terça-feira, 13 de setembro de 2011

"porta do coração"


do futuro nada sei
mas (d)o passado
tenho-o de cor

está escrito aqui
em cada linha do meu corpo
guardado nos desvãos

-no sótão da memória -

nos gestos fingidos
desde aquela noite
em que tua boca escarrou o veneno:

amo-te!
disseste-me intempestivamente
e saíste porta afora

- sequer olhaste para trás -

levando a minha paz
e a chave do meu peito
que nunca mais se abriu!

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Belém, XVII - VII - MMXI

E o Benno faz uma belíssima releitura do meu poema, obrigada!


nós somos
um reservatório ambulante
de lembranças

(feita de de desencontros
esperares
e esperanças)

e o futuro nada mais é
do que uma memória
que ainda está a ser construída

(uma cidade qualquer
uma estrada sem fim
ou uma ponte destruída)

não tem como não ser o que se foi um dia
não há como não ver como ontem a luz do amanhecer
ou deixar a sombra da noite as nossas lembranças obscurecer

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Ricardo Ribeiro, Porta do Coração - Carlos Conde.

22 comentários:

  1. Uma declaração de amor pode ser o início de um tormento, se intempestiva. Quem a faz sequer imagina o furacão que provoca no outro coração, a ansiedade que desperta... e frustração de uma desilusão.
    Lindo seu poema!

    Bjs.

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  2. A 'porta do coração' tanto dá para sair como para entar...e o sótão da memória deixa sempre interstícios por onde espreitam as desilusões, os desamores, mas também os afectos um dia sentidos.E aí tudo pode acontecer, até uma entrada intempestiva mas...sumamente desejada.

    A sua escrita me encanta!

    Beijo

    Olinda

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  3. Há memórias que nos acompanham sempre...
    Um poema dito com o coração nas mãos!

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  4. nós somos
    um reservatório ambulante
    de lembranças

    (feita de de desencontros
    esperares
    e esperanças)

    e o futuro nada mais é
    do que uma memória
    que ainda está a ser construída

    (uma cidade qualquer
    uma estrada sem fim
    ou uma ponte destruída)

    não tem como não ser o que se foi um dia
    não há como não ver como ontem a luz do amanhecer
    ou deixar a sombra da noite as nossas lembranças obscurecer

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  5. um poema belissimo na sua tristeza.

    obrigada, por o compartilhar.

    um beij

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  6. obrigada pela visita.

    volte sempre!

    um abraço

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  7. Verdade
    Invadem nosso coração
    Nem pedem licença
    E saem para beber
    Um chop na esquina...

    Você e o Benno (vou visitá-lo agora), que terno dueto...beijos, querida!

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  8. é uma grande honra para mim, eu que agradeço... um poema tao bonito o seu que me sairam esses versos assim de repente e naturalmente, se eu tive mérito é porque o mérito era todo seu :) beijo

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  9. O mérito é nosso, Benno, e não se fala mais nisso, certo? Eu adoro o exercício da intertextualidade!
    Risos.

    Beijo!

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  10. Já fui até lá, moça dos lábios carmim! Duas vezes...muito bom, viu? Aliás, para interagir contigo não poderia ser diferente.
    Mais beijinhos...

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  11. Ah, meu Deus, quantas vezes perdemos nossa chave e outro a encontrá-la. É sempre o outro. Parece até que a fechadura só se abre por fora.
    Linda imagem que teu poema traz, Boca. Linda! Linda e doída e comum e verdadeira.
    Dia desses talvez publique algo que está lá quietinho no rascunho do Sementeiras. Está lá quietinho, só recebendo adubo.
    Beijão bem grandão.
    Magna

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  12. ... quando as palavras cantam

    no sentido do voo

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  13. Contrastes que marcam e, por isso, persistem, fechados, no peito!
    Beijinho
    Quicas

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  14. É sempre refrescante visitar o seu blog!

    Bjsss

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  15. Que a Paz e o Amor estejam sempre presente em sua vida Sinta o que você diz...
    Com carinho! Diz o que você pensa. Com esperança! Pense no que você faz.
    com fé! Faça o que você deve fazer. Com muito AMOR. Sabe..
    Eu ganho força,coragem e confiança E me sinto Feliz Através de cada mensagem que
    VOCÊ me envia Continue me abençoando com seu carinho OBRIGADA DE CORAÇÃO
    Beijinhos com muito carinho.
    Evanir

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  16. Todas as portas dão para sair... mas também para entrar.
    O teu poema é magnífico. Gostei imenso.
    Também gostei do poema do Benno, que não conhecia. É um bom poeta, pela amostra...
    Querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijos.

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  17. Belíssimo poema. Uma só entrada, com muitas saídas possíveis

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  18. O passado que etá escrito em cada linha do corpo... As portas do coração por onde permitimos a presença. Depois... o peito dolorido, chaveado.

    Parabéns, amiga, pelo poema. É tão suave... mas grita tão forte. A releitura de Benno é linda. Beijo para os dois!

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  19. O jeito, o único jeito, é não deixar fechar. Então, fica assim, deixa-a entreaberta, porque atrás da porta, o amor é covarde.

    Dimas Lins

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  20. "... a chave de meu peito que nunca mais
    se abriu...

    momentos...momentos... fecham-se...

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Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

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Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...