quarta-feira, 9 de maio de 2007

Oca...


Sou um oco, infinito, sem eco. Aqui dentro do peito nem a lembrança mais doce do primeiro beijo de amor, permanece.
Sou prisioneira de uma dor que não fenece. Odeio-me assim tão nua, tão exposta, tão crua e tão sua.
Mentiras, quantas mentiras.
O homem é um animal que mente, profere as palavras sem sequer senti-las e destila-as como um veneno exterminador: da fé, da esperança, da alegria... Dos sonhos.
Com qual direito surge do fundo do pântano de um cruel coração, enganador e sagaz a liberdade escusa de falcatruas emocionais? Todo o meu enlutado ser, reúne sua ínfima força numa vã tentativa de esboçar seu asco e balbuciar um inútil protesto... Protesto! Protesto! Em meu nome e no de todos àqueles que fizeram faróis a iluminar caminhos escuros, a confiança depositada em outrem. Como ousam profanar o altar sagrado da renovação da vida? Como ousam? Por que se arvoram condutores de sentimentos? Por que brincam de anjos, quando verdadeiramente estão entranhados na couraça da mentira? Por quê??!! Por quê??!!
A verdade. Quando ela reinará de fato na dialética civilizada? Haverá um momento em que todos se sentarão à mesa e comungarão do mesmo banquete? Haverá alguma brecha na estressante agenda do dia-a-dia para olhar de frente à porta da verdade, e por ela passar sem medo?
Não acredito mais em potes de ouro no fim do arco-íris;
Não acredito mais em céus escarlates e poentes lilazes;
Não acredito mais na força do amor.
Todos os jasmins do meu canteiro imaginário murcharam.
Honestidade... Bah! É para àqueles que não tem mais saída e caminham trôpegos no fio da navalha.
Ceticismo, esse é o gosto que carrego na Boca.
Descrença na cor prata veste-me os seios;
Vergonha-cinza é a cor do sobretudo que me protege os ombros.
Dos olhos saltam cometas sem caudas e as estrelas já não brilham mais...
E do meu peito uma saudade louca da minha alegria de outrora, que enterrei em alguma curva da estrada.
Procuro por entre as persianas da janela, se há alguma fresta de luz por onde meus olhos possam seguir... Inútil só vejo trevas.
Sou prisioneira de sentimentos ímpares. Não sou sequer senhora de mim mesma, não sou senhora de nada, de coisa alguma. Sou só desalento.
Náufraga da ilusão. Sonhos bestiais circundaram-me à vida, procuro e não me acho, estou ausente de mim.
Te esperei tanto que nem sequer percebi que esperava por algo que nunca viria, nem vi a cor dessa espera.
E sei por fim, que nunca te encontrarei... Nunca!!!

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