segunda-feira, 25 de julho de 2011

barcos à deriva

(imagem recolhida na internet)

quebra de padrões
naquela tonalidade cinza
uma linguagem chumbo


bifurcações nos caminhos
à esquerda ou à direita?
interroga o tempo áspero


situações velhas
para resoluções novas
costumes puídos


contratos desvalidos
escritos na areia do mar
embates nocivos


delicadezas na gaveta da escrivaninha
desmemórias
histórias que se desfazem


dureza pincipal ponto
desdém
esse cais de porto


embarcações que não atracam
barcos à deriva
não chegam afinal na praia

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Para Ana Carolina

X - X - MMIX

Cais - Milton Nascimento/Ronaldo Bastos

34 comentários:

  1. É tão difícil e duro este nosso caminhar.
    E parece fácil escrever-se assim...!
    Palavras medidas com um conteúdo alegórico rico... olhares certos sobre a incerteza da vida!

    Beijos e obrigado.

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  2. Que bela postagem, amiga.
    E por que não temos mais vc por perto?
    Está na terrinha?

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  3. quando a delicadeza entram na gaveta da escrivaninha, deixam de estar à mão os gestos que se querem feitos de laços e aproximação.

    beijo e obrigado pela tua companhia.
    Kandandos... inté!

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  4. cada coisa que vai embora é que chegou um dia. o que vai pode voltar. cada vez que perdemos é que antes nos fora concedido. a fortuna empresta e toma. chegamos nus, estamos vestidos, quem emprestou a roupa?
    beijos

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  5. O verso "barcos à deriva não chegam afinal na praia" inevitavelmente levou-me a "Pedaços de mim" de Chico na passagem:

    Que a saudade dói como um barco
    Que aos poucos descreve um arco
    E evita atracar no cais

    Sentidos diferentes, sei bem, mas de semelhança poética.

    Belíssimo.

    Dimas Lins

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  6. Minha amiga,

    Tantas vezes me perguntei no meu barco:

    Pra direita, ou pra esquerda?

    As rotas da vida são tão complexas...

    Tanta saudade daqui!

    Um beijo dessa amiga que muito te admira!

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  7. Várias interrogações já algumas respostas? Várias encruzilhadas? E a forma como finaliza o poema é-me caro, visa o mar, e a falência chegada:

    embarcações que não atracam
    barcos à deriva
    não chegam afinal na praia

    Obrigada por me seguir.
    Reparei nos outros temas, por exemplo, "...'onde judas perdeu as botas' que voltarei para ler.Tem aqui outros blogues, '...Cabo verde' e 'O sítio d'Olinda' que me chamaram a atenção, vou também aderir a eles.

    Abraço

    Olinda

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  8. à deriva...

    num remar constante...

    sem vim à vista...

    sem chegada...

    só partida...

    abrazo serrano

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  9. Muitas vezes não temos muito a oferecer,
    ou repartir,mas enquanto existir palavras
    que tragam de volta a esperança perdida nas longas
    dificuldades da vida,
    elas valerão mais do que do qualquer dinheiro ou bem material,
    porque renovam a vontade de lutar
    até encontrar soluções para nossos problemas.
    Algumas palavras, nos momentos certos trazem de volta,
    a vontade de viver e tem o poder de transformar
    quem está quase desistindo.
    Um beijo no coração para sempre sua amiga,Evanir.
    Você é muito especial para mim..

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  10. Oi CB :D!

    Vim para te dizer que estou de volta! Foi um merecido descanso.

    Quanto às tuas belas palavras (às quais já nos habituaste): dôr e amor, amor e dôr; expressados de uma maneira delicada e fina.

    Beijosss

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  11. Nossa estrada é por vezes tão insegura que nosso caminhar se torna trémulo e vacilante.
    Que rumo tomar, em que cais aportar?
    Só nos resta pedir: "Meu Deus, me dá a mão"...
    Beijos, minha querida.

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  12. Tomar um rumo! Mas e os naufrágios!
    Gostei:)
    Bjo

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  13. Hoje fui conhecer um pouco mais de Olinda.


    Saudações mihas

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  14. Adorei o poema! Sempre passo por aqui e vou convidar vc a dar uma passada no meu blog: http://raissasofia.zip.net
    Abraços!

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  15. Obrigado pela visita ao meu Rochedo e pelo comentário. A praia dos Carneiros continua a ser, para mim, uma das mais belas praias do Brasil e a que visito com mais frequência, pois tenho familiares com casa lá. Está na lista das praias da minha vida. :-)

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  16. Se do cais
    Só vês
    O caos
    Talvez a vez
    De esquecer as naus
    E beber o mar
    Sempre ali
    A ir
    E a voltar...

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  17. Nossa,Boca!
    Temos sempre um barco à deriva. Às vezes cansa atracar no cais, às vezes cansa ter itinerário certo, se é que se tem...
    Teu barcos são cheios de vida. Como sempre, trouxeste palavras contundentes e comoventes.
    Beijos.
    Magna
    Obs.:lembrei de você na última publicação do Sementeiras. Ainda estás aqui? O Sarau não deu certo, como prevíamos. Quem sabe, na próxima.

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  18. pra que chegar?...

    ...se O bom da vida é o mar, é o mar e,
    amar...


    Beijos!

    Obrigada pelo carinho!

