sábado, 16 de abril de 2011

Carta Aberta às Mães e Pais

Carta Aberta às Mães e Pais


Diante de uma semana tão complicada e difícil, um grupo de mães escreveu uma carta. Não temos a intenção ou pretensão de saber ou entender ou resolver a gravidade de tudo o que aconteceu. A dor nos levou a pensar em plantar uma semente de amor. Porque só o amor salva e precisamos ter uma fé inabalável nesta verdade absoluta.

O presente, um dia foi uma criança.

As crianças são o futuro.

Carta Aberta às Mães e Pais

Aproveitamos o sentimento de indignação e tristeza que nos abalou nos últimos dias para convoca-los para uma mobilização pelo futuro das nossas crianças. A tragédia absurda ocorrida na escola em Realengo (Rio de Janeiro) é resultado de uma estrutura complexa que tem regido nossa vida em sociedade. O problema vai muito além de um sujeito qualquer decidir invadir uma escola e atirar em crianças. Armas não nascem em árvores.

A coisa está feia: choramos por essas crianças, mas não podemos nos deixar abater pelo medo, nem nos submeter aos valores deturpados que têm regido nossa sociedade propiciando esse tipo de crime. Não vamos apenas chorar e reclamar: vamos assumir nossa responsabilidade, refletir, trocar ideias e compartilhar planos de ação por um futuro melhor. Então, mães e pais, como realizar uma revolução que seja capaz de mudar esses valores sociais inadequados?

Vamos agir, fazer barulho, promover mudanças!Acreditamos na mudança a longo prazo. Precisamos começar a investir nas novas gerações: a esperança está na infância. Vamos fazer nossa parte: ensinar nossos filhos pra que façam a deles.

Se desejamos alcançar uma paz real no mundo,

temos de começar pelas crianças. Gandhi

O que estamos fazendo com a infância de nossas crianças?

Com frequência pais e mães passam o dia longe dos filhos porque precisam trabalhar para manter a dinâmica do consumo desenfreado. Terceirizam os cuidados e a educação deles a pessoas cujos valores pessoais pensam conhecer e que não são os valores familiares. Acabamos dedicando pouco tempo de qualidade, quando eles mais precisam da convivência familiar. Assim, como é possível orientar, entender, detectar e reverter tanta influência externa a que estão expostos na nossa longa ausência? Estamos educando ou estamos nos enganando?

O que vemos hoje são crianças massacradas e hiperestimuladas a serem adultos competitivos desde a pré-escola. Estão constantemente expostos à padronização, competição, preconceito, discriminação, humilhação, bullying, violência, erotização precoce, consumo desenfreado, culto ao corpo, etc.

O estímulo ao consumo desenfreado é uma das maiores causas da insatisfação compulsiva de nossa sociedade e de tantos casos de depressão e episódios de violência. Daí o desejo de consumo ser a maior causa de crime entre jovens. O ter superou o ser. Isso porque a aparência é mais importante do que o caráter. Precisamos ensinar nossos filhos que a felicidade não está no que possuímos, mas no que somos. Afinal, somos o exemplo e eles repetem tudo o que fazemos e o modo como nos comportamos. E o que ensinamos a nossos filhos sobre o consumo? Como nos comportamos como consumidores? Onde levamos nossos filhos para passear com mais frequência? Em shoppings?

Quanto tempo nossos filhos passam na frente da TV? 10 desenhos por dia são 5 horas em frente à TV sentados, sem se movimentar, sem se exercitar, sendo bombardeados por mensagens nem sempre educativas e por publicidade mentirosa que incentiva o consumo desde cedo, inclusive de alimentos nada saudáveis. Mais tempo do que passam na escola ou mesmo conosco que somos seus pais!

Porque os brinquedos voltados para os meninos são geralmente incentivadores do comportamento violento como armas, guerras, monstros, luta? A masculinidade devia ser representada pela violência? Será que isso não contribui para a banalização da violência desde a infância? Quando o atirador entrou na escola com armas em punho, as crianças acharam que ele estava brincando.

Nós cidadãos precisamos apoiar ações em que acreditamos e cobrar do Estado sua implementação, como o controle de armas, segurança nas escolas, mudança na legislação penal, etc. Mas acima de qualquer coisa precisamos de pessoas melhores. Isso inclui educação formal e apoio emocional desde a infância. É hora de pensar nos filhos que queremos deixar para o mundo, para que eles possam começar a vida fazendo seu melhor. Criança precisa brincar para se desenvolver de forma sadia. É na brincadeira que elas se descobrem como indivíduos e aprendem a se relacionar com o mundo.

Nós pais precisamos dedicar mais tempo de convivência com nossos filhos e estar atentos aos sinais que mostram se estão indo bem ou não. Colocamos os filhos no mundo e somos responsáveis por eles! Eles precisam se sentir amados e amparados. Vamos orientá-los para que eles sejam médicos por amor não por status, que sejam políticos para melhorar a sociedade não por poder, funcionários públicos por competência e não pela estabilidade, juízes justos, advogados e jornalistas comprometidos com a verdade e a ética, enfim!

Precisamos cobrar mais responsabilidade das escolas que precisam se preocupar mais em educar de verdade e para um futuro de paz. Chega de escolas que tratam alunos como clientes.

Não temos mais tempo a perder. Ou todos nós, cedo ou tarde, faremos parte da estatística da violência. Convidamos todos a começar hoje. Sabemos que não é fácil. E alguma coisa nessa vida é?

