessa cidade, menos a de Naná”.
Todos estamos mobilizados, divulgando (a placa é KGZ 3021), mas vai ser difícil. Levaram o veículo que estava estacionado numa ruela do Poço, defronte à casa dele. Tudo indica ter sido encomendada. Uma malvadeza encomendada.
Peço ajuda aos meus leitores. Até se aprumar, Naná vai ficar um tempo sem trabalho, e precisa tocar a vida. A coisa mais triste da vida é ver aquele gordinho sem aquele largo sorriso. Dói no coração. Eu mesmo vou fazer tudo para ajudá-lo. Se eu tivesse dinheiro nesta vida, o que eu faria mesmo era dar uma Komby novinha para ele, hoje mesmo.
Quem puder dar uma pequena ajuda, vai a conta:
Evaldo Gomes de Moura
Banco Itaú
Conta Poupança 22907-0
Agência 1594
Andréa Ferraz e Marcelo Barreto estão fazendo um documentário com Naná. Tinham parado, por falta de tempo. Tomara que agora retomem. Naná merece.
Agradeço muito a quem ajudar.
PS. Quem quiser ajudar de outra forma, sem ser com dinheiro na conta, pode ligar para ele – 8773.3934. Ele vai abrir um largo sorriso, garanto.
me supreendo a forma como descreve, escreve e da maneira como as palavras saem de sua boca!
ResponderExcluirEu já tinha visto uma matéria dele no NETV, no quadro que mostram sempre as carências das comunidades e dos subúrbios, e os mestres da superação desses problemas. Deus ajuda os bons, há de ajudá-lo também.
ResponderExcluirBeijos
Oi CB,
ResponderExcluirOh que figura magnifica! Agora é uma pena tal personificação de carinho sofrer tal malvadeza!
Vou orar pelo Náná!
Deus te abençoe por divulgares isto, CB :D!
Está tudo bem contigo? Eu estou melhor, mas ainda não a 100%. Mas estarei em breve...
Mil beijinhos sem germes (lol)...
Naná emociona, ensina e acarinha a vida dos outros com fé naquilo que acredita.
ResponderExcluirMuito bacana esse post, muito mesmo.
Beijo imenso, menina linda.
Rebeca
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Boca... PAssei muito tempo sem vir por aqui e adorei o novo visual!
ResponderExcluirPoxa, o Naná é muito sábio, me deu uma bela lição de vida...
Uma pena que existam essas coisas (mailvadezas), ne? é invr´vel e revoltante como quase sempre atingem pessoas boas...
Beijossss
espero que tudo corra bem para o seu amigo, porque pessoas assim merecem
ResponderExcluirum beijo
Boquita querida,
ResponderExcluirJá estava com saudade de você.
Quem sabe, mesmo com o frio, a gente não toma um vinho no Adamastor, lá no Bairro Alto?
Estou contando as horas. Pois é, lamentável o que aconteceu com Naná! Nessas horas de precisão, alegria é fundamental, assim, nada melhor do que uma festa para encontrar o povo e faturar algum. Minha filha Manu, que mora em Lisboa,já tocou fogo nesta cidade com as suas festas. Uma loucura produzida na sala da nossa casa. Todos envolvidos, a família, principalmente. Eu ficava com o planejamento, Mana com o caixa, João com a bilheteria e Paulo, o pai, com a infraestrutura. Ela com a criação e o charme, lógico. Somos assim, meio sem juízo, graças a Deus. Senão, eu já estaria da Tamarineira pra lá muito.
Beijo
Naire
Perfeito! Você escreve de uma maneira delicada e inteligente.
ResponderExcluirbeijos
Amiga!
ResponderExcluirNaná - um amigo montanha. Montanha de bondade de carinho, de confiança... Uma pessoa linda. Tirar a sua komby, o seu ganha pão. Nossa, como há pessoas más neste mundo. Sinto muito, Boca.
Tomara que ele a encontre novamente.
Sim, considere-se feliz, pois nem todos tem um amigo assim montanhoso... de carinho. Beijo
Olá, menina viajada (e sumida): que Deus abençoe o Naná e seus afazeres bacanas! Boa sorte na recuperação do veículo! Abração!
ResponderExcluirEu acredito que as coisas vão melhorar. Pessoas boas merecem coisas boas, mesmo que de quando em vez, aconteçam más.
ResponderExcluirBj