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  19. Um poema onde se sente a cuidada escolha de palavras que o transformam num poema belo e irrecusável

    Como por exemplo

    "quebra de padrões
    naquela tonalidade cinza
    uma linguagem chumbo
    (...)
    desmemórias
    histórias que se desfazem"

    Bjo.

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  20. Você traçou melancolia, mas as memórias não se desfazem. Se hoje o barco não chega no cais, já muito navegou e tem riquezas imensuráveis.
    Belíssimo poema.

    Bjs.

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  21. "navegar é preciso, viver não", lembra, manel? a vida não é uma coisinha fácil não, mas a única certeza que temos da vida é a sua transitoriedade, ainda bem!
    beijos e obrigada eu!

    ;)

    -------------------

    pois não é, Cris? quantas tempestades mais viveremos? ainda bem que "somos brasileiras e não desistimos nunca"! hehehe!

    beijinhos e obrigada pela presença tão carinhosa, sempre!

    ;)

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  22. camarada eurico, tou por cá, e podemos re-tomar aquele café, sem pressa e sem a urgência de um show do ney matogrosso. rs
    grata pelas palavras e pela presença!
    ;)

    -------

    guma, sem a delicadeza a vida realmente vira um chumbo!
    obrigada eu pela sua presença!

    um beijo!

    ;)

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  23. muito do que vai embora, benno, deixa um pouco em nós... de facto, estamos todos nus, e o rei também!

    beijo e obrigada pela companhia e o carinho!

    ;)

    ------------------
    dimas, sim, a saudade de tudo que foi bom um dia e não existe mais, só na memória, ainda...
    bem lembrado a música e o sentido.

    obrigada pela presença, é uma honra!

    ;)

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  24. pois! tenho um amigo sil, que diz que "a vida é bela, nós é q f*** ela"! se ele tem razão ou não, não sei, o que sei é que às vezes mais do que preciso, navegar é dolorido...

    um beijinho, e sempre fico muito, muito feliz contigo aqui. carinho, amiga!

    ;)

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    olinda, que honra, ter-te no Canto! a casa é sua, entre, sente, fica à vontade! um café, um chá, um suco, uma água de coco?

    ;))))

    beijo!

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  25. um remar constante, mixtu, que apenas na hora de um vento bom, calmo, relaxa-se!

    obrigada pela presença, prazer te ter aqui no Canto!

    abraço praiano!

    ;)

    --------

    evanir, um beijo e um agradecimento pela presença, volte sempre, prazer!

    ;)

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  26. max, você aqui é sinônimo de qualidade! obrigada, viu? por tudo!

    um beijinho e ótimo retorno!

    ;)

    ---------------
    veja que encruzilhada, baby? só Deus para nos guiar!
    um beijo grande e obrigada pela presença sempre carinhosa, doce e amiga!

    ;)

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  27. um ciclo e muitas marés... que a embarcação não se quebre ao meio, eufrázio...

    obrigada pela presença e pela observação!

    ;)

    ----------------

    os naufrágios e os náufragos, álvaro, o que serão deles??

    grata pela presença, e um beijinho!

    ;)

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  28. que olinda lhe seja encantadora, calado!

    um beijo e obrigada pela companhia!

    ;)

    ---------------

    raíssa, obrigada pela companhia, já estou lá no seu espaço!

    beijinhos!

    ;)

    ResponderExcluir
  29. carlos, quem agradece sou eu: obrigada!

    a praia dos carneiros é o meu paraíso!

    ;)

    --------

    eu vivo cheia de mar e marés, jorge! salve!
    obrigada pelas palavras, sempre me vejo em seu espelho!

    ;)

    ResponderExcluir
  30. a vida quase sempre me parece uma nau capitaneada por ninguém, magna! sim, sim, estou na terrinha e ficarei feliz em participar dos saraus, comunique-me, por favor!

    um beijo e obrigada pela presença!

    ;)

    -------------
    ô balanço bom, né lou? esse ir e vir... devir... ficar, partir...

    um beijinho e grata pela presença!

    ;)

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  31. filipe, bem se vê o seu apurado senso de leitor! obrigada por estares aqui, já fui algumas vezes aos seus blogues, mas estou me preparando para poder inferir...
    um beijo e muito obrigada pela presença sempre tão observadora!

    ;)

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    marilene captaste a essência do sentimento exposto no poema, apesar da quebras de padrões, as memórias são as amarras do braco...
    obrigada pela presença e pela sensibilidade. um beijinho!!

    ;)

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  32. Barco que não atraca, como o de Guimarães Rosa da "Terceira margem do rio", é sinal de solidão. Mas há de se convir que a beleza está na travessia, no caminho; não na chegada. Te deixo um poema de Paulo Leminski: "Calma coração/ainda não foi agora/A confusão prossegue/sonhos afora/Calma calma/Logo mais a gente goza/Perto do osso/a carne é mais gostosa".
    Beijo!

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  33. Josias! Tu, o Rosa e o Leminski, assim em dose tripla eu nao aguento!
    Deixa eu fazer uma confissão: eu curto a solidão, a que eu delimito. A beleza esta´em nossos olhos - assim mesmo como Exupéry define -, seja na travessia, na chegada, na partida, na companhia... Toda a beleza está para quem deseja enxergar, sabes bem dizer tudo...

    Um beijão, que feliz eu fico contigo aqui!

    ;)

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