sábado, 9 de maio de 2009

Âmbar

imagem colhida da net

Vístula, Oder, Neva e Narva
aqui desaguam
dessa protuberância
e rasa profundidade

faço-me um Báltico
de onde um dia emergi
de extensão salobra
à doçura sucumbi

quando desprendi-me de mim
em teu escudo cristalino
vi minha face
que o vento em ondulação desenhou

como o ouro e a prata
em plena fusão
polimerização
me aqueces e me queima

insolubilidade e contradição
na terra azul
variação
princípio de tudo

duas palavras
entrega e capitulação
vulcânica temperatura
transformação

uma duas dez mil vezes
reformulação
da terra
e as montanhas do mundo

Andes Alpes Himalaia
e as escalas do tempo
fossilização
fluídica exudação

e quando tu teso
retém-te
em gotas de stalactites
sou tua Tabula Peutingeriana

estrada e segurança
translúcidos
cheios de pujança
és: minha rota do âmbar!


E queimem-se, incendeiem-se, apaixonem-se, vivam a intensidade dos sentimentos. Trago obviamente, a Bethania, com a sua voz e a sua interpretação que dispensa qualquer comentário, o Âmbar, da Adriana Calcanhoto:

Tá tudo aceso em mim/ Tá tudo assim tão claro/ Tá tudo brilhando em mim/ Tudo ligado/ Como se eu fosse um morro iluminado/ Por um âmbar elétrico [...]/ Aqui do outro lado/ Tudo plugado/ Tudo me ardendo/ Tá tudo assim queimando em mim/ Como salva de fogos/ Desde que sim eu vim/ Morar nos seus olhos...



14 comentários:

  1. Que perfeito isso!
    Preciso passar uns dias aqui pra realmente ler.

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  2. Maravilha de post, adorei demais menina você vai longe.

    Um abração,
    Ricardo Sérgio

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  3. Adorei o texto, demais voc~e vai longe menina.

    Um abração,
    RS

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  4. Que belezura!!!
    Ficou tudo muito bonito. Música, poema, tudo!

    Abraço carinhoso.

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  5. salve, que belo poema, porque tem/detém, sem deter, o que em lingüistica gerativa, chamamos de recursividade, que é a capacidade que temos de produzir o infinito de combinações com o mínimo de sons, no caso da linguagem falada/escrita... pois bem, percebo essa recursividade poética em sua poesia...a isso também chamamos de estilo.
    te convido a uma visita,
    b
    luis de la mancha.

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  6. salve, que seu âmbar crítico-interpretativo não precisa de savoir-faire de especialistas; é independente, cheio de autonomia e de heteronomias, tudo ao mesmo tempo agora; autonomia porque é próprio seu. próprio em termos de tecido de outros próprios, dos quais seu próprio apropriou-se e estilou-se,mas também heteronônimo, porque a autonomia não é nada sem a visada de e para a alteridade, para o outro, o que podemos chamar de imaginação utópica, q tem também em sua poesia...
    bom te conhecer
    b
    luis de la mancha.

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  7. Ouvi Betânia, lendo seu texto.
    E o âmbar, essa resina fóssil, que nos adorna a vida exterior, aqui...ele "queima".
    E na metamorfose pela qual o "âmbar" passa está a vibração do seu ser, em contato com o outro que a "retém em gotas de stalactites".
    Dá prá assistir à evolução das eras geológicas que explodem no enlace vibrátil.
    É um hino de glória a um encontro de pujança.
    Um canto de himeneu.
    Um louvor ao ritual que percorreu e ensinou a "rota do âmbar".
    Poema vulcânico! rs
    Beijos.

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  8. Oi,
    a partir de Maria Maria descobri o seu Porto seguro.
    Uma primeira curiosdade: você é caboverdiana, por acaso?
    De qualquer modo,
    preciso ver com calma as suas postagens.
    Voltarei
    Sim, voltarei.

    Abraços.

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  9. Realmente que tudo brilhe em você para sempre.
    Port de sonhos, também de caçador e observador perspicaz.
    uma boa semana.
    tenho novidades.
    beijossssssssssss

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  10. Obrigada pela visita a nossa casa!!!
    A sua, também é muito confortável!
    Gosto desse pensar questionativo, instigante e solitário.
    Um abraço,

    Maria Maria

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  11. Olá Canto da Boca,

    Que imagem poderosa: faz lembrar a força da procriação.

    Quanto ao poema: yah, está de acordo com a imagem...erotismo, sensualidade, paixão, orgasmo...

    "duas palavras/ entrega e capitulação/ vulcânica temperatura/ transformação" - assim vejo a união de dois corpos que se transformam num só.

    Amei este post..vai tão de encontro com a altura do ano! Invoca paixão e sexo: forças da criação (sob as suas várias formas)!

    Beijão!!

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  12. Boquita, querida minha! Que om te ver de volta ao sacro e profano!
    Que poema, menina! Não vou dar uma de critica literária - até pq nada entendo. Mas me curvo às imagens belissimas aqui criadas! Com uma certa inveja, diga-se de passagem! rs...
    Que seja sempre cor de âmbar e feito de sucumbências o teu amor, mocinha!
    Beijão

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