domingo, 14 de julho de 2013

um eu

"[...] no encanto do crepúsculo metropolitano,
 sentia-me perseguido pela solidão e 
pressentia que o mesmo se passava com os outros[...]"
F. Scott Fitzgerald in The Great Gatsby. p. 63

imagem: emíliano di cavalcanti

nesse preciso momento
em que existes
- ainda que eu hesite -
precioso em sentido e sentimento

trago os olhos carregados de estrelas
pés recobertos de nuvens
não existe na boca
nenhum travo de saudade

ou um:

eu-solidão
eu-desolação
eu-a-sós
somente nós

sou
bandeira desfraldada
entregue ao sentimento
tu - eterno -
em mim
presente nessa essência
que não tem fim

------

Um dos privilégios de se ter um amigo poeta, com a grandeza do Filipe Campos Melo é ser mimada com  poesias da sua lavra, reparem nessa beleza:

O "Eu" é inato sortilégio
que só é pleno no "Outro"

"eu-solidão
eu-desolação
eu-a-sós
somente nós"

Eis o fundamento de todas as infindas demandas
a razão de todos os circulares caminhos

Eis o verso-Nós


------

recife - IX - IV - MMXII

madeleine peyroux, j'ai deux amours




18 comentários:

  1. Respostas
    1. Tantos. Nossas multidões, pois sim!

      Obrigada, Pérola!

      Beijo!

      ;)))

      Excluir
  2. Uma pluralidade de eus, presente em nós, lindo, e a música também.

    Beijos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nós e as nossas multiplicidades...

      Obrigada, Sylvia!

      Beijos!

      ;))

      Excluir
  3. O "Eu" é inato sortilégio
    que só é pleno no "Outro"

    "eu-solidão
    eu-desolação
    eu-a-sós
    somente nós"

    Eis o fundamento de todas as infindas demandas
    a razão de todos os circulares caminhos

    Eis o verso-Nós

    Bjo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Entretanto parece que ainda não entendemos isso: só existimos plenamente com o outro! Como sempre, Filipe, mergulhas no mais profundo do poema!

      Obrigada, beijos!

      ;)))

      Excluir
  4. "eu-solidão
    eu-desolação
    eu-a-sós
    somente nós"

    Esta solidão que só se preenche com alguém sem o qual tudo é desolação.
    O vazio, a angústia, a eterna saudade na falta do que tudo preenche.
    O cúmulo da alegria na presença do que era ausente.

    Sentido.
    Brutal.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Uma leitura fabulosa, a sua, Armando!

      Vivemos quase sempre essa ambiguidade, ora sim; ora não; ora com; ora sem...

      Obrigada por estares aqui!

      ;))

      Excluir
  5. Precioso momento de poesia carregada de sentido e sentimentos e algumas dúvidas(?)e certezas nas afirmações,belo Val.
    Beijo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, Carlos! Confesso que fujo das certezas (e de pessoas carregadas delas). Sou uma pessoa cingida de dúvidas...rs. Mas como bem disseste, sentimentos não me faltam!

      Beijo!

      ;))

      Excluir
  6. No preciso momento em que tu existes

    Excelente

    Bjs tantos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada! Penso ser uma preciosidade nos dias de hoje, uma existência dessas, ainda que de passagem, não é, Eufrázio??

      Beijos tantos!

      ;))

      Excluir
  7. Excelentes poesias. Não era de esperar outra coisa neste magnífico blog.

    ResponderExcluir
  8. uma saudade e uma solidão sempre presentes

    bj

    ResponderExcluir

Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...