quarta-feira, 26 de junho de 2013

aquela dose de veneno

"Remeta-me os dedos
em vez de cartas de amor
[...]
Repito:
Se meta na minha vida
outra vez meta
Remeta".

cortesã - ismael nery

quero aquela cotidiana dose
de veneno
escarlate como vinho tinto
vermelho como sangue
doce como a vingança

aquela dose quente, carmim
que escorre - víbora -
disfarçada, malemolente
macia e rápida pelo canto da boca
e se aloja à espreita

ávida
certeira do bote
da vítima
do beijo
porque hoje eu te quero

meu desejo estrangulado
peçonha
alucinado
diante do mundo disfarçado
no peito guardado

mas para ti anunciado


------

Olinda - XIX - VI - MMXIII

george michael, careless whisper...


22 comentários:

  1. Mais um belo poema Canto.

    Sobre uma pequena dose de veneno....mas não gosto de vinganças ....

    Beijo

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    1. Tampouco eu, ainda bem que tudo são apenas metáforas! :))


      Beijos, JPoeta!

      ;))

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  2. O vermelho é pavio da paixão...

    beijinho

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  3. Um poema com veneno de saber poético, que apreciei!
    Bjsss

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    1. Obrigada, Calado, a sua apreciação é sempre uma alegria!

      Beijo!

      ;))

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  4. Olá,um poema Val que nos narra revolta,vingança e vontade auto destruição.Que o respeito e compreensão prevaleça e devolva a paz.

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    1. Na verdade, Carlos, perceber um poema passa pelo campo da subjetividade, nessa perspectiva, não vi o que viste, o que descreves; é mais o desejo, uma vontade indômita, um sentimento que não devia brotar, e teimoso, resiste. Mas cada olhar e interpretação, multiplica o texto, obrigada pela sua inferência.

      ;))

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  5. Respostas
    1. Com sabor de paixão, sim, mas a vingança é só metáfora, Piedade!

      ;))

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  6. Mais um dos seus poemas interessantes, Boca, e também irônico, você brinca com as palavras, com os sentimentos e com as intenções.

    Beijo.

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    1. Perfeito, Sylvia, ironia e experimentação, eis a tônica do poema!

      Beijo!

      ;))

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  7. Num escarlate equilíbrio
    o verso oscila entre lâminas
    rasgando na palavra dura
    a dor que se anuncia
    sem antídoto

    Forte e impressivo
    daqueles que se sente provindo de dentro

    Bjo.




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    1. Entre as vísceras
      expostas pelos dilacerantes
      cortes das lâminas
      da intempestiva paixão
      que não sara
      que não têm antídoto.

      Bela interpretação, Filipe, como sempre!

      Beijo!

      ;))

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  8. Não será precisamente esse o problema, viver num mundo disfarçado?


    Beijinhos!

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    1. Talvez, Alexandra, mas algumas situações são tão óbvias, que parecem disfarces, rs.


      Beijinhos!

      ;))

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