"Seja bala, relógio,
ou a lâmina colérica,
é contudo uma ausência
o que esse homem leva".
(Ou Serventia das Ideias Fixas)
E o Filipe Campos Melo declamou, gravou e editou meu poema
faca na pedra
de amolar
alisando a pedra
dura
de esperar
faca no rio
faca que corta
o fio
o pavio
o pulso
faca que afia
na carne
faca falo
sexo
sangria
faca só lâmina
fria
no brilho
tira delgada
e a fadiga
da vida
que não se cumpre
da faca
em mãos quase vazias
como o vazio que ficou
quando nasceu o dia
----------
XXX - IX - MMXII
pedro abrunhosa e sandra de sá - eu não sei quem te perdeu
A faca é neutra: temos é de ter atenção a quem a usa.
ResponderExcluirGostei do post.
Bom domingo
Perfeitamente, São, a faca por si, é inerte, o seu uso é que faz a diferença, melhor não poderia ser dito!
ExcluirObrigada pela visita e pelos votos, desejo-te igualmente um ótimo domingo!
;)
Faca no rio faca que corta,quando usada pela pessoa e momento certo deixa-la seguir os seus extintos.
ResponderExcluirgostei,justa homenagem a esta linda música.
beijo
(algumas vezes seguir os instintos é perigoso, até fatal...não achas?)
ResponderExcluirBeijo!
;)
Oi CB!
ResponderExcluirNa criminologia forense, os crimes cometidos com facas têm sempre uma componente sexual. Por isso entendi bem "faca que afia/na carne/faca falo/sexo/sangria".
Nunca desapontas: este foi mais um belo poema (forte, macho) :D.
Beijoss
Compreendeste integralmente o poema, Max, a intenção dele foi exatamente chamar a atenção para esse tipo de violência, cujos índices são bem altos por aqui.
ExcluirObrigada pela presença, beijinhos!
;)
Gostei deste pormenor:
ResponderExcluirfaca que afia
na carne
faca falo
sexo
sangria
Beijo[ta]
Obrigada, Jotinha por ter gostado e por ter aqui estado!
ExcluirBeijo!
;)
Afia a faca junto ao pulso
ResponderExcluiralisa a imóvel pedra
onde desesperada
esperas
Faca que faca afia,
a frio
Laminando o verso
Silenciando a fala
Corta do fio,
O fio
Sustém a hemorragia
Interrompe o curso do rio
E a fadiga
A fadiga
A incumprida vida
...
(talvez me tenha desviado do poema, mas as palavras têm sempre múltiplos caminhos)
_____________________
Sublinho a força (poderosa) do poema,
devidamente reforçada pelo verso curto
e adequadamente enquadrada pela harmonia fonética
(muito presente mas de forma cuidada)
tornando-o num poema que reclama uma boa declamação,
sublimando-o
Gostei mesmo muito, como se lê
Bjo
Filipe, eu gostei por demais desse diálogo de poemas, uma interação que a poesia proporciona, e tu sabes bem fazê-lo. Usaste as mesmas palavras, e deste um novo ritmo, um novo sentido e criaste outra obra.
ExcluirDeste-me a ideia de propor aos demais que aqui visitam, criarem outros textos, tomando o meu como base, e vou publicá-los aqui. Que achas?
Estou bastante agradecida pelo valor que deste ao meu poema, e pela delicadeza de ter dado a sua voz e o seu ritmo a ele, obrigada!
Um beijão!
;)
Acho boa ideia :)
ExcluirBjo
Vou propor!
ExcluirBeijo!
;)
Um poema pleno de força, impetuoso...que faz tremer...que faz temar!
ResponderExcluirBj e desculpa as ausências...
BShell
Blue, querida, entendo as demandas nossas de cada dia, não se preocupe. Apenas desejo que tudo esteja bem.
ExcluirUm beijão!
;)
um poema forte, e embora fale de facas (tenho pavor) é algo que tem a ver com algo passional, de que não irei entrar em detalhes.
ResponderExcluirgostei no entanto da mensagem.
um beij
Sim, forte como a vida e definitivo como o tempo das paixões!
ExcluirObrigada, Pi, beijinho!
