quarta-feira, 15 de maio de 2013

fracasso

"...Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua."

 solitude - marc chagall

sem louros, flâmulas, medalhas
pódio de chegada
tampouco aplausos

não houve vitórias
mas grandes derrotas
fomos vencidos

não há vencedores
fomos atropelados na corrida da vida
no afã de conquistar o mundo

perdemos o passo seguinte
o abraço seguinte
o triunfo foi inimigo letal

uma glória vã
brilho fugaz
de quem não se satisfaz

com os simples encontros da vida
os fogos que explodiram
anunciavam o fracasso

do que um dia foi
gentileza, diálogo, compreensão
mas que chegue logo o tempo da paz

do amor e do perdão!

------------

E o Filipe Campos Melo, como sempre, vai além, enxerga tantas outras possibilidades...

Um triunfo vão
temporário
preso num calendário
uma incompreensão

E o verso que escreve a memória

amargamente
repetidamente
exaustivamente

como um eco que se prolonga na demora

...

Que venha o tempo agora


--------

Gosto muito da interação, da intertextualidade, e trago-vos o poema e a presença marcante da Piedade Araújo Sol, que pode ser vista e lida em seus dois blogues, vale a pena visitá-la: http://olharemtonsdeflash.blogspot.com.br/
e http://olharemtonsdemaresia.blogspot.com.br/

 
Vitórias inúteis
derrotas infiéis
amargas

Vencedores vencidos
amarrotados no silêncio
do mundo atroz.

Glória hipotecada
na derrota fria
com fim mordaz.

É assim a vida
por vezes sem nada
apenas o sonho.

Que ainda se faz.

Olinda - XI - XI- MMXII



Paulinho da Viola, Dança da Solidão



23 comentários:

  1. Eis o canto da boca, eis um espaço de arte e de reflexão.
    Carecemos dos blogues... o face está fazendo os blogueiros migrarem... que pena!

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  2. Olá, vizinho, prazer lhe rever por aqui. Eu sou uma insistente (mais que resistente, acho), apesar de alguns hiatos, ainda fico por aqui, esse é um espaço pelo qual tenho especial apreço. Obrigada pelas palavras, é sempre um valor agregado, um comentário seu.

    E quando vamos repetir o nosso café, e aquela prosa saborosa, ao vivo e em cores?

    ;))

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  3. Sophia tem razão: não podemos deixar de estar presentes!

    Fizeste um bom post.

    Beijinhos

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    1. Obrigada, São, pelas palavras e pela presença!

      Beijinhos, querida!

      ;))

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  4. Não são precisos medalhas, pódios ou aplausos para o amor do perdão.

    Beijo

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    1. Não, não precisa nenhum alarde, apenas a compreensão, se houver amor, o perdão chegará, não é mesmo??

      Beijo!

      ;))

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  5. Respostas
    1. Serás sempre bem vinda, em qualquer tempo, querida.

      Beijo!

      ;))

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  6. um pouco triste, um pouco real, mas é lindo, Val

    bjs

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    1. Um pouco, pode ser, mas não tome tudo ao pé da letra, "o poeta é um fingidor", como preconiza o Pessoa, rs.

      Beijo, querido!

      ;))

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  7. Olá, Val
    É preciso, é urgente, é premente! que chegue o tempo do perdão.
    Com muito amor... vamos lá.

    Uma semana feliz. Beijinhos

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    1. Sempre em frente, o perdão é a nossa brandeira! rs

      Beijos, Mariazita, um prazer lhe ver aqui!

      ;))

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  8. Um triunfo vão
    temporário
    preso num calendário
    uma incompreensão

    E o verso que escreve a memória

    amargamente
    repetidamente
    exaustivamente

    como um eco que se prolonga na demora

    ...

    Que venha o tempo agora

    ___

    Com a profundidade que tua poesia tem
    muito além do verso, dentro da palavra

    Bjo.

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    1. Temporário, como a vida, amordaçado num espaço, perdido, incompreendido, sem nexo, um verso sem cor, ecoando no porão do tempo, retendo num canto qualquer, o que um dia foi.
      O tempo que está chegando, e vem anunciando novos e fecundos dias de poesia(s), rs.

      Comentário inspirado e inspirador, Filipe, e é com alegria que sempre lhe vejo mergulhando no profundo dos meus versos, uma grande honra para mim.

      Um beijo, querido!

      ;))

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  9. Até que a voz nos doa

    e mesmo que doa

    para lá do azul

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    1. É preciso doer para que o azul em nós não se extinga, sabes bem de um murmúrio "blue", não é mesmo Eufrázio?

      Obrigada pela presença!

      ;))

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  10. Que saudade eu já tinha e que bom eu ter vindo; Excelente...
    Demorei-me em cada verso...porque cada um é uma imensidão de sentires.
    Bj
    BlueShell, agora também em
    www.omocho.info
    com o nick
    Whiteball

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    1. E que alegria lhe rever aqui, Blue.
      Suas palavras multiplicam meu poeminha, e fá-lo gigante.

      Obrigada pela presença, querida!

      Beijos!!

      ;))

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  11. O tempo diz ao tempo que a vida é um momento num imenso tempo cruzado com a eternidade! 


    beijo!

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    Respostas
    1. Uma eternidade que pulsa no aqui e agora!

      Obrigada pela presença, Alexandra, beijos!!

      ;))

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  12. Vitórias inúteis
    derrotas infiéis
    amargas

    Vencedores vencidos
    amarrotados no silêncio
    do mundo atroz.

    Glória hipotecada
    na derrota fria
    com fim mordaz.

    É assim a vida
    por vezes sem nada
    apenas o sonho.

    Que ainda se faz.

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    Respostas
    1. Nada mais precisa ser dito, fizeste-o divinamente bem. Tenho percebido o mundo assim: perdido e vencido!

      Beijo, Piedade, obrigada pela presença e pelo profundo poema!

      ;))

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  13. estou a sorrir!
    pelo destaque do comentário poema.
    acho que se não achares mal, também faço um poste com ele.
    obrigada!

    :)

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