"No entanto, o intemporal em vós sabe
da intemporalidade da vida.
E sabe que ontem é apenas a memória de hoje
e o amanhã é o sonho de hoje."
Khalil Gibran in O Profeta. p.80-81
imagem: ismael nery
"a estrada é longa"...
assim disse a cigana que leu a minha mão
existem muitos desejos, sonhos e alucinações
em cada traçado
curvo ou entrecortado
obscuro ou sinalizado
seja na linha da vida, da cabeça - da razão
mas quem decidirá sou eu
esse é o destino
senhora das (próprias) decisões
porque os montes
a direção e os ventos
mudam com o tempo
a arte advinhatória também
no intricado mapa
impresso na palma, estão as indicações
anunciando a quem interessar possa
que o futuro não existe
é coisa de profeta
nem vidência alucinatória
nem a saudade, nem a dor, nem a solidão
só o gosto daquele beijo
- e uma forte intuição -
e aquela linha reta
aquela que é chave
para se entender o coração
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E o Filipe (quem, senão ele) grande e querido poeta, retraça minhas tortuosas linhas assim:
Talvez a crença num destino
(autónomo e incontrolável)
seja apenas flagrante fraqueza
(uma pretexto de conformada inércia)
Assim o diz a razão (assim o digo também)
Mas
que dizer dos sinais (que vejo)
que dizer dos obscuros ventos (que sinto)
como definir os caminhos em verso (que escrevo)
Como entender todas as impossibilidades que o tempo tem?
(divagações de um pseudo-poeta
que "na utopia se diz profeta")
O futuro não existe enquanto não se faz passado
Só o beijo
E o verso
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Olinda - VIII - VI - MMXIII
rita lee canta, menino bonito (escute o piano é demais de lindo!)
O coração conhece sempre a chave...:)))
ResponderExcluirBeijinho
O coração é um "comboio de chave"...
ExcluirBeijo, JPoeta, muito grata pela sua presença, sempre!
;))
O futuro existe assim como a saudade,dor e solidão.
ResponderExcluirCabe a cada um de nós também decidir,contribuir para obter essa chave para o futuro que desejaríamos.
P.S.Val obrigado por tuas visitas em meu blogue e um bom fim de semana
Tudo existe, se acreditarmos nisso...
ExcluirQuem agradece sou eu, Carlos, e ademais sou apreciadora do belo, e suas fotos traduzem belezas que me emocionam!
Bom final de semana para ti também!!
;))
o coração sabe das coisas e vc tb
ResponderExcluirbj, Val
Será, Rodrigo? Socraticamente eu digo: "só sei que nada sei".
ExcluirBeijo!
;))
ResponderExcluirMinha amiga
Um poema lindo que implica tudo, passado, presente e futuro. Um tema para reflexão, um tema que me faz estremecer perante a sua magnitude.
Passado, Presente, Futuro: Uma trilogia avassaladora.
Pensando bem, parece que o que existe é apenas o passado, e o presente é 'este' instante apenas que já passou.
O futuro,coisa volátil, poderá estar aqui na letra que eu teclar a seguir. Também poderá ser o 'sonho de hoje'e as marcas que me deixar no coração, nas minhas decisões e indecisões... e daí, talvez a chave de tudo.
'a estrada é longa', concordo, um caminho que se vai fazendo segundo a segundo, a milésimas de segundo ou nem isso, em que a razão e o coração se confrontam. E quem sairá a ganhar? Talvez o coração e 'aquele beijo'.
Como vês, eu hoje estou assim um pouco amarga e, quem sabe, algo incoerente...
Vamos à parte lateral do teu blogue: Tens aí ao lado umas re-leituras preciosas. Das leituras, destaco os dois livros sobre Cabo Verde, que eu não conhecia. Hei-de ir à procura deles. :) Sobre 'Os Filhos da Terra e do sol' : há um autor chamado António Carreira (conhece-lo?) que também trata o mesmo tema em 'Cabo Verde-Formação e Extinção de uma Sociedade Escravocrata'.
Amiga, desejo-te um bom domingo. Por cá temos um fim de semana alargado, que vai até 2ª feira, inclusive.
Beijinhos
Olinda
A vida será sempre um grande mistério para mim, a sua magnífica simplicidade é de uma complexidade inextinguível, e um tema indelével, de acordo comigo.
ExcluirCostumo brincar com isso de quiromancia porque remonta à (minha) infância e os meus temores provocados pela minha mãe, para eu não sair de casa, nem tampouco me aproximar dos ciganos que acampavam na cidade, amiúde (coisas da memória que é sempre recorrente). E também porque eu não acredito em destino (no máximo, no imponderável, no inexorável, para não ser radical), mas na construção do futuro, no planejamento, e ainda assim sem nenhuma garantia de absolutamente nada, não temos garantias de nada, Olinda, só de produtos eletro-eletrônicos e olhe lá, e mesmo assim com temo limitado (e lá se vai eu voltar ao filme, aqui no Brasil se chama: Blade Runner o caçador de andróides), todos somos chipados (ainda que metaforicamente), todos temos um tempo de vida...Só sei que façamos o melhor que pudermos por nós, para nós, para termos uma passagem saudável em todos os campos...
