sábado, 7 de outubro de 2017

Balada para uma praia triste

"Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio".

Hilda Hilst em Prelúdios-intensos para os desmemoriados do amor

 imagem: arquivo pessoal

A imensidão que era azulada
pesa agora chumbo
sobre as águas 

E tempestuosas

líquidas de saudades
se esparramam

Enfurecidas

sobre a areia
essas atrevidas

Gozadoras

alheias ao insulamento do mar
sequer ouviram seu lamento

Beberam tudo
insolidárias
insolentes

e depois de tanto
ficaram ali, imóveis
na solidão da praia

ouvindo a música dos ventos
que lhes cantavam uma balada triste.
naquela triste noite.


Olinda, MMXIII


Meena Cryle, It Makes me Scream  



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