terça-feira, 27 de julho de 2010
Parindo Estrelas
blindei o corpo
deixei o medo na gaveta
e o coração estendido no sal
ao sol
- já não batia mais no peito -
medi os palmos que me separavam da felicidade
mas não desenhei os passos
- esqueci-me –
não vi as flores no caminho
e nem o menor sinal do amor
engoli a solidão
bebi toda a saudade
transformei a amargura em vinagre balsâmico
- coisa do tempo –
segui sozinha
engravidei-me
não fiz cerimonia, nem alarde
o momento é de parcimônia
e parti
sem mágoas
ao crepúsculo
ao sabor do vento
muitas contrações depois
pari o firmamento
- transbordando de estrelas -
Passei o dia ouvindo essa música: Grávida - Arnaldo Antunes - cantada pela Marina Lima.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Devolva!
ei moço que tal devolver meu coração
que guardas no bolso?
e deixar que eu caminhe sozinha
que eu rompa em definitivo
essa invisível linha
que costura sentimentos
tão vivos e
vãos?
Fagner canta, Conflito - Petrúcio Maia / Climério - Ninguém escutou essa música mais do que eu. Será? Ouçam-na, é belíssima!
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Verso le Tue Braccia Accoglienti
pois que o meu sorriso e o meu olhar
sejam para além matéria de encantar
e que a minha boca carnuda resguarde do mundo
um mundo sonhado num instante inesperado
e a minha alma de passarinho voe sem escolher caminhos
por sobre o atlântico
que no estreito de messina
sejam um
(a dois, já diluídos)
deslizando suave todos os mares
adriático, jônico, lígure, mediterrâneo, tirreno
e a minha liberdade pronunciada em todos os nãos
seja a cada dia consubstanciada
sorridere radiosamente
diante do anunciado
e nosso refúgio cintile
como aquele brilho estelar
que captas voraz das retinas a cada encontro singular
nesse desavisado fortúnio
que chegou sem alardear
esplosione e desideri
come mi faccio avanti
in passi de un ballerino
verso le tue braccia accoglienti!
Nesse momento tá no repeat a música Quando - Pino Daniele - cantada pelos Neri Per Caso. Cantarolemos e sintamos..."Tu dimmi quando quando/ Dove sono i tuoi occhi e la tua bocca/ Forse in Africa che importa..."
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Mar de Sal

como o mar
em movimento e espumas
que hipnotiza além-horizonte
que renuncia a carne e
lava a alma em sal
salmoura
como um navio abandonado
esquecido em qualquer porto
sem rangido ou gemido
partido em mil
milhões de partículas de sal
ao vento
como maremoto
infinitos deslocamentos
enchente atemporal
transbordando por dentro
essas águas de flores águas de sal
leva
em movimento e espumas
que hipnotiza além-horizonte
que renuncia a carne e
lava a alma em sal
salmoura
como um navio abandonado
esquecido em qualquer porto
sem rangido ou gemido
partido em mil
milhões de partículas de sal
ao vento
como maremoto
infinitos deslocamentos
enchente atemporal
transbordando por dentro
essas águas de flores águas de sal
leva
deságua
enfurecimento líquido
desvio de curso
liquida esse inesperado percurso
nuvens de sal
enterra de vez discurso
desvio de curso
liquida esse inesperado percurso
nuvens de sal
enterra de vez discurso
no fundo do mar!
Eu adorei o comentário-poema-espelho do Salve Jorge:
Eu adorei o comentário-poema-espelho do Salve Jorge:
Pra tanto mar
Alguma terra
Pra que ficar
Se a vida emperra
Empurra
Suplante a surra
Que vencemos a guerra
E o sal
Vira tempero
E não será exagero
Se até o mal
Mudar o canal
Deixar de destempero
O passado enterra
E num novo discurso
Seguir o curso
De mares nunca dantes navegados...
Geraldo Azevedo canta: Caravana - dele e do Alceu Valença. Sem perguntas e sem respostas, apenas ouça, cante e sinta: "Corra não pare, não pense demais/Repare essas velas no cais/Que a vida é cigana..."
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