Seu comentário é de uma profundidade e reflexão, que todos deveríamos ter, se possível. Como vês, não se trata de amargura, mas de um ponto imprescindível na vida, na vida de todos nós, e quase nunca falamos sobre o tema, pelos mais variados motivos.
Super agradeço suas palavras, sua presença, seu carinho, e, sobretudo, sua amizade.
Um beijão e que o domingo seja tranquilo e feliz!
;)).
Quién lo puede saber lo que nos depara el futuro...?
ResponderExcluirUna pregunta complicada.
Un abrazo.
Pues, quién? Nosotros, quizás? Creo que ni con todo lo planeamento, aun asi no lo tenemos respuestas... Solamente existe una salida: vivir hoy...
ExcluirUn abrazo, Balamgo, gracias por su presencia!
;))
Val, Gibran sempre me coloca num lugar meio divino. Foi alguém muito especial, pois praticava o que escrevia.
ResponderExcluirAssim, tua citação me levou primeiro a este lugar e prossegui nele a pensar sobre o destino e este futuro que não saberemos nunca, a não ser pelo presente que construímos e escolha que fazemos.
Maravilha de poema. Tua escolha por lembrar da linha da mão foi brilhante.
Beijão bem grandão.
Magna
Desde a minha pré-adolescência que eu leio Gibran, ficava maravilhada com toda essa sabedoria. De modo que ele continua referência.
ExcluirE Magníssima, a vida para mim é um mistério insondável, desisti de qualquer explicação, decidi apenas viver, o melhor que eu possa. Talvez a única coisa que a vida me explique, e que eu entendo, foi o que passou e não porquê se passou daquele jeito... Despida de toda memória passada, apenas passou, olho para trás e nesse plano entendo que passou...
Obrigada, pelas palavras e pela presença, sei bem das suas demandas.
Beijão bem grandão (e repare na sua agenda se podemos almoçar juntas essa semana, ao menos tu, Fabi e eu?), e que pena que não fui ontem ao lançamento do livro da Fabi, voltei do meio do caminho, muita chuva por aqui...
Magnífico poema, Boca, sério e profundo, e não é sempre que encontramos uma poesia que trata desse assunto.
ResponderExcluirBeijo.
Obrigada, Sylvia, gentileza sua!
ExcluirBeijo!
;))
o coração por vezes perde a chave e a razão....
ResponderExcluir:)
Quando isso acontece, é um perigo!
ExcluirObrigada pela presença, Piedade!
;))
Olá Canto...
ResponderExcluirÉs um encanto que a cigana deve ter lido na palma da tua mão. Rara sensibilidade, arte e engenho no pensar e no escrever sobre o ontem , o hoje e o amanhã...
Também eu me interrogo sobre o mundo em que vivemos , as contradições que existem no ser humano...enfim! Fico-me por aqui.
Um beijo.
M. Emília
Olá, Maria Emília!
Excluir"Toda palavra guarda uma cilada", é preciso muita atenção à leitura da cigana, rs
Acredito que essa trilogia é um tema que em algum momento da nossa vida, nos cinge de interrogações, reflexões (e tantos desejos)... E vamos vivendo como podemos, algumas vezes nem é como queremos, ou gostaríamos, esses percalços que a "linha da vida", traça, retraça e "destraça" ao longo da nossa existência, enfim...
Sua presença aqui muito me alegra, grata por isso!
Um beijo!
;))
Talvez a crença num destino
ResponderExcluir(autónomo e incontrolável)
seja apenas flagrante fraqueza
(uma pretexto de conformada inércia)
Assim o diz a razão (assim o digo também)
Mas
que dizer dos sinais (que vejo)
que dizer dos obscuros ventos (que sinto)
como definir os caminhos em verso (que escrevo)
Como entender todas as impossibilidades que o tempo tem?
(divagações de um pseudo-poeta
que "na utopia se diz profeta")
O futuro não existe enquanto não se faz passado
Só o beijo
E o verso
Talvez inércia, talvez cultura, talvez desistência, e a razão desconfiando...
ExcluirComo conf(r)or(n)tar, o que a emoção desenha, insufla, e provoca? Quem dera o tempo e as impossibilidades fossem as pontes, e as fontes desse amanhã que queremos hoje, ou desse hoje que explode urgências em todas essas querências? O Poeta, o Poeta (com pê maiúsculo mesmo), verseja na resiliência do beijo; ou beija na eternidade do verso. E entre profeta e utópico sinaliza esse futuro, breve passado.
Nossa Filipe, quem muito divagou agora fui eu, tua escrita é assim: pro-vo-ca-do-ra!
;))