Vamos olhar com mais atenção para nossos filhos, vamos ser pais mais presentes, vamos cobrar mais da sociedade que nos ajude a preparar crianças melhores para um mundo melhor!

Nossa proposta aqui é de união e ação para promover uma verdadeira mudança social. A mudança do medo para o AMOR, do individualismo para a FRATERNIDADE e para a EMPATIA, da violência para a GENTILEZA e a PAZ.

10 comentários:

  1. esse é o trágico mundo serial killer que estamos produzindo, o da mais-valia killer, da posse killer, do exibcionismo killer, das democracias plutocratas killer, do sistema econômico killer... é esse mundo killer que temos que mudar.
    beijos
    l

    ResponderExcluir
  2. É uma semente lançada que precisa vicejar. Uma carta que é um grito por mudanças... Sim, é hora de parar e pensar num mundo melhor para os pequenos e para todos - é hora de revolucionar para que haja mais amor. Beijo

    ResponderExcluir
  3. Por mais que queiramos não aceitamos o que aconteceu!
    Sim... vivemos num mundo em que não há lugar para "desperdiçar" tempo com a ternura e o carinho!
    Os pequenos crescem totalmente desamparados.

    ResponderExcluir
  4. Uma tragédia imprevisível e trágica.
    A carta é um grande incentivo aos pais e, ao mesmo tempo, uma chamada de atenção.
    Beijos, querida amiga.

    ResponderExcluir
  5. Não podemos cruzar os braços, temos que fazer alguma coisa.

    Beijo, Branca

    ResponderExcluir
  6. Minha amiga tão querida, e especial!

    Li essa carta, e me coloquei no lugar de cada mãe, de cada pai.
    Eu tenho uma única filha de 17 anos, e as bases e raizes que dei a ela foram diferentes.
    Quis que ela tivesse a infância que eu tive, mesmo a geração dela ser outra. Ensinei a brincar de amarelinha, andar descalça, ler muito livros infantis, qdo as amigas dela já tinham celular, etc. Eu não quis isso pra ela. Ela foi ter o primeiro celular dela com 16 anos, e pela minha preocupação de saber como ela estava, etc. TV, eu a ensinei a ver o canal futura sempre, a descobrir outras coisas.
    Eu conversei muito com ela desde pequenina sobre:
    Valores éticos e morais. O respeito pelos mais velhos, pelos professores, pelos vizinhos, por todos. As palavras mágicas eram: Muito obrigada, sim senhor (a), com licença, e por ai vai. Nunca ensinei a ela sobre religiões, porque pra mim, um dia, ela vai escolher a dela.
    Mas ensinei tudo sobre DEUS, a agradecer o dia, o prato de comida, a saúde, etc.
    Sempre trabalhei fora, me punia por isso, mas lembrava das raizes e bases que eu dava.
    Falei e ainda falo sobre drogas, amizades nocivas, sexo e tantas outras coisas. Falo TUDO com ela, sem rodeios. Fui mãe e pai ao mesmo tempo, e hoje vendo minha filha dentro de uma faculdade, trabalhando (que é tudo pra ela, ela sempre quis trabalhar), vendo o amor dela por mim, a cumplicidade, o respeito dela com todos, ouvir todos os elogios sobre ela que recebo, me emociona. São as bases. Eu dei. Acho que tem que ser assim, e muitas vezes não é. Um récem nascido hj tem celular, os jovens querem a modernidade, pais culpados que dão carro e prêmios aos filhos por passarem em vestibular, dinheiro fácil por se sentirem culpados, liberdade demaissssss...enfins...dá no que dá.
    Acho que tudo é criação. Eu criei a minha como fui criada e sou grata até hoje aos meus pais pela pessoa que me tranformei. Meu pai nunca nos deu o peixe, mas a vara pra pescar.
    Enfins, falta muita coisa hoje em muitos lares.
    Que Deus tenha misericórdia de nós, das familias.
    Lindooooooo texto. Um grito, um desabafo.
    Nós precisamos de PAZ.
    Um beijo amiga adorada, e me perdoe o tamanho do texto.

    ResponderExcluir
  7. Também aderi a nessa corrente de mães, mas penso que a maioria que precisa de ler essa carta, não acessa a internet, por isso a precisão de imprimir e distribuir, se possível ler em locais frequentados por pais. Boa semana! Beijus,

    ResponderExcluir
  8. Hoje sou um pai babado, vê porquê, rsrs

    Beijinhoooo!

    ResponderExcluir
  9. Faço parte da campanha.
    É doloroso o tempo que vivemos.
    Beijo!

    ResponderExcluir
  10. A Aninha poeta outro dia deixou no meu blog:
    "cabe a nós termos consciência do mundo que queremos deixar para nossos filhos. Ms, hj tudo está de fato invertido, agora cabe a seguinte indagação: que filhos deixaremos para o nosso mundo?"
    Concordo tanto com ela. Talvez esteja aqui uma das soluções:
    Vamos olhar com mais atenção para nossos filhos, vamos ser pais mais presentes, vamos cobrar mais da sociedade que nos ajude a preparar crianças melhores para um mundo melhor!

    Excelente iniciativa a de republicar esta carta, Boquita!
    Beijo, querida!

    ResponderExcluir

Prazer tê-lo/a no Canto, obrigada pela delicadeza de dispor do seu tempo lendo-me. Seja bem-vindo/a!

b17

Os cães não ladraram  os anjos adormeceram  a lua se escondeu. Dina Salústio em   Apanhar é ruim demais imagem colhida na internet, d...