sábado, 1 de setembro de 2012

rajada de trovões

"Tu proverai si com sa di sale
lo pane atrui e come è duro calle
lo scendere e ´l salir per l´altrui scale..."
Dante Alighieri in A Divina Comédia. Paraíso. Canto XVII

imagem: gustavo doré

uma rajada de trovões
rasgava a noite
e abria o ventre do céu

na abóbada celeste
um sem fim de clarões
ziguezagueavam

chispavam luzes
sem rumo certo
enquanto o firmamento

desabava, tormenta
resignação, esquecimento
no longínquo tempo

do nunca mais
terra, transe, movimento
estrondoso acontecimento

dois corações sorriam
portentosos
plenos de re-conhecimento

-------

pooh, cercando di te


26 comentários:

  1. Adorável poema, como sempre.

    Para dois corações unidos, as tempestades acontecem dentro do corpo...

    Ótima semana mais curta para todos nós!

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    1. Estão num mundo à parte: o deles! Exatamente, Will!

      Obrigada pela presença, e pela atenção à minha escrita!

      Ótima semana igualmente!

      ;)

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  2. Alheios dois corações sorriam ignorando o que passava em redor,verdadeira entrega,lindo e musica adequada, parabéns.
    Beijinho

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    1. Verdadeira entrega (de outra forma os dois corações não sorririam, será? rs)... Sim, Carlos.

      Obrigada pela presença amiga!

      Um beijinho, querido!

      ;)

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  3. Retumbantes sons
    Rasgos que rasgam a noite
    fragmentando-a em infinitas partículas de luz

    Assim desabam os tormentos
    atormentados rumos perdidos no firmamento

    Como reencontro de longínquo tempo


    Do alto procede
    O Evento


    Da alma
    A tua Poesia


    Bjo.

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    1. (Uma explosão de luz sempre se dá quando o amor acontecem, não é?)

      Sons que apenas corações harmoniosos e sincronizados no mesmo ritmo, escutam.

      Obrigada pelo lirismo dos seus comentários.

      Beijo, Filipe!

      ;)

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  4. Un poema de gran belleza y sensualidad.
    que tengas una feliz semana.
    un abrazo.

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    1. Gracias, Ricardo, y que tu tengas también una feliz semana!

      ;)

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  5. A história linda de um reencontro ainda mais lindo!
    Beijinhos,

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    1. Ah, como seria perfeito se todos os reencontros fossem lindos, não é Manel?

      Beijinhos!

      ;)

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  6. culminar com explosão de entrega e sentires

    belo

    beij

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    1. É capaz que toda verdadeira entregue seja sempre uma explosão de sentires...

      Beijo, Pi, obrigada pela presença!!

      ;)

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  7. Corações

    musculados
    Belos os seus relâmpagos

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    1. Relâmpagos que clareiam mundos, rs

      Obrigada pela presença, Eufrázio!

      ;)

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  8. e porque hoje é sexta

    bom fim de semana!

    oh yéeeeeeeeeee

    beij

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    1. E feriado nacional, Pi, a história oficial convencionou que 7 de setembro de 1822, foi a data da nossa independência de Portugal (um país desse tamanho tinha que ter uma data única, pois a o fato não se deu de forma homogênea, algumas províncias tiveram sua "emancipação" em tempos distintos).

      Obrigada, Pi, um beijinho, querida!

      ;)

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  9. Olá, Canto da Boca

    Um excelente dia para aqui vir, data oficial da Independência do Brasil, pois, como bem dizes, ela não se deu de forma homogénea.Reparei nas obras alusivas à época, que aí tens.

    O excerto de 'A Divina Comédia', de Dante, enquadra bem este ambiente de relâmpagos e trovões, do teu belo poema, bem como a imagem, que quase nos conduziria ao reino de Hades, não fosse o Amor que ultrapassa tudo.Salvos pelo Amor!

    Beijinhos, amiga.

    Olinda

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    1. Talvez seja o amor o que nos separa da loucura, e nos cura de todas as feridas; talvez seja o amor a verdadeira luz da vida. Será, Olinda?

      Beijinhos, querida, é sempre um prazer ter-te aqui.

      ;)

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  10. Tem algo diferente no ar, mais que relâmpagos e trovões

    Beijo

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  11. Se os ditados continuarem a transportar no ventre a simplicidade do saber feito de experiência, podemos citar de cor, com a garantia de não errarmos o velhíssimo «após a tempestade, chega a bonança»!
    ;)

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    1. Quem sabe eles não sejam a nossa redenção? Se nos voltarmos mais para a simplicidade da vida...?

      Obrigada pela presença, volte sempre a casa é sua!

      ;)

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  12. Santa Boca,

    Olha, acho esse final belíssimo, que usam os versos anteriores quase como uma distração. Lembrou o poema Trapézio, de Josias de Paula Jr., onde ele fala de uma cena no picadeiro e arremata com a solidão de um espectador. Lindo.

    Dimas Lins

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    1. Ô Dimas, comparar meu poeminha besta com o Trapézio do Geó, é mais ou menos como escutar o elogio que o Cortázar fez ao Osman Lins, pelo livro Avalovara (claro que dentro das devidas dimensões). Que beleza, obrigada, viu?

      Abraço!!

      ;)

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  13. Eu diria que sim, e como rajada, sai atingindo tudo!

    Beijo!

    ;)

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