quarta-feira, 9 de maio de 2007

Um cenário de um poema do Drummond...



...E assim era o cenário: mar aberto até onde a vista se perdia, um navio iluminado se movimentava, deslizava pelo mar, como se fosse um "sapato" desfilando em terra firme, numa passarela...Lá em cima estrelas de todos os tamanhos, piscavam, brilhantes...E a lua como se fosse proposital, no lado oposto....Quase envergonhada, discreta... E eles lá... Sentados na areia, despretensiosos, sem pressa, sem obrigações, sem prazo estabelecido, sem papo prévio...Apenas com a vontade de lá estarem...Observando esse cenário prosaico, (in)comum, e dentro dele ficarem...Um cenário de um poema de Drummond...Uma estrela cadente brindou-lhes numa queda inesperada, possibilitando-lhes desejos: beijo roubado, envergonhado, inesperado(?)...
Outros casais também partilharam da mesma idéia, ora vejam só, caminhar de mãos dadas na areia da praia, com a claridade exata, a luz da lua e das estrelas, as lâmpadas de mercúrio não alteravam a beleza da noite; as ondas em seu vai-e-vem, esparramando-se calmas na areia, assim como calmos estavam todos naquele contexto. Simples existir não? Mas a poesia cabe na palma da mão, cabe num exíguo espaço de tempo, cabe na retina, na alma, no coração...
Uma música pra brindar esse encontro: Eliana Printes, “Presente”. A vida é mesmo um presente. E isso ainda diz pouco, pois o mestre Wisnik também lá estava com seu "Laser" a desenhar brilhantes, deixando os olhos de ambos, ainda mais brilhantes... Levantar do sonho, bater a areia da roupa, da sandália, enlaçar sem vergonha os dedos, e sair...Como chegaram, sem pressa, sem pretensão, sem obrigação, só com a vontade de novamente estarem, em breve.
A massagem tímida à luz do poste, o reboque de cachorro-quente, como anteparo, vivendo seu momento biombo... E dentro do carro Hilda Hilst a esperava, sequiosa para mostrar-se, e ser degustada, com o vagar dos exigentes, que saboreia cada fonema, cada vírgula, cada letra, e recria o gasto código léxico, transformando-o no inaudito, no indefectível, no ainda por dizer e viver...
Assim é a vida: inesperada!
E o cheiro impregnado no olfato da alma...
Meu beijo para breve.

10 comentários:

  1. Ela vê poesia em tudo. Figurinha rara, não me deixa completar o álbum. Saudade de você mulherrrrr. :)

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  2. Ainda bem que a vida é inesperada. Melhor ainda que o beijo é para breve. Fantástico que eu possa, com toda a certeza que tenho, poder te chamar de irmã. Minha irmã escolhida. Linda. Beijos, não para breve: para já. E muitos.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Depois não quer que eu recorra à minha arma secreta...Vou acabar manchando a maquiagem...A liberdade de escolha é nosso maior tesouro...Extraordinária essa condição minha e tua. Te amo também...Um tantão que nem sei medir...Tens fita métrica aí? 0=)))))) Smack!!!!!

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  5. Ficou invertido... rs Mas sem mais explicações! Estou morrendo de sono..rs Fui...

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  6. [Lendo aqui, de cabeça pra baixo...0=)) Smack!]

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  7. Mas há esperas e esperas.. rs Há quem aguarde o almoço... namorando o cheiro. Há quem espere a sinaleira abrir... olhando o verde no mar. Há quem aguarde o prometido... sorrindo ao calendário. Há quem espere carona... sem ter um destino. Há quem aguarde o nascer... dia após dia.. gerando vida. Há quem aguarde na fila... sem ficar parado. Há quem espere a espera... de sempre poder encontrar. Eu deixo esta mensagem... porque já há muitos que esperam um amigo... sem o ter feito. Beijos!

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  8. Estamos sempre "esperando, esperando, esperando o trem"...Há também os impacientes, e vão em busca do que não conseguem simplesmente esperar...Colocar o sobretudo da coragem, às vezes faz uma diferença absurda, né? 0=)) Smack!!

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  9. Mais que um comentário... algo que pôs-me a pensar: a espera... que de algumas coisas provoca aflição, expectativa, ansiedade, vazio... Eternos companheiros, pois estamos sempre a espera de tudo. A mercê do dito. Já a longo prazo, a espera pode trazer outros sentimentos... mais sólidos, substanciais... como a dor, a tristeza, a felicidade, o amor, o prazer. Há quem aguarde o ente querido voltar... mesmo depois de morto. Há quem espere pela mudança... acontecer por acaso. Há quem aguarde o ônibus... no terminal errado. Há quem espere ficar rico... com dinheiro caído do céu. Há quem aguarde aprender... com os ouvidos tampados. Há quem espere um amor... com o coração hermético. (continua)

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