"A antiguidade das coisas está no desejo de as esquecermos".
Mia Couto in Venenos de Deus Remédios do Diabo. p. 179-180
imagem: leonor fini
E então Penélope, renascida - não uma Fênix, tampouco Eva, era mais ancestral, era muito tempo antes - Lilith, das cinzas de uma explosão, delirava perdida entre sonho & realidade; no limbo da sanidade e da loucura, já não sabia mais se era Ulisses quem habitava as suas entranhas, ou se era um outro corpo qualquer, fruto da sua perturbação; se um personagem novo; ou, em Pedro convertido. E entre o sim o não vagava imensidões e neblinas, e todas as noites antes de dormir, como um mantra murmurava, quase inaudível, sob o chuveiro:
que essa água que lava o meu corpo
leve em enxurrada
todo o sentimento
que o tremor do desejo
deságue diluído nas gotas
que escorrem no corpo
que a cobiça de tê-lo
esmoreça a cada pensamento
e feneça ali mesmo naquela torrente
confluências & confusões
ora enchente
borbotões
que eu desconheça a saudade
esse bicho
tão feroz que me invade
que eu seja em mim urgente
que brotem outras sementes
flores, frutos, contentamentos
que ele seja outra vez
alheamento envolto
no véu do esquecimento!
---------
E o Filipe Campos Melo, sempre generoso, significa minha acanhada escrita assim:
A palavra desagua sobre a palavra
Como destino esquecido que remanesce
Como desatino que nos leva ao esquecimento
"que o tremor do desejo
deságue diluído nas gotas
que escorrem no corpo"
É urgente
É premente
O verso que o invoca
que essa água que lava o meu corpo
leve em enxurrada
todo o sentimento
que o tremor do desejo
deságue diluído nas gotas
que escorrem no corpo
que a cobiça de tê-lo
esmoreça a cada pensamento
e feneça ali mesmo naquela torrente
confluências & confusões
ora enchente
borbotões
que eu desconheça a saudade
esse bicho
tão feroz que me invade
que eu seja em mim urgente
que brotem outras sementes
flores, frutos, contentamentos
que ele seja outra vez
alheamento envolto
no véu do esquecimento!
---------
E o Filipe Campos Melo, sempre generoso, significa minha acanhada escrita assim:
A palavra desagua sobre a palavra
Como destino esquecido que remanesce
Como desatino que nos leva ao esquecimento
"que o tremor do desejo
deságue diluído nas gotas
que escorrem no corpo"
É urgente
É premente
O verso que o invoca
Olinda - XIII - II - MMXIII
são miles davis, rogai por nós: embraceable you
Também não gosto da saudade....bicho que não gosto de ver.
ResponderExcluirBeijinho
Mas está sempre conosco...
ExcluirBeijo, JP, obrigada pela presença!
;)
"que eu desconheça a saudade
ResponderExcluiresse bicho
tão feroz que me invade"
esse é o meu mantra também
No fundo, é o de todos nós...
Excluir;)
Jovens experientes
ResponderExcluirSerá mesmo, Eufrázio?
Excluir;)
todos temos o nosso mantra para encontrar o nosso espiritual.
ResponderExcluirbeijo e um sorriso
Todos temos e eu gosto de pensar que seja assim...
ExcluirBeijo, sorrisos e obrigada pela presença, Carlos!
;)
ResponderExcluirA palavra desagua sobre a palavra
Como destino esquecido que remanesce
Como desatino que nos leva ao esquecimento
"que o tremor do desejo
deságue diluído nas gotas
que escorrem no corpo"
É urgente
É premente
O verso que o invoca
Sempre um prazer te ler
Bjo.
É urgente, e a premência é quase uma questão de vida e morte!
ExcluirVocê sempre significando minha acanhada escrita, Filipe, obrigada!
Beijo!
;)
Prosa ou poesia, as tuas palavras pertencem aos domínios da excelência.
ResponderExcluirGostei muito.
Minha querida amiga, tem um bom resto de semana.
Beijo.
Nilson, Poeta, muito me honram sua presença e suas palavras!
ExcluirObrigada, um beijo!
;))
Unidos
ResponderExcluircontra muros e amos
Unidos, sempre!
Excluir;))
ResponderExcluirMinha querida
Venho trazer-te um abraço apertado com votos de muitas Felicidades hoje e pela vida fora, e dar-te os parabéns pela linda pessoa que és.
Estive a pôr um pouco em dia as minhas leituras neste belo Canto. Voltarei para continuar a ler, meditar e comentar.
Beijinhos
Olinda
Olinda, creio que sabes da reciprocidade, não sabes?
ExcluirSó tenho a agradecer, agradecer e agradecer, obrigada, amiga, um beijo grande de carinho!
;)
Assim seja... embora triste!
ResponderExcluirKandando sentido
Algumas vezes o inverossímil é apenas o inverossímil...
ExcluirBeijo, Guma, obrigada pela presença!
;))
Oi CB,
ResponderExcluirAdorei o mantra de Penélope. Pode parecer incrível mas este tipo de murmúrio sob o chuveiro dá certo... :)
Beijos, menina
Pois sim, se dá... Max, querida, ando mesmo em falta contigo e não me digas que não... Aliada à falta de tempo, está também a falta de vontade de atualizar isso aqui, mas desejo que o tempo mude...
ExcluirObrigada sempre, pela presença e amizade, um beijão!
;))
Olá Val,pois é muitas vezes desejamos esquecer,alterar de modo que algo nunca tivesse feito parte de nossa vida,mas nós não conseguimos mandar em nosso coração ,nossos sentimentos.
ResponderExcluirFica a esperança que com o tempo a dor seja menor.
Um dos poema mais belos que tive privilegio de ler neste blogue.
Boa semana,beijinho
Oi, Carlos, pois é... Não conseguimos administrar "esse comboio de cordas que se chama coração", mas vamos tentando sobreviver às intempéries.... Folgo em saber que gostaste do meu poema.
ExcluirObrigada pela presença, um beijo!
;))
ResponderExcluirAh, esta Penélope enche-me de saudades do tempo para lá do tempo. Esta Penélope que toma vestes outras e nos envia palavras de encantamento e de meditação, procurando arredar sentimentos de dor e de olvido. Nas minhas noites insones lembrar-me-ei desta mantra.
Um bom fim de semana, minha talentosa amiga.
Bejs
Olinda
Que guardemos no coração o nosso necessário Mantra de Penélope, para as horas ingratas e indefinidas.
ExcluirÉ sempre uma alegria e um prazer te ver aqui, Olinda, obrigada!
Um beijão, querida!
;))
ResponderExcluirsorry... :)
'deste mantra'
bj
Beijo!
Excluir;))