Recaída... (Sabia que aconteceria)

Por tantas vezes andei só
Em longínquas avenidas com tantos sonhos despedaçados
A solidão na alma incrustada
E a pálida beleza escondida no andar soturno
Vertendo em sorrisos plácidos
Como a fugir do mundo...
Por tantas vezes andei só...
Construí castelos
Que o vento forte negro e brilhante destruiu no ar
Deixando em seu lastro o brilho fosco
A destruição
Aridez no peito
Inverno coração
Por tantas vezes andei só...
Contorcida na própria dor
Devastada por incandescentes chamas
Perpetuando na boca um rito de pavor
Céu escuro em denso negror
Noites sem astros
Pleno torpor...
Por tantas vezes andei só...
A sangrar em devaneios
Perdendo-me desavisada entre impuras curvas do nada
Amordaçada
Perdida em ilhas a buscar sem encontrar
O remanso que ousei sonhar
Em aflitos como eu
Por tantas vezes andei só...
Quando enfim me libertei
Soltei livre em pleno vôo
Larguei a semente do sonho
No solo manso cuidado
Relha em campos e prados
Para adornar primaveril
Um novo enleio outrora desejado
Numa noite de manso brilho
Sem esperar ao dar por mim
Ao fim da avenida
Quando não mais contava
Finalmente te encontrei...
Você o centro do meu Planeta...

Delícia de música que eu escutava e berrava a plenos pulmões: Telhados de Paris - Nei Lisboa.

"Venta... Ali se vê... Onde o arvoredo inventa um ballet... Enquanto invento aqui pra mim... Um silêncio sem fim... Deixando a rima assim... Sem mágoas, sem nada... Só uma janela em cruz... E uma paisagem tão comum... Telhados de ParisEm casas velhas, mudas... Em blocos que o engano fez aqui... Mas tem no outono uma luz... Que acaricia essa dureza cor de giz... Que mora ao lado e mais parece outro país... Que me estranha mas não sabe se é feliz... E não entende quando eu grito... [... ] Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi... Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti..."