segunda-feira, 3 de junho de 2013

se eu tiver que voltar


"I hope the exit is joyeful
                                                                                                             and hope never tu return".
Frida Kahlo
imagem: frida kahlo


eu vivo como se tudo fosse verdade:
da mais simples a mais sofisticada mentira
da mais doce a  mais temível realidade

trato meus inimigos com respeito
e meus amigos com carinho e doçura
acredito em todos e desconfio de tudo

tenho muitas dúvidas
e nenhuma certeza
se haverá juízo final, não sei

mas ajo para que diante do metafísico
minha pena seja leve como a liberdade
para não ter que retornar

e se essa tragédia acontecer
quero voltar outra vez eu
para poder lhe reenca(o)nt(r)ar...

-----

Porque o Filipe olha além-mar, além-palavras, e vê  os sentimentos que pul(s)am:


Se tudo fosse verdade
E a metafísica relativa
Se o verso fosse saída
E a memória relatividade

O tempo voltaria
Como memória de uma imprevista idade


--------

E a Piedade, toda sensibilida, traz a sua bela intertextualidade:

eu sinto a verdade, mas prefiro acreditar na mentira,
porque sei que a verdade esconde,
a agrura dos momentos conturbados.

meus inimigos não sabem e eu para me sentir bem
sinto que são todos amigos
porque não acredito neles mas muito mais em mim.

assaltam-me receios terríveis
duvidas insondáveis e disfarçadas
nos abismos que se estendem sem fim.

mas se algo acontecer eu aceito,
e de braços abertos vou no voo,
para no mesmo voo regressar.


Olinda - I - VI - MMXIII

caetano veloso & lila downs cantam burn it blue (do filme frida, com salma hayek e alfred molina)

21 comentários:

  1. Acredito em todos e desconfio de tudo....Vá lá...imagina ao contrário - acredito em tudo e desconfio de todos. Estávamos feitos....mas se calhar é a mais pura das realidades dos dias de hoje, não é?

    Beijo

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    1. "O mundo está ao contrário" e acho que todo mundo já reparou, está "tudo fora de ordem", e nós, os senhores desse caos, mais "perdidos que cego em tiroteio"... Mas a nave vai e vamos juntos.

      Beijo, JPoeta, obrigada sempre pela gentil e amiga presença!

      ;))

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  2. como eu disse no face, Val, vc tá cada dia mais afiada. esse poema é sensacional, tem a sua marca.

    bj

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  3. Olá Poeta!
    Aqui há uma beleza imensa nesta contradição: " vivo como se tudo fosse verdade"," acredito em todos e desconfio de tudo"...
    E como um ser humano inteligente e pensante, claro que tem" muitas dúvidas e nenhuma certeza". Que maravilha!!!
    Um abraço deste rectângulo distante.
    M. Emília

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    1. Olá, Maria Emília!

      Tentei traçar um pouco as contradições das quais somos cingidos, todo o tempo, o tempo todo... Nossa humanidade pulsante e latente!

      Obrigada pela presença!

      Beijo!

      ;)))

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  4. Nesta desordem de cores nos jardins

    também eu de quando em vez
    fecho o portão
    e solto os cães

    só para ouvir os pássaros em liberdade

    Bjs


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    1. ... Ocasião em que também os cães se libertam!

      Beijo, Eufrazio, e é sempre um prazer tê-lo aqui!


      ;))

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  5. Una vida nada convencional la de Frida.
    Un abrazo.

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    1. Ni un poco convencional, es verdad, pero su trabajo, mismo que sea un testigo de su dolor, mi encanta!

      Gracias por su visita, es un placer tenerlo aqui. Abrazo!

      ;))

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  6. Estoy de acuerdo yo creo que ni su trabajo refleja su dolor....Un blog interesante Me quedo por aca.... :) Saludos.

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    1. Pienso igual, Idolidia...

      Gracias por su visita, vuelve siempre, es un placer tenerte aqui!

      Saludos!

      ;))

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  7. e se essa tragédia acontecer
    quero voltar outra vez eu
    para poder lhe reenca(o)nt(r)ar...

    Belo poema Val onde existe a incerteza, insegurança, contradição alguma dúvida e desconfiança, por vezes compreensível.

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    1. Obrigada, Carlos, talvez eu tenha (re)traçado um pouco do que o mundo reflete, dos nossos receios mais que humanos...

      É sempre um prazer te receber aqui.

      ;))

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  8. Irei sim, Claro, minha "Florzita", deixa só eu chegar em casa...

    Beijos, beijos, até logo mais!

    ;))

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  9. Se tudo fosse verdade
    E a metafísica relativa
    Se o verso fosse saída
    E a memória relatividade

    O tempo voltaria
    Como memória de uma imprevista idade

    Bjo.

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  10. O verso quase sempre é uma (a) saída... Decorrido um certo tempo, seja talvez a memória, relativa e o imprevisto metafísico. Me fizeste refletir sobre isso, Filipe, como sempre. E como sempre me perco dentro do seu poema.

    Obrigada pela presença, sempre!

    Beijo!

    ;))

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  11. eu sinto a verdade, mas prefiro acreditar na mentira,
    porque sei que a verdade esconde,
    a agrura dos momentos conturbados.

    meus inimigos não sabem e eu para me sentir bem
    sinto que são todos amigos
    porque não acredito neles mas muito mais em mim.

    assaltam-me receios terríveis
    duvidas insondáveis e disfarçadas
    nos abismos que se estendem sem fim.

    mas se algo acontecer eu aceito,
    e de braços abertos vou no voo,
    para no mesmo voo regressar.

    PS:foi o que me saiu

    beijo e bom fim de semana.

    :)

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    1. Não temos outra alternativa, senão, viver, viver com tudo que existe nessa nossa passagem, vejo tudo como uma grande aprendizagem.
      E o teu poema é uma ótima saída, diria até uma estratégia de mestre, uma lição de vida!

      Obrigada sempre, pela presença e pela interação. E que tenhas também um excelente fnal de semana. Beijo!

      ;))

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  12. Apesar de sentir um certo desânimo na humanidade também, e ser um pouco trágico o poema, Boca, não deixa de ser belo.

    Beijo.

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  13. Querida Canto

    Se houvesse retorno também eu gostaria de voltar 'eu mesma', de modo a sentir e a viver, conscientemente, aquilo que não teria sido possível realizar.

    E a dúvida, sem ser necessariamente uma dúvida metódica, é uma componente importante na nossa passagem por esta vida. Penso que ela nos ajuda na procura da 'verdade', qualquer que ela seja. :)

    Beijinhos

    Olinda

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