;)
Doce criança do tempo...Na noite, no oceano que nos separa, talvez até num arco-iris, me traz aqui, pra te ver sorrir, chorar, sonhar...Como tenho saudades daquilo tudo que não vivemos...
ResponderExcluirBeijos minha bela.
Adoro você.
Jota Pê! Algumas pessoas vivem eternamente dentro de nós, e se nesse lugar estão é porque vivem em cada gesto, em cada riso, em cada movimento nosso!
ExcluirSempre vou sentir saudades suas, sempre!
Beijos, querido!
;)
Um poema vigoroso, Boca. Aparentemente simples mas cheio de simbologias.
ResponderExcluirBeijo
Obrigada, Sylvia, é verdade, ele têm mesmo simbologias.
ExcluirBeijo!
;)
Parabéns!
ResponderExcluirFicou muito bem!
Bjsss
Obrigada, Calado!
ExcluirBeijo!
;)
Venho desejar uma excelente semana...
ResponderExcluirBj
Obrigada, Blue, igualmente!
ExcluirBeijo!
;)
Lindo - Uma facada!
ResponderExcluirBeijo
Obrigada, Tatiana!
ExcluirBeijo!
;)
ResponderExcluirBom dia, Canto da Boca
O mote representado pelos versos de João Cabral Neto leva-nos ao fundo de nós e pomo-nos a interrogar-nos: o que será esta ausência? Ausência de sentimentos ou vazio na alma pela desilusão da vida, esse vazio de que falas, quando ela não se cumpre?
Talvez de tudo um pouco, como se vê no teu poema tão fino, tão elegante, abordando uma palavra, um tema difícil e, contudo, não deixas de focar todos os momentos em que uma faca pode fazer estragos no fio, no pavio, no pulso... e, ainda, faca falo.
Magistral esta tua abordagem, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Talvez de todas as ausências a mais dorida, seja a em que nos ausentamos de nós próprios, quando desistimos e ou abrimos mão dos nossos sonhos, dos nossos desejos, e de tudo aquilo que faz com que sejamos nós, as nossas particularidades, ante um mundo tão vazio. Suas indagações são sempre pertinentes, Olinda, querida.
ExcluirE repare bem como sou atrevida, usar uma palavra com tantos sentidos, e ainda por cima, trazer João Cabral, o meu poeta-mor de todos os poetas, para meu acanhado poema. Mas que bom que gostaste, isso me alegra, por demais!
Um beijão!
;)
Poema forte. Corta como uma faca
ResponderExcluirBjs
Existem tantas facas a nos sangrarem... Essa é só mais uma, rs
ExcluirBeijinhos!
:)
Faca que cega e emudece
ResponderExcluirFaca que sangra, quando chora
Faca que cansa, quando adormece
Faca que manha a deusa aurora
Faca de Val
Que de tão intensa
Gera tantas outras facas
Faça
Faca
A diferença é o cedilha nesta santa ortografia
Cedilha que acarinha
Abençoa
E amacia
Cedilha de ação, de abraço e de cansaço
Cedilha-louvação
Para tão estonteante FACA.
Beijão, Val.
Magna
Faca que cega e emudece
ResponderExcluirFaca que sangra, quando chora
Faca que cansa, quando adormece
Faca que manha a deusa aurora
Faca de Val
Que de tão intensa
Gera tantas outras facas
Faça
Faca
A diferença é o cedilha nesta santa ortografia
Cedilha que acarinha
Abençoa
E amacia
Cedilha de ação, de abraço e de cansaço
Cedilha-louvação
Para tão estonteante FACA.
Beijão, Val.
Magna
É um espetáculo esse exercício de intertextualidade, momento em que cada um põe a sua verve criativa e a sua forma de dar significado e sentido a este simbólico objeto.
ResponderExcluirBelo, Magna e muito obrigada pela presença querida!
Beijão de saudades!
P.S.
Concordo com o e-mail, vamos convocar a Fabi (que sei vai querer também).
Val, estou atrasada em tudo ou quase tudo. Só agora ouvi o Filipe declamar. Misericórdia. Diz para ele vir para um dos nossos saraus...aqueles que estão difíceis de acontecer de novo, mas vão.
ResponderExcluirBeijos.
Magna